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Política & Poder

Alckmin lê livro de Moro e diz que Bolsonaro não queria transferir Marcola

A fala de Alckmin ocorreu em entrevista coletiva na noite de ontem, após o debate realizado pela TV Globo

FolhaPress

29/10/2022 9h48

Foto: Reprodução/Agência Brasil

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), leu trecho de um livro escrito pelo ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), eleito senador pelo Paraná, para afirmar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou impedir a transferência de Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), para o sistema penitenciário federal.

A fala de Alckmin ocorreu em entrevista coletiva na noite de ontem, após o debate realizado pela TV Globo. Após as declarações do ex-tucano, Moro saiu em defesa de Bolsonaro, de quem foi ministro até 2020 e se reaproximou durante a campanha para o segundo turno das eleições presidenciais.

“‘Há poucos dias da deflagração da Operação Imperium, fui surpreendido por uma mensagem dele [Bolsonaro] no meu celular, sugerindo cancelamento das transferências. Bolsonaro disse estar receoso de possíveis retaliações do crime organizado contra a população civil e temia que, se isso acontecesse, o governo federal fosse responsabilizado, inclusive com impeachment no Congresso'”, leu Alckmin.

“O Moro escreve no seu livro, Bolsonaro lhe manda um e-mail pedindo o cancelamento, que não fosse feita a transferência”, acrescentou o candidato a vice na chapa de Lula.

A Operação Imperium foi realizada em fevereiro de 2019, ainda no início do governo Bolsonaro. Ao todo, 22 integrantes do PCC foram levados de presídios paulistas para penitenciárias em Rondônia, Brasília e Rio Grande do Norte. O episódio foi relatado por Moro no livro “Contra o Sistema da Corrupção”.

“A transferência foi pedida antes do Bolsonaro assumir pelo Ministério Público de São Paulo, e foi autorizada no começo de 2019 por ordem do Tribunal de Justiça de São Paulo. Não foi o Bolsonaro quem pediu. Foi o MP. Quem autorizou foi o Judiciário, e o Bolsonaro, diz o Moro, tentou impedir a transferência do Marcola. Essa é a realidade. É importante esclarecer porque isso é mentira”, disse Alckmin.

Como resposta, Moro disse que, à época, o presidente “externou preocupação” com a transferência, mas não a cancelou. “Se houve algum receio de fazer essa transferência, foram por dois dias. O presidente mudou de opinião ele mesmo”, disse o senador eleito.

“A gente não podia falar: ‘vamos lá, é agora, vai’. Nós tivemos que pensar, organizar. Estive reunido com o governador Doria naquela época, no hospital. Foi algo muito bem planejado por todos nós”, falou Bolsonaro na sequência.

O tema do PCC veio à tona durante debate televisivo na Band. No programa, Bolsonaro pressionou Lula a responder por que não havia articulado a transferência dos cabeças da facção dos presídios de São Paulo, quando era presidente. Bolsonaro acusou Lula de ter “afinidade” com bandidos.

O debate escancarou a participação de Moro na disputa presidencial. À época da transferência dos presos, o governador paulista era Geraldo Alckmin, atual candidato a vice-presidente pelo PSB na chapa de Lula. Bolsonaro os acusou de terem chegado a um acordo com o PCC.

Moro foi ministro da Justiça e Segurança Pública até abril de 2020 e deixou a equipe do presidente fazendo acusações de que ele interferia em investigações da PF (Polícia Federal).

Preso desde julho de 1999 e apontado como líder do PCC desde 2001, em fevereiro de 2019 foi a primeira vez que Marcola foi levado a um presídio federal. Ele foi transferido para uma unidade de Porto Velho, em Rondônia. Dos 22 transferidos na ocasião, 15 eram considerados da alta cúpula da facção e estavam no presídio de Presidente Venceslau (SP).

Em março de 2019, Marcola foi transferido novamente, desta vez para a unidade de Brasília. Em dezembro do mesmo ano, o Exército cercou a Penitenciária Federal de Brasília após setores da inteligência do governo receberem informações de um plano para resgatar o comandante.

Em presídios federais, os detentos ocupam celas individuais, ficando confinados durante 22 horas do dia e com outras duas para banho de sol. Desde 2006, quando os presídios federais foram criados, não houve registro de fugas em nenhuma das unidades. Em março deste ano, Marcola foi novamente transferido para Porto Velho.

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