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Com olhar voltado para 2024, Trump reforça a desinformação sobre as eleições

Das 1.200 postagens do ex-presidente em sua rede social nos últimos 58 dias, uma centena questiona a integridade das eleições de 8 de novembro

Redação Jornal de Brasília

07/11/2022 17h55

6.jan.21/AFP

Banido do Twitter e do Facebook após o ataque de seus apoiadores ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, Donald Trump está de volta desde abril em sua própria plataforma, a Truth Social, onde multiplica referências a um complô eleitoral a poucos dias das eleições de meio de mandato.

Das 1.200 postagens do ex-presidente em sua rede social nos últimos 58 dias, uma centena questiona a integridade das eleições de 8 de novembro, segundo uma contagem da AFP.

“Está acontecendo de novo”, escreveu em 1º de novembro, compartilhando um artigo enganoso sobre os votos pelo correio na Pensilvânia, um estado-chave onde um importante assento poderia decidir a maioria no Senado, a câmara alta do Congresso.

“Eleição fraudada!”, acrescentou Trump, que nunca reconheceu sua derrota em novembro de 2020 contra Joe Biden e ambiciona uma nova candidatura em 2024.

Essa estratégia ecoa à lançada em 2020, quando insistiu que o voto pelo correio estava sujeito a fraudes generalizadas, antes que dezenas de tribunais negassem suas alegações.

Mas espalhar tal desinformação pode prejudicar a confiança dos americanos no processo eleitoral, alertam especialistas.

“Se os líderes dizem a seus partidários que as eleições não são confiáveis, eles acreditam”, comenta à AFP Russell Muirhead, professor de ciência política na universidade Dartmouth College.

“Veneno”

O ex-presidente republicano publica dezenas de vezes por dia na Truth Social. Ao longo dos últimos dois meses, Trump atacou Biden e os democratas, criticou pesquisas e promoveu seus comícios e conquistas políticas.

Trump elogia os republicanos que repetem suas alegações infundadas de fraude eleitoral. Como Kari Lake, a candidata à governadora do Arizona, que declarou que pode não aceitar o resultado se ela perder, apesar das garantias dadas no domingo à CNN pela chefe do Partido Republicano, Ronna McDaniel.

Apesar de uma audiência relativamente limitada na Truth Social de 4,5 milhões de seguidores, em comparação com os 88 milhões do Twitter, especialistas alertam que a desinformação de Trump se espalha online.

“Quando Trump coloca veneno na água, é todo o lago que se contamina”, diz Muirhead, da universidade Dartmouth College.

Contactados pela AFP, nem a equipe de Trump nem a sua organização “Save America” responderam.

“Influência desproporcional”

O ex-presidente deu visibilidade a centenas de artigos, pesquisas e memes a seu favor, um dos quais se referia a Biden como um “Hitler pedófilo”.

“Trump sempre teve uma influência desproporcional no Partido Republicano e mais amplamente no ecossistema midiático de direita, todas as suas ocorrências são retransmitidas”, analisa Rebekah Tromble, diretora do instituto de estatística, democracia e política da Universidade George Washington.

Em outubro, Trump compartilhou postagens de Melody Jennings, fundadora de um grupo que monitora locais de votação antecipada no Arizona para detectar supostas fraudes.

Uma dessas publicações incluía a foto de um eleitor que depositou, conforme explicou em uma denúncia posterior, seu voto e o de sua esposa que havia permanecido no carro.

O incidente lembra uma das falsas alegações de Trump em 2020 sobre funcionários eleitorais na Geórgia acusados de contar “malas” inteiras de cédulas fraudulentas, embora as investigações tenham concluído que nada de ilegal aconteceu.

Mas o estrago estava feito, dois funcionários receberam ameaças de morte, incluindo uma mulher que teve que sair de casa por dois meses a pedido do FBI.

“Você sabe como é ser alvo do presidente dos Estados Unidos?”, perguntou Ruby Freeman, em uma audiência perante um comitê de investigação do Congresso.

O novo dono do Twitter, Elon Musk, abriu as portas para o retorno de Trump, mas não antes das eleições de terça-feira.

© Agence France-Presse

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