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Mundo

Decisões russas sobre a Ucrânia são condenadas no Conselho de Segurança da ONU

O encontro, que em 90 minutos de duração não teve nenhuma providência tomada, foi mais uma repreensão diplomática às ações da Rússia

Redação Jornal de Brasília

22/02/2022 7h09

A Organização das Nações Unidas (ONU) e a maioria dos membros do Conselho de Segurança condenaram a decisão da Rússia de reconhecer a independência das repúblicas separatistas da Ucrânia e o envio de tropas russas a essas áreas. A reunião aconteceu entre a noite de segunda-feira, 21, e a madrugada desta terça-feira, 22, no horário do Brasil.

O encontro, que em 90 minutos de duração não teve nenhuma providência tomada, foi mais uma repreensão diplomática às ações da Rússia, que foram condenadas como uma violação da Carta das Nações Unidas. As críticas vieram de países como França, Noruega, Irlanda, Estados Unidos e Quênia.

Geraldine Byrne Nason, embaixadora irlandesa, disse que os atos unilaterais da Rússia estão apenas exacerbando as tensões. Para a França, a Rússia “escolheu um caminho questionável e de confronto”, lamentou o embaixador Nicolas de Riviere.

A decisão russa de enviar “tropas de paz” ao leste da Ucrânia foi considerada um “absurdo” pela embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield. Ela chamou a tentativa de recriar o império russo de um retrocesso antiquado: “Putin quer que o mundo volte no tempo. Para um tempo antes das Nações Unidas. Para uma época em que impérios governavam o mundo”, disse ela.

“Quem será o próximo” a ser invadido?, perguntou o embaixador albanês, Ferit Hoxha, mais diretamente, condenando uma “ruptura do direito internacional”.

O representante indiano, T.S. Tirumurti, compartilhou sua “profunda preocupação” e pediu “contenção de todas as partes”.

Por sua vez, a embaixadora britânica, Barbara Woodward, demandou que a Rússia “recuasse”. Na mesma linha, o embaixador Ronaldo Costa Filho, do Brasil, exigiu um “cessar-fogo imediato” no leste da Ucrânia.

O embaixador do Quênia, Martin Kimani, que teve seu discurso elogiado nas redes sociais, disse:”Hoje, a ameaça ou uso da força contra a integridade territorial e a independência política da Ucrânia foi afetada”. Gana e Emirados Árabes também criticaram a Rússia, pedindo redução da escalada e contenção.

A China se distinguiu de seus parceiros ao abster-se de condenar explicitamente a Rússia. “Acreditamos que todos os países devem resolver suas diferenças internacionais por meios pacíficos, de acordo com os objetivos e princípios da Carta das Nações Unidas”, disse o embaixador Zhang Ju.

“As fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia permanecerão inalteradas, independentemente das declarações e atos da Rússia”, disse o embaixador da Ucrânia nas Nações Unidas, Sergiy Kyslytsya, que foi convidado a falar na reunião, embora seu país não seja membro do Conselho.

O embaixador pediu à Rússia que anule sua decisão de reconhecer os territórios ucranianos separatistas, retorne à mesa de negociações e realize a retirada imediata e verificável de suas tropas de ocupação, acrescentou Kyslytsya.

A Secretária Geral Adjunta da ONU para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, lamentou as decisões e ações russas. “As próximas horas e dias serão críticos. O risco de novos conflitos é real e deve ser evitado a todo custo”, disse DiCarlo na reunião.

Apesar das condenações, Moscou se disse aberta à diplomacia para resolver a crise na Ucrânia. O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenziamas, assegurou que não está sendo preparado um “banho de sangue” nos territórios separatistas do leste do país.

Contexto

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou na última segunda-feira, 21, dois decretos que autorizam o envio de tropas para duas regiões separatistas no leste da Ucrânia, depois de reconhecer Donetsk e Luhansk como repúblicas independentes. A medida, que ecoa os movimentos de Putin na Guerra da Geórgia em 2008, foi anunciada um dia depois dos esforços do presidente francês, Emmanuel Macron, de negociar uma saída diplomática para a crise.

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