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Presidente do Senado do Chile chama eleição na Venezuela de ‘megafraude’ e pede ajuda de Lula

Ruminot é senador de oposição ao governo de Gabriel Boric. Pertence ao partido que também foi do ex-presidente Sebastián Piñera

Redação Jornal de Brasília

08/08/2024 10h42

Apoiadores do líder da oposição venezuelana Juan Guaido, que muitos países reconheceram como legítimo governante interino do país, participam de uma manifestação contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, Venezuela, em 6 de abril de 2019.

MARIANNA HOLANDA
SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS)

O presidente do Senado no Chile, José Gilberto García Ruminot, classificou a eleição do ditador Nicolás Maduro na Venezuela de “megafraude” e pediu ao presidente Lula (PT) que ajude na transição do país.

Ruminot esteve nesta semana com o presidente brasileiro, que fez visita de Estado ao Chile. No Congresso, o parlamentar chileno entregou-lhe uma carta na qual pediu medidas concretas a Lula.

“Foi uma conversa muito franca, uma oportunidade que aproveitamos para agradecer sua visita ao Congresso Nacional do Chile e solicitar que exerça sua reconhecida liderança na região para adotar medidas concretas que permitam assegurar uma transição pacífica na Venezuela, respeitando a vontade do povo de eleger Edmundo González como seu presidente”, disse à reportagem.

“Esperamos que todas as soluções sejam pacíficas e que se assegure uma transição democrática na Venezuela”, afirmou a respeito da iniciativa do Brasil com Colômbia e México por uma solução diplomática na Venezuela.

Se por um lado Lula chegou a dizer que não via “nada de anormal” no pleito, Ruminot é crítico do chavismo e classifica como cúmplice quem reconhece a eleição de Maduro.

“A esta altura, é evidente que o vencedor foi o senhor Edmundo González. Aqueles que, apesar de tudo isso, continuam acreditando que o regime de Nicolás Maduro aja de boa-fé, tornam-se cúmplices dessa megafraude”, declarou. Por outro lado, ele elogia a iniciativa das autoridades brasileiras de tentativa de intermediação.

Ruminot é senador de oposição ao governo de Gabriel Boric. Pertence ao partido que também foi do ex-presidente Sebastián Piñera, o Renovação Nacional. Está desde março à frente do Senado.

Ainda que de direita, ele destacou repetidas vezes a postura de Boric – que esperou Lula deixar o país para elevar o tom em seu discurso, ao dizer estar convencido da tentativa de fraude na eleição do país.

Segundo a ONU, com dados de maio, 532 mil venezuelanos vivem no Chile, mas a imprensa local estima que esta cifra já esteja em 700 mil. O fluxo migratório se tornou uma questão para as autoridades de Santiago, especialmente pela associação feita com aumento de crimes no país. Ruminot nega, porém, que o tema influencie na posição do governo chileno. “Não tem a ver com índices de criminalidade, mas sim com a defesa da democracia”.

Ele prevê, no entanto, que a onda migratória continue, não só para o Chile, mas para todos os países da região. “Nós, como país, devemos reforçar os controles migratórios e impedir a entrada pelos pontos não autorizados. Mas reitero: a causa desse eventual novo fenômeno migratório diminui se a Venezuela recuperar sua democracia e prosperidade.”

O encontro do presidente do Senado com Lula durou cerca de uma hora e foi fechado para a imprensa.

Apesar das distintas posições acerca da crise, participantes disseram que o clima foi leve.

De acordo com integrantes do governo brasileiro, o presidente Lula escutou o que os parlamentares chilenos tinham a dizer e afirmou que sua preocupação é por uma solução pacífica.

No mesmo dia em que encontrou Boric, Lula recebeu um telefonema do presidente francês, Emmauel Macron, elogiando a nota do Brasil com Colômbia e o México e apontando a liderança regional do país.

Apesar de não ser o foco da visita de Lula ao Chile, a Venezuela tornou-se o elefante na sala, como apontou um auxiliar do presidente. Lula e Boric evitaram tratar do assunto.

O presidente deixou Santiago sem falar sobre a crise no país vizinho a pedido do governo de Boric, que temia contaminar a agenda positiva, de assinatura de atos e aproximação de Chile e Brasil.

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