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Política & Poder

CPI: “A prisão é pedagógica”, afirma Calheiros

Randolfe afirmou que espera que essa prisão sirva para que todos os futuros depoentes repensem suas falas e possíveis mentiras

Geovanna Bispo

07/07/2021 18h41

Foto: Agência Brasil

O senador e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Renan Calheiros, afirmou que a prisão do ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, foi “pedagógica”. A acusação de falso testemunho é branda e afiançável. A fala foi feita durante entrevista a Globo News.

No mesmo sentido de Calheiros, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, afirmou após a sessão que espera que essa prisão sirva para que todos os futuros depoentes repensem suas falas e possíveis mentiras.

Dias depôs à Comissão nesta quarta-feira (07) e, ao final da sessão, foi preso a pedido do presidente da mesa, Omar Aziz. “Chame a polícia do Senado. O senhor será detido pela presidência da CPI”, afirmou Aziz. Roberto Dias foi o nome citado pelo representante da Davati Medical Suplly, Luis Paulo Dominghetti, como o servidor que pediu propina de U$ 1 por dose de vacina vencida. O pedido, segundo o representante, foi feito durante jantar, em fevereiro deste ano

Porém, a afirmativa de Dias foi desmentida por áudios que estavam no celular de Dominghetti e foram revelados pela CNN que mostram que o encontro não foi acidental, como ele havia dito. No dia 23 de fevereiro, dois dias antes do encontro, Dominghetti envia um áudio para “Rafael”, uma pessoa que não se sabe quem é, às 16h22. “Rafael, tudo bem? A compra vai acontecer, tá? Estamos na fase burocrática. Em off, pra você saber, quem vai assinar é o Dias mesmo, tá? Caiu no colo do Dias… e a gente já se falou, né? E quinta-feira a gente tem uma reunião para finalizar com o Ministério”, diz Dominghetti.

Dois dias depois, no dia 25, Dominghetti afirma, também em áudio, que a reunião com Dias já está marcada para “finalizar com o Ministério”. Ele ainda fala que quem irá assinar o contrato é o próprio Dias. Ainda no dia 25, Dominghetti recebe um áudio de um aliado, Odillon, o homem que supostamente o ajudou a fazer contato com militares e abrir as portas do Ministério. Na mensagem, Odillon pergunta sobre a reunião.

No dia 26, um dia após o encontro, Dominghetti volta a entrar em contato com “Rafael”, afirmando que havia acabado de sair do Ministério. Na agenda oficial, o encontro é registrado. “Rafael, acabei de sair aqui do Ministério. Tudo redondinho. O Dias vai ligar pro Cristiano (representante da Davati no Brasil) e conversar com o Herman (CEO da Davati) ainda hoje, tá. Ele tá afinando essa compra aí, várias reuniões certificando a turma de que a vacina já está à disposição do Brasil”, diz Dominguetti.  O policial finaliza o áudio dizendo que estão discutindo como seria o pagamento. “Se for da AstraZeneca, melhor ainda.”

Fala final

Após a decisão e comoção dos senadores, Aziz afirmou, em fala final, que não irá aceitar que a Comissão vire chacota. “Tenho tido respeito por todos os colegas senadores, mesmo tendo sido desrepeitado por eles. Estou ouvindo conversinhas, histórinhas, mas eu não vou aceitar que a CPI vire chacota. Nós temos 527 mil mortos e os ‘caras’ brincando de negociar vacina.”, afirmou Aziz exaltado. Após o pedido, senadores governistas se mostram indignados com a decisão e pediram para que fosse reconsiderado.

“Por que ele não teve esse empenho para comprar a Pfizer, que era de responsabilidade dele naquela época? Ele está preso por mentir. Se eu estiver tendo abuso de autoridade, que a advogada dele me processe, mas ele está preso pelo Brasil, porque nós estamos aqui pelo Brasil, por aqueles que morreram, pelas vítimas”, continuou Aziz.

“Nós não estamos aqui para brincar não, para ouvir histórinha de servidor que pediu propina. Isso que está acontecendo não irá acontecer mais. Todo depoente que estiver aqui e achar que pode brincar, terá o mesmo destino”, finalizou o presidente da mesa.

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