A polícia de Madagascar matou pelo menos 11 pessoas nesta segunda-feira (29) ao abrir fogo contra vários manifestantes enfurecidos com o suposto sequestro de um menino albino, informaram fontes locais.
“Os policiais abriram fogo contra a multidão”, declarou à AFP o deputado Jean-Brunelle Razafintsiandraofa na localidade de Ikongo, sudeste do país, onde aconteceu o incidente.
“Nove pessoas morreram” no local, disse Tango Oscar Toky, médico-chefe do hospital local. Dos 33 feridos que entraram pela manhã, cinco morreram no estabelecimento, acrescentou. A polícia, porém, forneceu um balanço inferior, de 11 mortos e 18 feridos.
Por volta das 08h00 GMT (05h00 em Brasília), tiros foram ouvidos em Ikongo. Desde a semana passada, a pequena cidade está em choque com o desaparecimento de uma criança albina, que as autoridades atribuem a um possível sequestro.
Em Madagascar, as pessoas albinas são frequentemente submetidas à violência. Nos últimos dois anos, houve mais de uma dúzia de sequestros, ataques e assassinatos contra pessoas com albinismo, segundo as Nações Unidas.
Os policiais prenderam quatro suspeitos, mas os cidadãos estão determinados a fazer justiça com as próprias mãos.
De manhã, eles se reuniram do lado de fora do quartel policial e exigiram que os quatro suspeitos fossem entregues a eles, segundo Razafintsiandraofa.
Uma fonte da polícia disse à AFP que pelo menos 500 pessoas se reuniram no local, algumas com “armas brancas” e “facões”.
“Houve negociações, os moradores insistiram”, disse a fonte. No final, os policiais decidiram lançar granadas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão e realizaram alguns disparos.
Mas os habitantes tentaram forçar a entrada no quartel e os policiais “não tiveram escolha a não ser se defender”, disse a fonte. Madagascar, uma grande ilha no Oceano Índico, é um dos países mais pobres do mundo.
© Agence France-Presse