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ONU: 165 milhões de pessoas entraram na pobreza em 3 anos de crises

O impacto acumulado das crises levou 75 milhões de pessoas a uma situação de extrema pobreza no mundo de acordo com a ONU

Redação Jornal de Brasília

14/07/2023 7h37

Foto: AFP

As crises registradas desde 2020, como a pandemia, a inflação ou a guerra na Ucrânia, levaram 165 milhões de pessoas à pobreza, informou a ONU, que pediu uma pausa no pagamento da dívida dos países em desenvolvimento para inverter a tendência.

O impacto acumulado das crises levou 75 milhões de pessoas a uma situação de extrema pobreza (menos de 2,15 dólares por dia, R$ 10,3 na cotação atual) entre 2020 e o fim de 2023 e mais 90 milhões a viver abaixo do limite da pobreza, com 3,65 dólares (R$ 17,5 na cotação atual) por dia, de acordo com projeções do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

“Os países que conseguiram investir em medidas de proteção nos últimos anos evitaram que muitas pessoas caíssem na pobreza”, afirmou o diretor do PNUD, Achim Steiner, em um comunicado.

“Mas nos países muito endividados há uma correlação entre elevados níveis de dívida, gastos sociais insuficientes e um aumento alarmante dos níveis de pobreza”, alertou.

O PNUD pede uma “pausa” nos pagamentos das dívidas nestes países, que devem optar entre pagar a dívida ou ajudar a população.

De acordo com outro relatório da ONU, publicado na quarta-feira, 3,3 bilhões de pessoas, quase metade da população mundial, vivem em países que gastam mais para pagar os juros da dívida do que em áreas como educação e saúde.

Os países em desenvolvimento, apesar do nível de dívida menor – mas que aumenta rapidamente -, pagam mais juros devido ao aumento das taxas.

Diante do cenário, o PNUD pede uma “pausa” para destinar o pagamento da dívidas ao financiamento de medidas sociais destinadas a amortecer os efeitos dos choques econômicos. A ONU acredita que “a solução não está fora do alcance do sistema multilateral”.

De acordo com cálculos do PNUD, retirar estas 165 milhões de pessoas da pobreza custaria 14 bilhões de dólares por ano, o equivalente 0,009% do PIB mundial em 2022, e menos de 4% do serviço da dívida dos países em desenvolvimento.

Ao considerar também as perdas de renda das pessoas que já estavam abaixo da linha da pobreza antes das crises recentes, o custo do alívio seria de 107 bilhões de dólares (0,065% do PIB, quase 25% do serviço da dívida).

“Há um custo humano para a inação a respeito da reestruturação da dívida soberana dos países em desenvolvimento”, recorda Achim Steiner. “Precisamos de novos mecanismos para antecipar e absorver os impactos e para que a arquitetura financeira funcione para os mais vulneráveis”.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que pede uma reforma das instituições financeiras internacionais, criticou mais uma vez esta semana um sistema “obsoleto que reflete as dinâmicas coloniais da época em que foi criado”.

© Agence France-Presse

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