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Promotor que investigava ataque a canal de TV no Equador é assassinado

O promotor César Suaréz foi morto a tiros enquanto dirigia seu carro por um bairro do porto no sudoeste do país

Redação Jornal de Brasília

17/01/2024 21h31

Foto: STRINGER / AFP

Um promotor antimáfia do Equador que estava investigando o recente ataque armado ao canal de televisão TC foi assassinado nesta quarta-feira (17) na cidade de Guayaquil, marcando uma nova escalada da guerra vivida pelo país com as facções do narcotráfico.

O homicídio do promotor César Suárez, morto a tiros enquanto dirigia seu carro por um bairro do porto no sudoeste do país, foi confirmado pela procuradora-geral Diana Salazar em um vídeo divulgado na rede X.

“Diante do assassinato de nosso colega César Suárez (…), serei enfática: os grupos de crime organizado, os criminosos, os terroristas não impedirão nosso compromisso com a sociedade equatoriana”, disse Salazar.

O ministro da Defesa, Gian Carlo Loffredo, condenou o assassinato em nome do governo do presidente Daniel Noboa. “Rejeitamos toda forma de violência como resposta ao conflito que vivemos”, disse o ministro em um vídeo compartilhado na imprensa.

“Ratificamos o forte compromisso do governo nacional em apoiar as instâncias da administração da justiça”, acrescentou Loffredo.

Uma representante do Ministério Público disse à AFP que Suárez havia sido encarregado de determinar qual grupo criminoso estava por trás da invasão de um programa ao vivo do canal TC, em 9 de janeiro, em plena crise de violência nacional.

A caminhonete de Suárez foi alvo de vários tiros na janela do motorista em uma avenida, de acordo com as imagens.

Unidades de investigação da polícia “estão realizando as indagações pertinentes para encontrar os responsáveis” no principal porto do país, um centro de operações do narcotráfico, garantiu uma fonte de instituição.

Descontrole

O ataque ao canal TC foi um dos primeiros atos criminosos que o Equador sofreu após a fuga do poderoso Adolfo Macías, conhecido como “Fito”, líder da principal quadrilha do país, confirmada em 8 de janeiro.

Ainda não está claro quem está por trás do ato, no qual homens encapuzados ameaçaram jornalistas e outros funcionários com pistolas, rifles e granadas.

Na mesma semana, detentos mantiveram mais de 100 agentes penitenciários reféns até sua libertação no sábado.

Diante da crise desencadeada naquele momento, o presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou “conflito armado interno” no país, classificou as quadrilhas criminosas como “terroristas” e mobilizou milhares de militares.

Noboa retomou o controle das prisões e seu governo exibiu imagens dos presos rendidos.

O Equador foi por muitos anos um país seguro, mas tem se transformado em um novo bastião do tráfico de drogas para os Estados Unidos e a Europa, com gangues disputando o controle do território e unidas em sua guerra contra o Estado, especialmente em Guayaquil por sua proximidade com o Pacífico.

Nos últimos cinco anos, a taxa de homicídios por 100.000 habitantes subiu de 6 para 46 em 2023, e a guerra interna chega a níveis assustadores, como aconteceu na Colômbia no século passado, mas com um ingrediente adicional: as prisões em chamas.

Promotores na mira

Os promotores têm sido alvo das mais de 20 organizações criminosas que operam no Equador. Em junho do ano passado, o promotor Leonardo Palacios foi assassinado na cidade de Durán, vizinha a Guayaquil.

Salazar denunciou ameaças de morte por parte da Los Lobos, um dos principais grupos criminosos que atuam no país.

Semanas antes do ataque contra o TC, a procuradora-geral antecipou um dos piores ataques do narcotráfico ao revelar a investigação Metástasis, descrita como a peça fundamental que revelará a “narcopolítica” no país.

Nesta quarta-feira, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e sua Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão (RELE) condenaram “a violência” e instaram o Estado equatoriano “a investigar, julgar e punir todos os fatos com diligência”. N

No final de 2023, também foram vítimas de criminosos o candidato presidencial Fernando Villavicencio em Quito e Agustín Intriago, prefeito de Manta, uma das principais cidades do país.

 

© Agence France-Presse

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