Menu
Mundo

Rússia e Ucrânia se acusam de novos bombardeios na região da usina nuclear de Zaporizhzhia

Os dois países em guerra relataram cinco ataques com foguetes perto de uma área de armazenamento de material radioativo na usina

Redação Jornal de Brasília

11/08/2022 15h41

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Rússia e Ucrânia se acusaram nesta quinta-feira (11) de realizar novos bombardeios na área da usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, antes de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir a situação no local.

Os dois países em guerra relataram cinco ataques com foguetes perto de uma área de armazenamento de material radioativo na usina, a maior da Europa, localizada no sul da Ucrânia.

O operador das usinas ucranianas, Energoaton, anunciou logo após um novo bombardeio russo perto de um dos seis reatores da usina, que causou “uma grande fumaça” e danificou “vários sensores de radiação”.

A usina ucraniana em Zaporizhzhia ficou sob o controle das tropas russas em 4 de março, logo após o início da invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro. A Ucrânia acusa a Rússia de ter enviado tropas para as instalações da usina e de ter estocado armas.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu o “fim imediato” de todas as atividades militares em torno da instalação e alertou que a continuação das hostilidades poderia “levar a uma catástrofe”.

Os Estados Unidos defenderam a ideia de criar uma zona desmilitarizada ao redor da usina. A pedido da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU examinará a situação de segurança na fábrica nesta quinta-feira.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, informará ao Conselho sobre a situação na instalação.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que a Rússia pode causar um incidente “ainda mais catastrófico do que Chernobyl”, referindo-se ao desastre nuclear de 1986 no norte da Ucrânia, quando o país ainda fazia parte da União Soviética.

“Estado terrorista”

A usina Zaporizhzhia, perto da cidade de Energodar, às margens do rio Dnieper, possui seis dos 15 reatores ucranianos, capazes de fornecer energia a quatro milhões de residências.

“A Rússia transformou a usina nuclear em um campo de batalha”, disse Zelensky em um discurso por videoconferência em uma reunião de doadores em Copenhague.

O presidente ucraniano pediu sanções mais duras contra a Rússia, chamando este país de “estado terrorista”.

Na mesma linha, o Parlamento da Letônia, país membro da União Europeia (UE) e da Otan, declarou a Rússia um “estado patrocinador do terrorismo” e considerou que suas ações na Ucrânia constituíam “genocídio”.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, considerou a declaração como “xenofobia primária”.

  • “Cada dia fica pior” –
    Os combates continuam no leste da Ucrânia, onde separatistas apoiados pela Rússia combatem as forças ucranianas desde 2014. Em Nikopol (sudeste), a cem quilômetros da fábrica de Zaporizhzhia, o governador Valentyn Reznichenko informou no Telegram três mortos e nove feridos em bombardeios noturnos russos.

No Donbass (leste), o chefe da administração militar da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, anunciou a morte de 11 civis nas últimas 24 horas: seis em Bakhmut, três em Soledad, um em Krasnogorivka e um em Avdivka.

Em Soledad, os poucos moradores restantes vivem em abrigos subterrâneos. “Esperamos boas notícias, mas a cada dia piora”, disse Svitlana Klymenko, 62, enquanto bombardeios implacáveis eram ouvidos do lado de fora.

As tropas russas, que bombardeiam Soledad implacavelmente, tentam expulsar o Exército ucraniano de lá para avançar em direção a Bakhmut.

Os credores da Ucrânia concordaram com uma moratória de dois anos no pagamento de sua dívida externa de US$ 20 bilhões, dado o grave impacto da invasão russa em sua economia.

“Isso permite que a Ucrânia mantenha a estabilidade macrofinanceira e fortaleça a sustentabilidade econômica”, disse o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal, no Twitter.

O PIB da Ucrânia pode aumentar em 45% este ano, de acordo com as últimas estimativas do Banco Mundial.

© Agence France-Presse

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado