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Política & Poder

Alvo de bolsonaristas, comandante militar do NE diz que ataques são totalitários

Em 2018, Nunes foi nomeado secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro pelo então interventor Walter Braga Netto, vice de Bolsonaro

FolhaPress

06/02/2023 17h13

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Alvo de ataques bolsonaristas, o comandante militar do Nordeste, general Richard Nunes, escreveu texto em que critica o que descreve como inconformismo com a “tradicional postura legalista e de neutralidade do Exército”, que tem gerado “insultos a camaradas de longa data, ataques a reputações típicos de regimes totalitários, ‘vazamentos’ de supostas informações, divulgação de memes difamatórios, tudo para tentar atingir a coesão da Força”.

Segundo Nunes, tal postura configura flagrante traição ao respeito à hierarquia e à disciplina que deve caracterizar o Exército.
Nunes foi um dos generais assediados por setores do bolsonarismo durante as eleições. Além dele, os generais Valério Stumpf, chefe do estado-maior do Exército, e Tomás Paiva, atual comandante da Força, sofreram pressão para apoiarem ações antidemocráticas diante da derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Como não aderiram ao golpismo, passaram a ser chamados de traidores e “melancias”, ou seja, verdes por fora, mas vermelhos (esquerdistas) por dentro.

Em 2018, Nunes foi nomeado secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro pelo então interventor Walter Braga Netto, vice de Bolsonaro na eleição de 2022.

Em passagem de seu texto, publicado em blog do Exército, Nunes afirma que “por vezes, dizer ‘não’ pressupõe muito mais coragem do que alinhar-se a eventuais pressões de caráter político”. O material, intitulado “O Mundo PSIC e a Ética Militar”, pode ser lido aqui.

O comandante fala de um acrônimo que criou, o PSIC, para falar do ambiente informacional no mundo contemporâneo, que seria caracterizado por precipitação, superficialidade, imediatismo e conturbação.

Segundo ele, esses ataques, geralmente em mídias sociais e aplicativos de mensagens, “têm contribuído para disseminar a desinformação, a relativização de valores e, consequentemente, a desunião que enfraquece o espírito de corpo”.
“Fica a pergunta: a que interesses servem tais pessoas?”, questiona o comandante.

A precipitação, diz Nunes, é marca típica desse ambiento repleto de fake news, “onde se disparam e replicam mensagens sem a menor preocupação com a veracidade dos fatos e a idoneidade das fontes”.

A superficialidade destoa da atividade militar, que é, por natureza, grave e complexa, afirma. Tratar o emprego do Exército com base em “análises simplórias de ‘especialistas’ de ocasião é o caminho mais seguro para se chegar a concepções inoportunas, parciais e ineficazes”, escreve Nunes.

O imediatismo, por sua vez, contrastaria com o caráter permanente atribuído às Forças Armadas na Constituição. Segundo ele, não se pode prejudicar a reputação do Exército, conquistada ao longo dos séculos, por conta “do oportunismo de uns e do jogo de interesses de outros”.

Por fim, o militar descreve a conturbação como aspecto mais danoso dentre os que se propôs a apresentar. “A excessiva polarização da sociedade e a atuação dos extremos do espectro ideológico no ambiente informacional têm gerado visões radicais, resultando num círculo vicioso de intolerância e de absoluta ausência de diálogo”, analisa.

Para ele, a situação é inaceitável ao Exército, que, segundo ele, é uma instituição apartidária, “ue se orgulha de oferecer oportunidades a todos os brasileiros, sem distinção de classe social, raça, gênero e credo.”

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