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Dólar cai a R$ 5,2020 com reação a atos golpistas e visão de Fed menos hawk

O dólar à vista caiu 1,06% nesta terça, 10, a R$ 5,2020, a menor cotação no fechamento desde 23 de dezembro (R$ 5,1662)

Redação Jornal de Brasília

10/01/2023 19h19

O dólar à vista caiu 1,06% nesta terça, 10, a R$ 5,2020, a menor cotação no fechamento desde 23 de dezembro (R$ 5,1662). Agentes do mercado atribuem o movimento à percepção de um Federal Reserve (Fed) menos hawkish, na esteira de falas protocolares do presidente do banco central americano, Jerome Powell, na manhã de hoje. A reação dos Três Poderes aos atos golpistas do último domingo, 8, também continua a ser recebida positivamente.

A moeda americana iniciou o dia em alta, mas firmou-se em queda no fim da manhã, durante as declarações de Powell. Sem reforçar uma postura austera do banco central americano, as falas do dirigente levaram a divisa a moderar a alta globalmente e favoreceram a recuperação do real a partir das 11 horas. Durante a tarde, o dólar teve mínima de R$ 5,1990 (-1,11%), às 16h33, em meio à recuperação do Ibovespa.

“O dólar devolveu ganhos após as declarações do presidente do Fed, Powell, não reiterarem uma postura hawkish”, pontua o analista sênior de mercados da Oanda, Edward Moya, em relatório. Às 17h48, o índice DXY, que mede a força da divisa americana ante uma cesta de seis moedas desenvolvidas, avançava 0,27%, aos 103,274 pontos, em linha com o comportamento observado durante a sessão.

A chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Roberta Folgueral, afirma que o fortalecimento do real respondeu à percepção de um Fed menos hawkish e à reação do poder público aos atos de domingo, após Câmara e Senado terem aprovado a intervenção federal na segurança do Distrito Federal. “O Fed acabou ‘surpreendendo’ um pouco, enfraquecendo a moeda, e os juros de médio e longo prazo cederam”, afirma.

A garantia do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), de que o cronograma de anúncios econômicos prometido na última semana não seria alterado pelos atos golpistas do último domingo, 8, também repercutiu positivamente no mercado. “Isso colaborou para a redução do dólar, porque o mercado tinha ficado receoso sobre se o governo iria manter essa agenda ou não”, comenta o assessor de investimentos da SVN João Felipe Dias.

Na manhã, a Moody’s afirmou, em relatório, não ver impacto significativo dos atos golpistas no perfil de crédito dos emissores brasileiros, inclusive no crédito soberano do País. Para a agência, a determinação das autoridades em controlar rapidamente a situação serviu como sinal de força institucional e reforçou a expectativa de que a estabilidade econômica prevaleça no Brasil.

Dias, da SVN, acrescenta que a alta de 1,51% Ibovespa ajudou o desempenho do real no curto prazo, devido ao fluxo financeiro. “A gente viu que 2022 foi um dos anos com mais entrada de fluxo estrangeiro na Bolsa e janeiro continua esse movimento. Um Ibovespa alto colabora para a nossa atração de capital e contribui para o câmbio por aqui”, afirma o analista.

Hoje, o real se beneficiou ainda da alta das commodities no mercado internacional, com um aumento dos futuros do petróleo entre 0,56% (Brent) e 0,66% (WTI). A surpresa altista com o IPCA de dezembro – de 0,62%, 0,17 ponto porcentual acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast (0,45%) – não alterou para o mercado a avaliação de que o processo de desinflação deve continuar no País.

Estadão Conteúdo

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