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Política & Poder

Coronel bolsonarista que preside a Ceagesp tenta expulsar sindicato, que fala em retaliação

Bolsonaro tem convocado militares “veteranos” para os protestos do dia 7 de setembro na Av. Paulista em apoio ao presidente

Redação Jornal de Brasília

26/08/2021 12h42

Imagem: Reprodução

Camila Mattoso
FolhaPress

Ex-comandante da Rota e atual diretor-presidente da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), o bolsonarista Ricardo Nascimento de Mello Araújo enviou carta solicitando que o sindicato dos trabalhadores de centrais de alimentos de São Paulo deixem a sua sede em 15 dias. Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, o coronel da reserva nomeado por Bolsonaro tem convocado militares “veteranos” para os protestos do dia 7 de setembro na Av. Paulista em apoio ao presidente.

A sede do Sindbast (Sindicato dos Empregados em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo) aluga o espaço de 250 metros quadrados na Ceagesp desde 1986. A direção do sindicato diz que a expulsão é uma retaliação por ter denunciado Mello aos Ministérios Públicos Estadual, Federal e do Trabalho por práticas antissindicais e de perseguição aos trabalhadores.

As denúncias do Sindbast afirmam que os trabalhadores da Ceagesp têm sido coagidos por policiais da ativa e da reserva que foram nomeados para trabalhar na companhia por Mello ou que são amigos dele. As representações enviadas aos ministérios públicos listam episódios do tipo. O presidente do Sindbast, Enilson Simões de Moura, o Alemão, por exemplo, diz já ter sido ameaçado de morte por policiais na Ceagesp. Ele registrou boletim de ocorrência. Em outra ocasião, três funcionários teriam sido coagidos a pedir demissão enquanto um dos aliados de Mello Araújo ameaçava expô-los como ladrões em um programa de televisão, segundo a representação.

“É um sindicato que tem muita ação. Ele quer expulsar o sindicato em 15 dias, ofereceu um mocozinho de 50 metros em que não cabem nem os livros do sindicato. Está fazendo isso por perseguição e vingança contra o sindicato, que agiu em defesa dos trabalhadores”, afirma Alemão. “Não vamos sair. Vai ter problema. Não vamos desocupar a sede. Estamos aqui há 30 anos. Não é um fascistinha qualquer que vai chegar e tirar a gente daqui”, completa.

“É uma linha ditatorial, uma forma que resgata os piores momentos do Brasil e do movimento sindical. Outro dia o deputado Vicentinho (PT-SP) visitou a Ceagesp e eles colocaram uma fita para proibir a entrada dele no sindicato.Tem a intenção de intimidar e tirar os poderes dos trabalhadores do maior entreposto da América Latina”, afirma Ricardo Patah, presidente da UGT, central sindical à qual o Sindbast está vinculado. Em nota, o Fórum das Centrais Sindicais repudiou o que chamaram de perseguição coronel Mello aos trabalhadores da Ceagesp e pediu “apoio de todas as entidades para que possamos manter nossas lutas em defesa dos trabalhadores e seus direitos, bem como pela democracia e cidadania.”

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