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Cristina Kirchner volta a atacar Judiciário e diz ser vítima de ‘pelotão de fuzilamento’

Após o pronunciamento de Cristina, realizado por videoconferência, o tribunal anunciou que a decisão será anunciada em 6 de dezembro

FolhaPress

29/11/2022 13h00

Foto: Reprodução

Sylvia Colombo

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, apresentou nesta terça-feira (29) a última parte de sua defesa à Justiça no processo em que é acusada de liderar um esquema de desvio de verbas públicas no período em que ela e seu marido, Néstor Kirchner (2003-2015), foram presidentes do país.

A Procuradoria pediu que ela seja condenada a 12 anos de prisão. Após o pronunciamento de Cristina, realizado por videoconferência, o tribunal anunciou que a decisão será anunciada em 6 de dezembro. “Este tribunal é um pelotão de fuzilamento”, afirmou a vice-presidente, para quem a sentença já está definida: “Só não sabia que seria tão mal escrita”. A linha de defesa de Cristina bate na tecla do argumento de que ela é vítima de “lawfare” -ou seja, os juízes a perseguiriam devido a razões políticas.

A vice-presidente também acusa os promotores Diego Luciani e Sergio Mola de serem parciais e disse que eles “poderiam ser jornalistas-estrela do Clarín ou do La Nación”, as duas principais publicações noticiosas da Argentina, com linha editorial crítica em relação ao kirchnerismo.

Ao falar de “pelotão de fuzilamento”, Cristina resgata o Massacre de Trelew, de 1972, quando as Forças Armadas executaram prisioneiros que pertenciam às organizações armadas de esquerda Montoneros e Exército Revolucionário do Povo. “Nem naquela época, nem agora, conseguem provar as acusações.”

Na “causa vialidad”, como o processo ficou conhecido, Cristina e outras 13 pessoas são acusadas de direcionar à empresa Austral Construcciones verbas destinadas a obras públicas na província de Santa Cruz, da qual Néstor foi governador. A companhia pertence a Lázaro Baez, também réu nessa ação e já condenado em outra, por corrupção, assim como o ex-ministro do Desenvolvimento Julio De Vido.

Segundo a Procuradoria, teriam ocorrido irregularidades em 51 das obras públicas realizadas em Santa Cruz pela Austral, e Cristina teria sido “chefe de uma associação ilícita e de uma gestão fraudulenta que causou danos à administração pública”. O pedido de condenação de 12 anos, disse o promotor Luciani, deve-se “à magnitude dos delitos cometidos, dos meios empregados e da extensão dos danos no tempo”.

Nesta terça, Cristina fez ainda uma defesa de sua gestão em comparação com a de seu sucessor, Mauricio Macri, a quem acusa de envolvimento com a chamada “gangue do algodão doce”, que tentou assassiná-la na frente de sua casa, em setembro, já que o líder do Revolução Federal, grupo de extremistas de direita, trabalhou para o empresário Nicolás Caputo, melhor amigo do ex-presidente.

“Vocês acreditam mesmo que meu governo tenha cometido fraude contra a administração pública? Nós, que entregamos um país sem dívidas e no qual as condições de vida eram muito melhores?”, disse ela, apontando para Macri, que pediu empréstimo de US$ 56 bilhões ao FMI. “Os que realmente cometeram delitos na gestão estão hoje sem nenhum problema com a Justiça, estão no Qatar, vendo a Copa.”

Macri foi ao país no Oriente Médio para acompanhar jogos do Mundial A vice também apresentou à Justiça um documento em que diz expor as “20 mentiras” do atual processo.

Além desse caso, ela ainda responde a outras cinco acusações de corrupção, relacionadas ao suposto uso de hotéis de propriedade da família Kirchner, na Patagônia, em esquema de desvio de dinheiro público, enriquecimento ilícito e evasão de divisas. Os filhos do casal, o hoje deputado Máximo Kirchner e Florencia Kirchner, também são acusados de envolvimento e poderiam ser condenados à prisão.

Por ser vice, Cristina conta com imunidade, portanto não poderia ser presa imediatamente caso seja considerada culpada. Seria necessário, a partir daí, que o Congresso votasse pela retirada dessa proteção. No dia anterior à apresentação da defesa, Cristina pediu a apoiadores que não realizassem manifestações públicas e preferiu fazer seu pronunciamento online, de seu gabinete no Senado.

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