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Mundo

Guatemala elege novo presidente neste domingo após campanha tumultuada

Esperava-se um grande número de cédulas nulas e os especialistas disseram que era provável uma baixa participação

Redação Jornal de Brasília

25/06/2023 11h00

Imagem: Reprodução/Web

Após uma das temporadas eleitorais mais tumultuadas na sua história, a Guatemala vai às urnas neste domingo, 25, para escolher presidente e vice-presidente, além de preencher todos os assentos do congresso e centenas de cargos locais.

Pouco mais de 9 milhões de pessoas estavam registradas para votar, mas muitos guatemaltecos expressaram frustração com suas opções presidenciais depois que três candidatos de oposição foram excluídos pelas autoridades. Esperava-se um grande número de cédulas nulas e os especialistas disseram que era provável uma baixa participação.

Como nenhum dos 22 candidatos à presidência estava perto do limite de 50% necessário para vencer diretamente, é quase certo um segundo turno de votação em 20 de agosto entre os dois primeiros colocados.

Processo eleitoral

O presidente Alejandro Giammattei, que não poderia concorrer à reeleição, fez um esforço na sexta-feira, 23, para amenizar dúvidas sobre o processo eleitoral e as reclamações generalizadas, dizendo que as eleições são “mais um sinal de que vivemos em uma democracia estável, algo que se consolida com eleições periódicas, livres e participativas”.

Ele garantiu aos guatemaltecos que seu governo estava se esforçando para garantir que a votação ocorresse de forma pacífica.

Acusações tanto de dentro quanto de fora da Guatemala de que a votação foi injustamente tendenciosa para favorecer o establishment político aumentaram depois que vários candidatos de fora foram excluídos pelo Tribunal Supremo Eleitoral, a mais alta autoridade sobre o assunto.

Entre aqueles impedidos de estar na cédula estava Thelma Cabrera, uma esquerdista e a única candidata indígena que supostamente não atendeu aos requisitos para concorrer.

Carlos Pineda, um populista de direita que liderava nas pesquisas de opinião, foi negado um lugar devido a supostas irregularidades em sua indicação. Roberto Arzú, um candidato conservador da lei e da ordem, foi barrado por supostamente ter iniciado sua campanha muito cedo.

Os dois principais candidatos com chances de avançar para um segundo turno eram Sandra Torres, que se divorciou do presidente social-democrata Álvaro Colom em 2011 enquanto ele estava no cargo, e o diplomata Edmond Mulet. Zury Ríos Sosa, filha do ex-ditador Efraín Ríos Montt, também era considerada concorrente

Conservadorismo

Todos os três estão no lado mais conservador do espectro político e fizeram campanha prometendo implementar medidas rigorosas de segurança, como o presidente Nayib Bukele no vizinho El Salvador, e promovendo valores familiares conservadores.

Torres, em sua terceira tentativa de vencer a presidência, também prometeu cestas básicas para os necessitados e reduções nos impostos sobre alimentos. Mulet disse que daria medicamentos gratuitos aos guatemaltecos e apoiaria idosos e mães solteiras.

Ríos Sosa fez campanha para estabelecer a pena de morte, proibir cargos governamentais para aqueles condenados por corrupção, proteger os direitos de propriedade privada e melhorar o sistema de saúde.

Nenhum partido de esquerda governou a Guatemala em quase 70 anos, desde duas administrações de esquerda de 1945 a 1954. A segunda delas foi liderada pelo presidente Jacobo Arbenz, que foi deposto em um golpe apoiado pela CIA.

A votação ocorre em meio a uma frustração generalizada com altos índices de criminalidade, pobreza e desnutrição – todos fatores que levam dezenas de milhares de guatemaltecos a migrar a cada ano. Há também indignação com a corrupção oficial e as ações do governo contra ativistas anticorrupção.

“O que não permite eleições livres e democráticas na Guatemala é a corrupção e a impunidade”, escreveu no Twitter uma ex-procuradora-geral da Guatemala, Thelma Aldana, que buscou asilo nos Estados Unidos sob a alegação de perseguição política.

Estadão Conteúdo

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