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Política & Poder

Fora: exoneração de Milton Ribeiro é publicada

A troca deve ser oficializada até o final desta semana, logo depois os outros ministros que devem concorrer às próximas eleições

Geovanna Bispo

28/03/2022 17h01

Foto: Agência Brasil

Menos de uma hora após anunciar o pedido de demissão, a exoneração do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), em edição extra desta segunda-feira (28).

A carta de demissão foi enregue ao presidente Jair Bolsonaro (PL), após reunião. Na última semana, o ex-ministro se envolveu em um escândalo do “gabinete paralelo”.

No lugar de Ribeiro, a pasta deve ser assumida pelo “número dois” do ministério, Victor Godoy. A troca deve ser oficializada até o final desta semana, logo depois os outros ministros que devem concorrer às próximas eleições também deixarem os cargos.

De acordo com fontes, a carte entregue ao presidente foi redigida durante o fim de semana por um aliado de Bolsonaro e de pastores evangélicos. A expectativa inicial era que ele pedisse apenas licenciamento durante as investigações.

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Na última quinta-feira (24), em live, Bolsonaro disse confiar na honestidade do agora ex-ministro. “Se o Milton estivesse armando não teria colocado na agenda aberta ao público. O Milton, eu boto minha cara no fogo por ele. Estão fazendo uma covardia”, afirmou.

“Gabinete paralelo”

Na última semana, o jornal O Estado de S. Paulo denunciou o “gabinete paralelo” do Ministério da Educação, onde dois pastores evangélicos sem cargo oficial no governo lideravam um esquema.

De acordo com as investigações, Arilton Moura e Gilmar Santos cobrariam vantagens ilícitas de prefeitos para facilitar a liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Em gravação divulgada, Ribeiro diz que o favorecimento é um “pedido expresso” de Bolsonaro. “Minha prioridade é atender primeiro aos municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, disse.

Após a reportagem, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, autorizou a abertura de inquérito para investigar Ribeiro. Além desse, a Polícia Federal (PF) também abriu seu próprio inquérito, mas sem incluir o ex-ministro. Isso ocorreu, segundo a corporação, pois a apuração deve investigar apenas pessoas sem foro privilegiado.

Veja a na íntegra a carta de demissão de Milton Ribeiro:

Desde o dia 21 de março minha vida sofreu uma grande transformação. A partir de notícias veiculadas na mídia foram levantadas suspeitas acerca da conduta de pessoas que possuíam proximidade com o Ministro da Educação.

Tenho plena convicção que jamais realizei um único ato de gestão na minha pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o erário. As suspeitas de que uma pessoa, próxima a mim, poderia estar cometendo atos irregulares devem ser investigadas com profundidade.

Eu mesmo, quando tive conhecimento de denúncia acerca desta pessoa, em agosto de 2021, encaminhei expediente a CGU para que a Controladoria pudesse apurar a situação narrada em duas denúncias recebidas em meu gabinete. Mais recentemente, em _, solicitei a CGU que audite as liberações de recursos de obras do FNDE, para que não haja duvida sobre a lisura dos processos conduzidos bem como da ausência de poder decisório do ministro neste tipo de atividade.

Tenho três pilares que me guiam: Minha honra, minha família e meu país. Além disso tenho todo respeito e gratidão ao Presidente Bolsonaro, que me deu a oportunidade de ser Ministro da Educação do Brasil.

Assim sendo, e levando-se em consideração os aspectos já citados, decidi solicitar ao Presidente Bolsonaro a minha exoneração do cargo, com a finalidade de que não paire nenhuma incerteza sobre a minha conduta e a do Governo Federal, que vem transformando este país por meio do compromisso firme da luta contra a corrupção.

Não quero deixar uma objeção sequer quanto ao meu comportamento, que sempre se baseou em pilares inquebrantáveis de honra, família e pátria. Meu afastamento do cargo de Ministro, a partir da minha exoneração, visa também deixar claro que quero, mais que ninguém, uma investigação completa e longe de qualquer dúvida acerca de tentativas deste Ministro de Estado de interferir nas investigações.

Tomo esta iniciativa com o coração partido, de um inocente que quer mostrar a todo o custo a verdade das coisas, porém que sabe que a verdade requer tempo. Sei de minha responsabilidade política, que muito se difere da jurídica. Meu afastamento é única e exclusivamente decorrente de minha responsabilidade política, que exige de mim um senso de país maior que quaisquer sentimentos pessoais.

Assim sendo, não me despedirei, direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o Presidente Bolsonaro na sua difícil mas vitoriosa caminhada.

Brasil acima de tudo!!! Deus acima de todos!!!

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