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Política & Poder

Ainda não acabou: bolsonaristas seguem alojados no DF

Pelo menos cinco ônibus estão espalhados pela capital. Em chácara no Gama, há 57 apoiadores, entre policiais e advogados, oriundos de Alagoas

Ary Filgueira

08/09/2021 12h34

Foto: Ary Filgueira/Jornal de Brasília

Ary Filgueira
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Enquanto autoridades e o meio político fazem análise e discurso em cima do rescaldo das manifestações em favor do presidente Jair Bolsonaro ontem em praticamente todo o país, um movimento de apoiadores das bandeiras do chefe da nação se prepara para um segundo round. Desta vez, o “ataque” será de surpresa.

Várias caravanas de diversos estados do país com simpatizantes bolsonaristas não deixaram a capital federal como foi o combinado com as autoridades de segurança pública do Distrito Federal. Pelo menos cinco ônibus com capacidade para 57 pessoas – afora a tripulação composta por três motoristas – encontram-se em regiões administrativas distantes da Esplanada dos Ministérios, onde situam-se poderes importantes, como o Supremo Tribunal Federal (STF), este bastante criticado pelos manifestantes.

Uma dessas caravanas está a 36 quilômetros da Praça dos Três Poderes. O ponto de apoio é uma chácara na Quadra 50 do Setor Leste do Gama. Lá, estão 57 moradores de Alagoas que vieram manifestar seu apoio ao presidente Bolsonaro e pedir a intervenção no STF e a volta do militarismo. Essas são as principais bandeiras defendidas por Bolsonaro e transferidas pela legião de séquitos.

O proprietário do espaço mora em Alagoas e foi um dos responsáveis pelo custeio da vinda deles para cá. Segundo um tripulante, que não vamos identificar para evitar retaliação, os alagoanos vão fazer um ato surpresa na Esplanada. “Eles devem retornar para casa somente na sexta-feira (10), após a votação daquele processo”, disse ele, referindo-se ao Marco Temporal, que é analisado pelos ministros do STF. O Marco Temporal é uma proposta ruralista que restringe os direitos indígenas. Segundo esta interpretação, considerada inconstitucional, os povos indígenas só teriam direito à demarcação das terras que estivessem em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.

O grupo viajou aproximadamente 25 horas de Alagoas até aqui. Entre as pessoas a bordo, há vários policiais e advogados. Eles estão neste momento descansando na chácara situada na Quadra 50 do Setor Leste do Gama. Um lugar mais afastado do centro da cidade, com índices de criminalidade considerado altos para o restante da localidade.

Este grupo, segundo o homem, nada tem a ver com os manifestantes pró-Bolsonaro que tentaram invadir o Ministério da Saúde na manhã desta quarta-feira. Vigilantes que tomam contam do edifício agiram rápido. Eles fecharam os portões que dão acesso ao prédio, agredido com chutes e golpes de pau pelos simpatizantes do presidente.

O impressionante disso tudo é que ninguém foi preso. O ataque aconteceu nas barbas da Polícia Militar, que está permanentemente na Esplanada desde ontem e nada fez. Talvez porque parte desses manifestantes é composta por colegas de fardas de outras unidades da federação. Procurada, a PM inicialmente negou que houve invasão; depois, confirmou ter sido acionada para “verificar uma situação envolvendo jornalistas e manifestantes”. “Quando chegamos no local, a situação foi resolvida”, concluiu a corporação, confirmando que nenhum dos invasores foi detido.

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