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Política & Poder

Bolsonaristas atacam pesquisa, e lulistas ligam avanço a trancos da economia

Integrantes do governo usaram as redes sociais para tentar desacreditar os números divulgados nesta quinta-feira (26)

FolhaPress

26/05/2022 21h49

Foto: Divulgação

Matheus Teixeira, Marianna Holanda, Julia Chaib, Renato Machado e Danielle Brant
Brasília, DF

Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) voltaram a atacar as pesquisas de intenção de voto após o resultado do levantamento do Datafolha apontar o mandatário 21 pontos atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário.

Integrantes do governo usaram as redes sociais para tentar desacreditar os números divulgados nesta quinta-feira (26), que mostraram o petista com 48%, contra 27% do chefe do Executivo -Ciro Gomes (PDT) ficou com 7% e André Janones (Avante) e Simone Tebet (MDB), com 2%.

Aliados de Lula, por sua vez, comemoraram o resultado do levantamento e avaliaram que a situação econômica do país contribuiu para o petista em detrimento de Bolsonaro.

Em tom irônico, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, questionou a seus seguidores do Twitter se eles acreditam mais no Papai Noel, em doendes, no Pinóquio ou no Datafolha.

O chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, também recorreu à ironia ao responder ao colega de governo que a resposta correta seria Papai Noel.

Na última pesquisa, em que os dados eram mais favoráveis a Bolsonaro, Faria não debochou do levantamento.

O comportamento do chefe das Comunicações nesta quinta condiz com uma estratégia antiga da militância bolsonarista e do próprio presidente: desacreditar pesquisas de opinião e afirmar que confiam mais no chamado Datapovo, ou seja, no que sentem nas ruas em relação à popularidade do presidente.

Depois da divulgação da pesquisa, Bolsonaro publicou um vídeo sendo recebido em Belo Horizonte nesta quinta.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse: “A pesquisa está errada. O ex-presidiário tem 99% das intenções de voto de quem trabalha no Datafolha”.

Sob reserva, correligionários do chefe do Executivo dizem que os números divulgados nesta quinta divergem de levantamentos da campanha, que, segundo eles, indicariam o petista na liderança, mas com uma margem de vantagem menor em relação a Bolsonaro. Essas pesquisas, porém, não foram registradas oficialmente.

A atual pesquisa do Datafolha foi feita com 2.556 eleitores acima dos 16 anos em 181 cidades de todo o país, entre quarta (25) e quinta-feira (26). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos. O levantamento foi contratado pela Folha de S.Paulo e está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-05166/2022.

No Congresso, aliados de Bolsonaro também tentaram minimizar o levantamento. “Não tem a mínima credibilidade esses números apresentados, basta viajar pelo Brasil e perguntar na rua que você verá que esses números não se sustentam”, disse o vice-líder do governo na Câmara, Evair de Melo (PP-ES).

Integrantes do PT, por sua vez, comemoraram o resultado do levantamento. O deputado José Guimarães (PT-CE), membro da campanha de Lula, avalia que o resultado da pesquisa é consequência do pré-lançamento da chapa com Geraldo Alckmin (PSB) e da tentativa de construção do que chama de movimento de frente ampla.

“O simbolismo disso traduziu para o país um novo movimento da campanha. Nos últimos dias das alianças, são sete partidos, com possibilidade de virem outros. Isso tem força, densidade”, diz.

Guimarães também diz acreditar que a situação econômica do país, com inflação de dois dígitos e alta da energia e dos combustíveis, contribuiu para os dados da pesquisa.

A avaliação do deputado é partilhada por conselheiros de Lula ouvidos sob reserva. O núcleo petista diz que o crescimento dele se justifica diante da inflação e de uma migração de votos motivada pela ausência de uma terceira via competitiva.

A cúpula do MDB, por sua vez, disse ter considerado positiva a oscilação de um ponto percentual conquistado pela pré-candidata Simone Tebet (MDB). Os emedebistas afirmam apostar em crescimentos maiores daqui para frente, por considerarem que a senadora ainda é desconhecida do grande público.
Tebet, que tinha 1%, no levantamento de março, tem agora 2%.

Nesta terça-feira, a senadora foi confirmada pelo MDB e pelo Cidadania como pré-candidata à Presidência da República, concorrendo em nome de um grupo de partidos da chamada terceira via. Falta ainda aval do PSDB, em reunião da executiva nacional prevista para o dia 2 de junho.

Ligado à terceira via, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, minimizou a situação de Simone.

“Pesquisa pode estar definindo uma foto do momento. Isso, sem termos ainda iniciado a campanha, não tem muita relevância. Eu avalio que ela vai crescer”, afirmou.

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