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Rússia diz que ainda não há plano concreto de reunião entre Putin e Biden

“A reunião é possível se os líderes a considerarem viável”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em teleconferência

Redação Jornal de Brasília

21/02/2022 8h53

Foto: Patrcik Semansky

O Kremlin considerou nesta segunda-feira (21) “prematura” a organização de uma reunião de cúpula entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Joe Biden, jogando um balde de água fria ao anúncio francês sobre o encontro para tentar desativar o risco de uma invasão russa à Ucrânia.

A presidência da França anunciou no domingo um acordo de princípio para a celebração da reunião após uma intensa gestão diplomática do chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, que teve duas longas conversas telefônicas no domingo com Putin, além de diálogos com Biden e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

Os países ocidentais temem que a intensificação dos combates nos últimos dias no leste da Ucrânia com separatistas pró-Rússia seja utilizada como pretexto por Moscou, que enviou 150.000 soldados para a fronteira ucraniana, para invadir o país vizinho.

“Há um entendimento sobre o fato de ter que continuar o diálogo entre ministros (das Relações Exteriores). Falar sobre planos concretos para organizar reuniões de cúpulas é prematuro”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

“Uma reunião é possível caso os chefes de Estado a considerem útil”, acrescentou, antes de afirmar que Biden e Putin sempre têm a possibilidade de conversar “por telefone ou de outra maneira quando necessário”.

Uma reunião entre os chefes da diplomacia russa e americana, Serguei Lavrov e Antony Blinken, está programada para quinta-feira.

A respeito do encontro de cúpula considerado “prematuro” por Moscou, Estados Unidos e França insistiram que só poderá acontecer se a Rússia não invadir a Ucrânia.

Tensão

Os confrontos prosseguiam nesta segunda-feira no leste da Ucrânia e, segundo fontes das forças de segurança da Rússia, os incidentes afetaram o território do país.

“Em 21 de fevereiro, às 9h50, um obus de tipo não identificado disparado do território da Ucrânia destruiu o posto de serviço dos guardas de fronteira na região de Rostov, a uma distância de cerca de 150 quilômetros da fronteira russo-ucraniana”, relatou o FSB (serviço de inteligência), citado pelas agências russas de notícias.

O exército ucraniano negou ter atirado contra o posto de fronteira.

“Não podemos impedir que produzam informação falsa, mas sempre podemos enfatizar que não atiramos contra infraestruturas civis ou algum território na região de Rostov, ou qualquer outra coisa”, declarou o porta-voz militar ucraniano Pavlo Kovalshuk.

Ao mesmo tempo, Kiev afirmou que registrou 14 bombardeios dos rebeldes pró-Rússia, que deixaram um soldado ferido.

Os separatistas informaram a morte de três civis nas últimas 24 horas, assim como a explosão de um depósito de munições na região de Novoazovsk, sobre o qual acusaram “sabotadores ucranianos”.

Não foi possível confirmar as informações com fontes independentes.

As autoridades das duas “repúblicas” pró-Rússia” autoproclamadas do leste da Ucrânia ordenaram a mobilização dos homens em condições de combater e a transferência de civis para a Rússia. Moscou informou nesta segunda-feira que 61.000 pessoas deixaram a região.

“Eles nos bombardeiam, aterrorizam as crianças. Seus aviões sobrevoam a cidade (…) e vimos as coisas explodindo, pegando fogo”, disse à AFP uma das pessoas que deixou a região, Liudmila Kliuiko, 56 anos, ao chegar a Taganrog, na Rússia.

O Kremlin reiterou que a “situação é extremamente tensa” na frente leste ucraniana, e expressou “preocupação”.

Os separatistas pró-Rússia que lutam contra Kiev mantêm um conflito no leste do país que provocou mais de 14.000 mortes desde 2014, agravado após a anexação da Crimeia ucraniana pela Rússia.

Moscou nega ter planos para invadir a Ucrânia, mas exige garantias de que a ex-república soviética não vai aderir à Otan e o fim da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte para suas fronteiras. As demandas foram rejeitadas pelo Ocidente.

Os países ocidentais ameaçaram impor sanções econômicas devastadoras em caso de ataque russo contra a Ucrânia.

Vladimir Putin deve coordenar nesta segunda-feira uma reunião do conselho de segurança russo, o poderoso organismo que reúne os principais comandantes do exército e dos serviços de inteligência.

© Agence France-Presse

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