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Política & Poder

Bolsonaro e Lula apostam em papel de ‘primeiras-damas’ na campanha

Nos bastidores, aliados reconhecem que a noiva do ex-presidente traz certa jovialidade e virilidade para a imagem de Lula

Redação Jornal de Brasília

09/05/2022 16h01

Foto: EVARISTO SA / AFP

As campanhas dos dois pré-candidatos mais bem colocados na disputa ao Planalto têm usado a imagem das “primeiras-damas” para tentar conquistar o voto feminino em outubro. Enquanto a mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL), Michelle, ganhou espaço na TV aberta em pronunciamento do Dia das Mães, a noiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rosângela, mais conhecida como Janja, teve destaque no lançamento da pré-candidatura do petista no fim de semana.

Uma pesquisa XP/Ipespe divulgada na última sexta-feira, 5, apontou que Lula lidera as intenções de voto com 44%, e Bolsonaro tem 31%. Entre as mulheres, a vantagem do petista se amplia: 47% a 25%.

Em meio à resistência nesse segmento do eleitorado, a primeira-dama Michelle Bolsonaro tem aparecido cada vez mais em eventos públicos ao lado do marido. Neste domingo, 8, ela usou um pronunciamento de Dia das Mães em rede nacional de TV para divulgar ações do governo voltadas às mulheres. A mulher do atual presidente apareceu em vídeo gravado e transmitido ao lado da ministra Cristiane Britto, da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Essa foi a primeira vez que Michelle fez pronunciamento nesta data. Nos últimos anos da gestão Bolsonaro, não houve divulgação semelhante. Tampouco em governos anteriores houve registro. Não houve aparições das primeiras-damas Marisa Letícia (então mulher de Lula) e Marcela Temer (mulher do ex-presidente Michel Temer [MDB]) na data. No governo Dilma Rousseff (PT), o pronunciamento foi pelo pela própria ex-presidente, em 2012.

A participação de Michelle se tornou objeto de uma representação na Procuradoria-Geral Eleitoral por improbidade administrativa e propaganda eleitoral protocolada pelo deputado federal Rui Falcão (PT). Para o parlamentar, elas usaram o pronunciamento de Dia das Mães com viés eleitoral.

“Foi para atingir essa finalidade eleitoreira que Michelle Bolsonaro, a primeira-dama, se apresentou como uma mãe sensível, como uma mulher conhecedora das dificuldades de tantas mães brasileiras e que poderia, justamente por isso, atuar em benefício das eleitoras influenciando seu marido na tomada de decisões que favoreçam as brasileiras”, diz o documento.

O protagonismo de Michelle é visto por aliados com potencial para conquistar também o eleitor evangélico. Na última semana, um vídeo em que a primeira-dama participa de um culto da bancada evangélica na Câmara dos Deputados viralizou na internet. No conteúdo, Michelle aparece se ajoelhando, chorando e orando ao pedir um “avivamento” nos três Poderes. O conteúdo foi compartilhado pela Frente Parlamentar Evangélica (FPE) nas redes sociais.

Já na campanha petista, a noiva de Lula, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, foi apresentada como a responsável por articular, como produtora executiva, a regravação do jingle para a eleição ao lado do fotógrafo Ricardo Stuckert. No último sábado, 7, dia do lançamento da pré-candidatura, ela cantou trechos da música no microfone enquanto o clipe era exibido. No Twitter, a socióloga disse que a regravação da música foi “mais que uma surpresa” para o petista.

A participação de Janja, entretanto, é vista com reticências. Para parte dos petistas, sua postura no lançamento, ao tratar o jingle como algo “dela”, de presente para Lula, contrastou com as posições da ex-primeira-dama, Marisa Letícia, que preferia ficar fora dos holofotes. Marisa morreu em fevereiro de 2017, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC).

Nos bastidores, aliados reconhecem que a noiva do ex-presidente traz certa jovialidade e virilidade para a imagem de Lula, mas a ideia é que seja limitada a influência da socióloga sobre os rumos da campanha.

Estadão Conteúdo

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