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Mundo

Turquia acerta apoio à entrada da Suécia e da Finlândia na Otan

Restará saber agora o impacto do apoio na relação boa entre Erdogan e Putin, que se estende por cooperação militar

FolhaPress

28/06/2022 16h29

Foto: Fraçois Lenoir

Igor Gielow
São Paulo, SP

O governo da Turquia assinou um acordo com Suécia e Finlândia para apoiar a entrada dos dois países nórdicos na Otan. O termo foi assinado em Madri, onde os líderes dos Estados-membros da aliança se reúnem até quinta (30), sob o patrocínio do presidente americano, Joe Biden.

A resistência turca era a principal deste que é um dos grandes efeitos colaterais geopolíticos da invasão russa da Ucrânia: o fim da neutralidade dos vizinhos do norte europeu, dois séculos no caso sueco e sete décadas, no finlandês.

Ancara vinha resistindo alegando que ambas as nações apoiavam grupos de oposição ao governo de Recep Tayyip Erdogan. Ainda não está claro o que foi prometido pelos nórdicos ao turco, mas segundo comunicado da Presidência em Helsinque, os chanceleres dos três países assinaram um memorando para dar continuidade ao processo de adesão.

Erdogan, que reuniu-se com a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, e com com o presidente finlandês, Sauli Niinistö, havia falado antes com Biden ao telefone. Segundo a Casa Branca, os termos da conversa foram gerais, e o assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan, tentou minimizar o papel do chefe no acerto.

O que não foi dito com todas as letras foi o preço da barganha. Desde que estranhou-se com os EUA na gestão de Donald Trump e aproximou-se de Vladimir Putin, Erdogan pagou um preço militar.

Por ter comprado avançados sistemas antiaéreos de Moscou, a Turquia foi excluída do programa de produção multinacional do caça de quinta geração americano F-35.

Isso deixou o país, que tem envolvimento militar ativo em locais como Síria e Líbia, além de projetar influência em pontos como o

Cáucaso e o mar Negro, em posição complicada: sua frota de 260 caças F-16 está envelhecendo rapidamente. A especulação é de que a conversa com Biden pode ter destravado ao menos uma compra, longamente protelada, de modelos mais modernos do avião para substituir os que estão em operação.

Como um dos 30 membros da Otan, a Turquia tinha direito a veto à entrada dos dois nórdicos na aliança. Se o anúncio avançar na cúpula de Madri, que já prevê o aumento de tropas no Leste Europeu para conter a ameaça russa, as diferenças entre os países ficarão em segundo plano em termos de notícia mais importante da reunião.

Restará saber agora o impacto do apoio na relação boa entre Erdogan e Putin, que se estende por cooperação militar e energética.

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