Menu
Política & Poder

Consultoria da Câmara aponta falhas do governo e do Congresso na elaboração do Orçamento

O Orçamento, que seguiu para sanção do presidente Bolsonaro, foi considerado inviável, de acordo com integrantes da Economia

Redação Jornal de Brasília

31/03/2021 13h21

Thiago Resende
Brasília, DF

A Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara concluiu que a série de problemas identificados no Orçamento de 2021, aprovado na semana passada, foram consequência de falhas do governo e do Congresso, inclusive de um drible do relator do projeto, senador Márcio Bittar (MDB-AC), que, segundo o estudo, não poderia ter cortado despesas sem que houvesse um estudo prévio.

O Orçamento, que seguiu para sanção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi considerado inviável, de acordo com integrantes do Ministério da Economia. O relatório da consultoria aponta que as projeções de despesas obrigatórias para 2021 estão subestimadas em R$ 32,7 bilhões.

Há, portanto, menos dinheiro que o necessário esperado para bancar aposentadorias e pensões, benefícios assistenciais a idosos e pessoas com deficiência (BPC), seguro-desemprego, abono salarial (espécie de 14º salário para trabalhadores com carteira assinada) e compensação da Previdência diante da prorrogação da desoneração da folha de pagamentos para alguns setores da economia.

Técnicos de Orçamento da Câmara apontam que o Ministério da Economia se omitiu nas discussões, e não enviou um pedido de ajuste no projeto de Orçamento em função do aumento do salário mínimo acima do esperado anteriormente. “Deve-se registrar que, mesmo tendo conhecimento da subestimativa inicial das despesas com benefícios previdenciários, não houve iniciativa do Executivo de envio de projeto de lei modificativo do PLOA [proposta de Orçamento] 2021”, ressalta o documento.

O relatório mostra que, na elaboração da lei orçamentária, tanto do Executivo como o Legislativo são responsáveis pelo correto dimensionamento da verba para despesas obrigatórias, com base em metodologia. O objetivo é que a União cumpra seus compromissos, pois são gastos que não podem ser adiados.

Na nota técnica, a consultoria aponta ainda uma manobra do relator para reduzir as projeções de despesas obrigatórias, abrindo espaço para atender a emendas parlamentares –quando deputados e senadores destinam recursos para obras e projetos na base eleitoral.

Apesar de alertas sobre a insuficiência de recursos para gastos obrigatórios, Bittar, após negociações políticas, cortou mais verba para essa área e tirou R$ 26,5 bilhões para aposentadorias, pensões, benefícios previdenciários, abono salarial e seguro-desemprego. Ele não apresentou modelos contábeis que justificassem a decisão e a diminuição desses recursos.

Segundo a nota da Câmara, a CMO (Comissão Mista de Orçamento) aprovou um parecer preliminar permitindo que o relator pudesse reduzir a previsão de despesas obrigatórias.

Isso “pode levar à conclusão de que o parecer preliminar legitima o relator-geral a promover quaisquer cancelamentos de despesas obrigatórias, o que contraria todos os princípios já citados (legalidade, segurança jurídica), as demais normas que regulam o processo orçamentário e a prática consolidada no Congresso Nacional em mais de três décadas”, alerta o documento.

Para os consultores, mesmo com o aval do parecer preliminar, vale a regra orçamentária de que há proibição do cancelamento de despesas obrigatórias, salvo comprovado erro na projeção.
Técnicos do Ministério da Economia ainda buscam uma solução para o impasse sobre o Orçamento de 2021.

Uma solução em estudo é convencer parlamentares e ministros da área de infraestrutura e obras concordem em desistir de alguns projetos (emendas), abrindo espaço no Orçamento para os gastos obrigatórios, que estão abaixo do patamar mínimo.

As informações são da Folhapress

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado