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Testemunhas de massacre acusam polícia de demora para conter atirador no Texas

O presidente dos EUA, Joe Biden, deve visitar Uvalde nos próximos dias e pediu aos legisladores que enfrentem o “poderoso lobby das armas”

FolhaPress

26/05/2022 18h19

Foto: Reprodução

Testemunhas do massacre em uma escola de Uvalde, no Texas, reclamaram nesta quinta-feira (26) do que apontam como demora da polícia para neutralizar o atirador, que teria ficado dentro da instituição de ensino por ao menos 40 minutos antes de ser morto por agentes de segurança.

O ataque foi feito Salvador Ramos, que matou a tiros 19 crianças e dois adultos. Ele teve adolescência marcada pelo bullying e problemas familiares e comprou as armas logo depois de completar 18 anos.

“Havia ao menos 40 agentes da lei armados até os dentes, mas não fizeram nada até que foi tarde demais”, disse Jacinto Cazares à ABC News. Ele conta que correu até a escola quando soube do tiroteio e encontrou sua filha Jacklyn morta.

“A situação poderia ter terminado rapidamente se [os agentes de segurança] tivessem um melhor treinamento tático. Nós, como comunidade, fomos testemunhas de primeira mão”, disse Cazares.

Parentes das vítimas afirmaram que suplicaram, sem sucesso, aos agentes que entrassem na escola e impedissem o massacre. Daniel Myers e sua mulher Matilda, ambos pastores locais, disseram à agência de notícias AFP que viram como os pais ficaram histéricos enquanto a polícia aguardava reforço antes de entrar na escola.

“Os pais estavam desesperados”, disse Daniel, 72. “Estavam dispostos a entrar [na escola]. Uma pessoa disse: ‘estive no Exército, só me dê uma arma e eu vou entrar. Não vou hesitar.'”

Raul Ortiz, chefe da Patrulha de Fronteira dos EUA, nega que os policiais tenham hesitado. “Eles elaboraram um plano. Entraram naquela sala de aula e cuidaram da situação o mais rápido que puderam”, disse à CNN americana.

Autoridades afirmam que o atirador, em um primeiro momento, trocou tiros com um dos agentes de segurança, mas conseguiu escapar. Depois, o criminoso, que vestia proteção à prova de bala, entrou em uma sala de aula e montou uma barricada. Os guardas retiraram o máximo de alunos possível, inclusive quebrando janelas do centro de ensino.

Do lado de fora da escola, um memorial foi improvisado com os nomes das vítimas inscritas em cruzes de madeira.

Dora Mendoza foi uma das pessoas que compareceu à escola nesta quinta para homenagear as vítimas. Sua neta Amerie Garza, 10, foi assassinada durante o massacre.

“[As autoridades] devem fazer algo. Por favor, não se esqueçam das crianças. Não sabemos o que viveram. Por favor, eu imploro que escutem”, pediu Mendoza. “Ela era uma garota inocente que gostava da escola e estava ansiosa para o verão. Minha alma dói porque não poderei mais vê-la.”

Também nesta quinta, a mãe do agressor, Adriana Reyes, disse à ABC News que seu filho ficava agressivo quando sentia raiva, mas que “não era um monstro”.

“Todos nós sentimos raiva”, afirmou Reyes, que disse desconhecer que seu filho havia comprado armas.

Uma professora que estava na escola e falou com a emissora NBC sob condição de anonimato disse que seus alunos estavam vendo um filme da Disney para celebrar o fim do ano letivo, que terminaria nesta quinta, no momento em que ouviram os tiros no corredor.

Ela pediu às crianças que se protegessem debaixo de suas mesas e fechou a porta da sala de aula às pressas. “Eles sabiam que não era um exercício”, disse a professora, referindo-se aos chamados exercícios de tiro ativo, comuns nas escolas americanas.

Depois, policiais quebraram as janelas da sala e retiraram as crianças do local.

O presidente dos EUA, Joe Biden, deve visitar Uvalde nos próximos dias e pediu aos legisladores que enfrentem o que chama de “poderoso lobby das armas” dos Estados Unidos e aprovem “reformas de bom senso em relação às armas”.

O massacre em Uvalde é considerado o pior em uma instituição infantil nos EUA em quase dez anos.

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