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Israel anuncia apreensão do porto de Gaza e mantém operação em hospital

As tropas israelenses já tomaram o Parlamento, os edifícios do governo e da polícia militar em Gaza – todos “vazios”, segundo o Hamas

Redação Jornal de Brasília

16/11/2023 12h54

Foto: SAID KHATIB / AFP

O Exército israelense continua, nesta quinta-feira (16), com sua operação contra o Hamas em Gaza, onde tomou o porto e prossegue a incursão no principal hospital do território, apesar das críticas e da preocupação internacional com os civis dentro do estabelecimento.

O Exército anunciou que assumiu o “controle operacional” do porto da cidade de Gaza, no norte do território palestino, e acusa o movimento islamista Hamas de utilizá-lo “como centro de treinamento para suas forças de comando naval, a fim de planejar e executar ataques terroristas”.

O porto de Gaza é pequeno e limitado às atividades pesqueiras, devido ao bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde que o Hamas assumiu o poder no território palestino, em 2007.

As tropas israelenses já tomaram o Parlamento, os edifícios do governo e da polícia militar em Gaza – todos “vazios”, segundo o Hamas.

O Exército também confirmou à AFP nesta quinta-feira que suas tropas continuam mobilizadas nas instalações do hospital Al Shifa, onde a ONU estima que haja 2.300 pessoas.

O Ministério da Saúde do Hamas afirmou que Israel “destruiu o serviço de radiologia” do hospital e danificou os serviços de tratamento de queimaduras e diálise.

Na quarta-feira, Israel lançou o que chamou de “operação seletiva” neste complexo, onde afirma que o Hamas – considerado uma “organização terrorista” por Estados Unidos, União Europeia e Israel – tem uma base militar.

O Exército israelense disse ter encontrado ali “munições, armas e equipamento militar” pertencentes ao Hamas e publicou imagens de armas, granadas e outros equipamentos de guerra.

O Ministério da Saúde do Hamas refutou a acusação, afirmando que a posse de armas em hospitais da sua rede “não é autorizada”. A AFP não pôde confirmar de forma independente as afirmações de nenhum dos lados.

Ataque a posto de gasolina

Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque surpresa no sul de Israel no qual morreram 1.200 pessoas e outras 240 foram feitas reféns, segundo as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o movimento islamista, bombardeando diariamente a Faixa de Gaza e colocando-a sob cerco total.

Esta ofensiva deixa mais de 11.500 palestinos mortos, incluindo mais de 4.700 crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Esta mesma fonte indicou que várias dezenas de pessoas morreram em bombardeios noturnos israelenses em Gaza, incluindo nove civis em um ataque a um posto de gasolina no acampamento de refugiados de Nuseirat (centro).

Pausas humanitárias

Pela primeira vez desde o início da guerra, o Conselho de Segurança da ONU conseguiu aprovar uma resolução que pede “pausas humanitárias e corredores humanitários amplos e urgentes” que permitam que a ajuda chegue à Faixa de Gaza.

De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), 1,65 milhão de pessoas – dois terços da população – foram forçadas a fugir de suas casas, devido ao conflito.

O ataque das tropas israelenses ao hospital Al Shifa gerou condenação internacional e apelos à proteção dos civis palestinos.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu nesta quinta-feira uma investigação internacional, após as “acusações extremamente graves” de violações do direito internacional, “independentemente de quem as cometa”.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um apoio-chave de Israel na guerra contra o Hamas, pediu ao seu aliado para ser “extremamente cuidadoso” nesta operação dentro do hospital.

“Não se deixe consumir pelo ódio”

Enquanto isso, as famílias dos 240 reféns detidos pelo Hamas exigem um acordo imediato do governo de Benjamin Netanyahu para sua libertação e, na terça-feira, iniciaram uma marcha em Tel Aviv até o gabinete do primeiro-ministro, em Jerusalém.

Biden afirmou estar “um pouco esperançoso” de que tenha havido um resultado positivo nas negociações para a libertação dos reféns, nas quais o Catar atua como mediador.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, exigiu a “libertação imediata” dos sequestrados durante uma visita ao kibutz Beeri, onde pelo menos 85 pessoas morreram nas mãos de combatentes do Hamas, e cerca de 30 foram raptadas.

Borrell também pediu a Israel “que não se deixe consumir pelo ódio”.

A guerra também gerou uma situação “potencialmente explosiva” na Cisjordânia ocupada, alertou Volker Türk, com a intensificação das operações de busca e incursões do Exército israelense, que afirma estar respondendo a um “aumento significativo dos ataques terroristas” desde 7 de outubro.

Mais de 190 palestinos morreram nas mãos de colonos e de soldados israelenses desde aquele dia. A polícia israelense anunciou, nesta quinta-feira, que matou três agressores, após um “tiroteio” perto de um posto de controle de segurança que liga Jerusalém à Cisjordânia.

 

© Agence France-Presse

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