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Política & Poder

Deputada Monica Seixas diz que denunciará colega por chamá-la de louca e tocar em seu nariz

“Meu adoecimento é político”, disse ela à Folha de S.Paulo, em sua primeira entrevista após retornar à Assembleia

FolhaPress

17/05/2022 22h53

Mônica Bergamo
São Paulo, SP

A deputada estadual Monica Seixas (PSOL) diz que vai denunciar o deputado Gilmaci Santos (Republicanos) à Comissão de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) por agressão.

Nesta terça-feira (17), durante a votação para a cassação do ex-deputado Arthur do Val (União Brasil), os dois parlamentares discutiram. Segundo Monica, Santos a chamou de louca e chegou a colocar o dedo no nariz dela.

“O Gilmaci se colocou na minha frente e começou a me chamar de louca com o dedo em riste, apontado para mim. Eu mandei ele abaixar o dedo, e ele tocou com o dedo no meu nariz”, afirma ela.

No ano passado, Monica Seixas ficou afastada por 120 dias da Alesp para cuidar de sua saúde mental.

“Meu adoecimento é político”, disse ela à Folha de S.Paulo, em sua primeira entrevista após retornar à Assembleia.

A confusão começou, diz a parlamentar, quando ela se posicionou contra uma fala proferida pelo deputado Douglas Garcia (Republicanos). “A gente estava encaminhando a matéria, que era a cassação do Arthur do Val, e ele disse que quem é contra a vida das mulheres é a Erica Malunguinho [PSOL] que defende o ingresso de mulheres trans nos esportes segundo a sua identidade de gênero, e eu interrompi a fala para dizer que ela era transfóbica.”

“É inadmissível que em um processo onde se discute o machismo proferido por um ex-deputado, presenciemos falas transfóbicas e agressões. O que assistimos hoje na Alesp reforça o cenário de violência política a qual as mulheres são submetidas no parlamento”, afirma Monica Seixas.

A equipe da parlamentar diz que também será registrado um boletim de ocorrência sobre o caso.

Procurado, o deputado Gilmaci Santos nega a acusação de agressão e que tenha tocado em sua colega.

Ele ainda afirma que abrirá uma queixa-crime contra Seixas.

“Ela é uma fanfarrona”, diz Santos à reportagem. “Se ela fizer isso, pelo amor de Deus, a única coisa que eu vou fazer contra ela é uma queixa-crime por calúnia e difamação. Nós temos imagens”, continua.

O parlamentar do Republicanos diz que a discussão foi iniciada depois de Seixas tentar impedir o discurso de Douglas Garcia.

“Nós estávamos ali em um debate acalorado. A deputada Isa Penna foi até a tribuna e falou o que bem quis. Todos nós ficamos quietos. Quando o Douglas Garcia, que é do nosso partido, foi falar, ela foi tentar interromper ele e falar um monte de coisa”, afirma Gilmaci Santos.

Ele ainda nega que tenha chamado a deputada do PSOL de louca repetidas vezes. “A gente coloca às vezes o dedo em riste. Isso é fato e acontece com as pessoas quando elas têm um debate. Eu coloquei o dedo em riste para ela e ela: ‘Não aponta o dedo para mim’. Eu falei: ‘Você é louca?’ Acabou a conversa ali”, afirma.

Arthur do Val foi cassado por unanimidade devido aos áudios nos quais ele diz, entre outras coisas, que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”.

Monica Seixas é a titular de um mandato coletivo chamado Bancada Ativista -ainda não reconhecido por lei, neste formato, o mandato é dividido entre codeputados, mas só uma pessoa é considerada detentora da cadeira enquanto as demais são, na prática, assessoras parlamentares.

Ela vai buscar a reeleição na Alesp novamente pelo formato de um mandato coletivo. No sábado (22), será lançada virtualmente a Campanha Pretas, da qual é porta-voz e que reúne outras seis lideranças femininas: Ana Laura Cardoso, Karina Correia, Leticia Siqueira das Chagas, Najara Costa, Rose Soares e Poliana Nascimento.

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