Mônica Bergamo
São Paulo, SP
O ato que será realizado em torno das candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Fernando Haddad (PT) na próxima segunda-feira (24), na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, está sendo incensado por petistas como uma grande oportunidade para engajar a militância de rua e ampliar a distância entre o ex-presidente e Jair Bolsonaro (PL) na reta final do segundo turno.
Na fotografia que será feita do evento, estarão presentes nomes como o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e a ex-senadora Marta Suplicy (MDB).
O fundador do partido Novo, João Amoêdo, também foi convidado, mas ainda não confirmou sua participação. Na semana passada, ele surpreendeu adeptos da esquerda e da direita após declarar voto em Lula no segundo turno.
Para petistas, o ato na PUC carrega grande simbolismo. Em 2014, a então candidata a reeleição Dilma Rousseff (PT) enfrentava uma disputa delicada com Aécio Neves (PSDB) nas pesquisas de intenção de voto na véspera de sua visita à universidade.
No primeiro levantamento realizado pelo Datafolha no segundo turno daquele ano, Aécio tinha 51% dos válidos, ante 49% de Dilma. Na semana seguinte, os índices foram mantidos. Em 20 de outubro, um dia antes da visita da petista à PUC, a situação se inverteu numericamente, mas o empate continuou.
A vantagem inédita de Dilma sobre Aécio naquele segundo turno só foi obtida por ela após o ato na PUC. Na ocasião, ela animou a multidão depois que começou a pular sob os gritos “quem não pula é tucano”, entoado pelos militantes.
Na avaliação de um aliado do ex-presidente Lula, o ato eleitoral na PUC não terá o condão de resolver a eleição, mas poderá dar o gás necessário a apoiadores do petista para tentar ampliar sua distância em relação a Bolsonaro nas intenções de voto.
De acordo com a última pesquisa do Datafolha, Lula tem 49% dos votos totais, ante 45% do rival. Brancos e nulos somam 4% e indecisos, 1%.
Organizado pelo grupo de advogados Prerrogativas, o evento de segunda-feira terá produção cultural assinada pelo ex-secretário Alê Youssef.
Estão sendo preparadas intervenções por artistas e grupos como Denise Fraga, Roberta Estrela D’Alva, Paula Klein, Ayo Tupinambá, Cia do Tijolo e Charanga do França. Haverá também projeções de autoria de Caio Fanzolin e dos grupos SP-Código Aberto e Projetemos.
A cantora Preta Ferreira e a atriz Monica Iozzi conduzirão a cerimônia. A interpretação do Hino Nacional, por sua vez, será feita por Fabiana Cozza e Renato Brás. Um convite para o evento em formato de vídeo foi gravado pelo cantor e compositor Chico Buarque.
“Várias intervenções artísticas vão acontecer no meio das falas, de maneira inusitada, como se fosse um grande slam [batalha de poesia] que vai se amarrando. Sempre tendo a defesa do Estado democrático de Direito, do Brasil, da civilização contra a barbárie como fio condutor desses momentos”, afirma Alê Youssef à reportagem.