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Cortes orçamentários na Argentina provocam protestos em universidades

O governo tem justificado repetidamente os cortes orçamentários ao alegar que as universidades públicas são locais de doutrinação “socialista”

Redação Jornal de Brasília

02/10/2024 13h29

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O presidente da Argentina, Javier Milei, durante evento em Buenos Aires – Tomas Cuesta/AFP/AFP

Com o apoio de sindicatos e partidos de oposição, as universidades públicas da Argentina realizam grande manifestação contra os cortes orçamentários.

A convocação para os protestos foi feita depois que o governo de Milei ameaçou vetar lei aprovada semanas atrás pelo Congresso para garantir o financiamento das universidades, à medida que a Argentina enfrenta uma crise econômica com inflação anual próxima a 240% e mais da metade da população na pobreza.

“O governo tem um plano sistemático, metódico e gradual para destruir a educação pública”, disse Ricardo Gelpi, reitor da Universidade de Buenos Aires, em comunicado. A universidade é a maior do país e está classificada entre as 100 melhores do mundo, de acordo com o ranking da QS.

O governo tem justificado repetidamente os cortes orçamentários ao alegar que as universidades públicas são locais de doutrinação “socialista”, mas a boa reputação das instituições de ensino superior entre os argentinos tem resultado em ampla resistência social.

“Esse governo vai vetar uma lei de financiamento que representaria uma porcentagem muito pequena do PIB [Produto Interno Bruto] do país”, disse Gelpi, acrescentando que o Executivo não se importa com a educação, a ciência ou o aspecto social das universidades.

Em abril, um protesto que reuniu centenas de milhares de estudantes e professores forçou Milei a reconsiderar um corte no orçamento das universidades, embora as autoridades de instituições de prestígio — que são em sua maioria gratuitas na Argentina — tenham dito posteriormente que o governo não cumpriu as melhorias prometidas.

Milei alega que seu plano econômico trabalha em prol do equilíbrio fiscal da economia argentina, mas seus oponentes dizem que os ajustes não têm sido cuidadosos ou equitativos e têm prejudicado pessoas mais vulneráveis e setores mais sensíveis, como saúde e educação.

“A educação universitária pública nunca teve falta de financiamento. O compromisso do governo com as universidades públicas permaneceu firme”, disse o Ministério do Capital Humano da Argentina em nota, alegando que apenas exigiu mais clareza na gestão dos recursos.

De acordo com a Universidade de Buenos Aires, que conta com cinco ganhadores do Prêmio Nobel entre seus graduados, os professores universitários e os funcionários não docentes perderam cerca de 40% de seu poder aquisitivo desde dezembro,  “número que continua se deteriorando ainda mais” para permanecer abaixo da linha da pobreza.

Com informações da Agência Brasil

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