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Combates persistem no leste da Ucrânia, onde EUA preveem longo conflito

“Putin está se preparando para um longo conflito na Ucrânia, durante o qual ainda pretende alcançar objetivos além de Donbass”, onde

Redação Jornal de Brasília

10/05/2022 23h35

Foto: Divulgação / AFP

A Rússia persistiu nesta terça-feira (10) com sua ofensiva no leste da Ucrânia, onde a inteligência dos Estados Unidos estima que o presidente Vladimir Putin se prepara para um longo conflito, que poderia se estender à Moldávia.

“Putin está se preparando para um longo conflito na Ucrânia, durante o qual ainda pretende alcançar objetivos além de Donbass”, onde se concentram os combates, declarou a diretora de Inteligência Nacional, Avril Haines, diante do Congresso.

Segundo Haines, a intenção do Kremlin seria estabelecer “uma ponte terrestre” pelo sul da Ucrânia até a Transnítria, região da Moldávia que se separou em 1990 e conta com o apoio de Moscou.

A autoridade americana alertou que pode haver “uma escalada” nos próximos meses, embora tenha esclarecido que Putin “só autorizará o uso de armas nucleares se perceber uma ameaça existencial ao Estado e o regime russo”.

Combates no leste

Por enquanto, porém, os combates se concentram no leste do país, após um atentado nesta segunda-feira na cidade de Odessa, que deixou um morto e coincidiu com a visita do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

O Estado-Maior ucraniano informou nesta terça sobre fogo de artilharia e bombardeios em toda a zona oriental, incluindo a siderúrgica Azovstal, de Mariupol, no sudeste, e ofensivas sendo preparadas nas áreas de Liman e Severodonetsk.

Na siderúrgica, o último foco de resistência na castigada cidade portuária, ainda há mais de 1.000 militares entrincheirados, mas não há civis depois das evacuações da semana passada, indicaram as autoridades ucranianas.

O governador da região de Donetsk também anunciou a morte de três civis em Marinka, Avdivka e Kalynove.

Mais ao norte, o governador de Kharkiv (nordeste), revelou a descoberta de 44 corpos de civis nos escombros de um prédio destruído em março em Izium, cidade sob controle russo.

Por sua vez, o Ministério da Defesa russo anunciou a tomada de Popasna, cidade na fronteira entre as duas províncias de Donbass (Lugansk e Donetsk), onde Kiev luta contra separatistas pró-russos desde 2014.

De acordo com o exército de Moscou, eles realizaram 74 ataques na ex-república soviética nesta terça-feira. Além disso, recuperaram três novos corpos ucranianos no Mar Negro depois de uma tentativa fracassada de tomar a estratégica Ilha das Serpentes, resultando em 27 mortes.

‘Guerra e Paz’

Com os combates centrados no leste, os ministros das Relações Exteriores da Alemanha e da Holanda, Annalena Baerbock e Wopke Hoekstr, foram para dois subúrbios de Kiev, Bucha e Irpín, respectivamente, onde a Ucrânia denuncia massacres russos.

Ambos anunciaram durante a viagem a reabertura de suas respectivas embaixadas em Kiev, fechadas logo após o início da invasão russa em 24 de fevereiro.

Aproveitando a visita da ministra alemã, o chanceler da Ucrânia, Dmytro Kuleba, agradeceu à Alemanha por sua “mudança de posição” da oposição inicial para o embargo às importações de petróleo russo e a entrega de material militar a Kiev.

Também, em meio à campanha ucraniana para ingressar na União Europeia, Kuleba indicou que esta entrada “é uma questão de guerra e paz na Europa”.

A questão não obtém consenso entre os membros do bloco, assim como as negociações sobre um possível embargo ao petróleo russo, rejeitado por alguns países altamente dependentes dessas importações.

Em termos de ajuda militar, o presidente dos EUA, Joe Biden, que já aprovou 3,8 bilhões de dólares em assistência, ativou um mecanismo na segunda-feira para acelerar o envio de armamentos à Kiev.

Reuniões na ONU

O Conselho de Direitos Humanos da ONU realizará na quinta-feira, a pedido de Kiev e com o apoio de dezenas de países, uma sessão extraordinária sobre “a deterioração da situação dos direitos humanos na Ucrânia” devido à invasão russa.

A Rússia não participará do encontro, anunciou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.

A participação da Rússia na entidade foi suspensa no início de abril e sua vaga será ocupada a partir de agora pela República Tcheca, após uma votação efetuada na sede das Nações Unidas em Nova York.

O Conselho de Segurança da ONU também se reunirá na quinta-feira, pela 16ª vez desde o início da guerra, a pedido da França e México após o bombardeio de uma escola no leste da Ucrânia que matou 60 civis, segundo Kiev.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM), uma agência da ONU, calcula que até 3 de maio um total de 13,686 milhões de pessoas tiveram de fugir de suas casas pela ofensiva russa em seu território. Uma parte delas saiu do país e pouco mais de oito milhões se instalaram em outras regiões da Ucrânia.

Antes do conflito, a Ucrânia tinha 37 milhões de habitantes nos territórios controlados por Kiev, o que exclui a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e as áreas do leste controladas por separatistas pró-Rússia.

A retirada das tropas de Moscou no norte permitiu que muitos retornassem.

Embora ainda sujeita a toque de recolher e controles em suas ruas, Kiev, quase deserta no final de fevereiro, recuperou “quase dois terços” de seus 3,5 milhões de habitantes, disse o prefeito da capital, Vitali Klichkó.

À noite, ele anunciou a morte aos 88 anos na capital do primeiro presidente da Ucrânia independente, Leonid Kravchuk (1990-1994).

© Agence France-Presse

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