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Cardeal Ouellet nega veementemente ter cometido agressões sexuais

“Se for aberta uma investigação, pretendo participar para que a verdade seja estabelecida e minha inocência seja reconhecida”, afirmou

Redação Jornal de Brasília

19/08/2022 15h44

Foto: AFP

O cardeal canadense Marc Ouellet negou veementemente ter cometido “gestos inapropriados” e “agressões sexuais” contra uma mulher em seu país e considera essas acusações “difamatórias”, segundo uma declaração divulgada nesta sexta-feira (19) no site do Vaticano.

“Após ter conhecimento das falsas acusações feitas contra mim pela denunciante (F.), nego com firmeza ter cometido gestos inapropriados contra essa pessoa”, declarou em nota.

“Considero difamatórias a divulgação e a interpretação dada às suas acusações”, afirmou o religioso, de 78 anos, atual prefeito da Congregação para os Bispos, um dos cargos mais importantes do governo do Vaticano.

“Se for aberta uma investigação civil, pretendo participar ativamente para que a verdade seja estabelecida e minha inocência seja reconhecida”, afirmou.

As denúncias contra Ouellet foram feitas por uma mulher identificada pela letra “F.”, que afirmou ter sofrido vários abusos por parte do cardeal.

Ouellet foi acusado de tocá-la de maneira inapropriada entre 2008 e 2010, enquanto era arcebispo de Quebec, segundo documentos judiciais recebidos em maio pelo Tribunal Superior da cidade.

“F” foi identificada como agente da pastoral quando supostamente ocorreram os fatos. A acusação foi enviada diretamente ao Vaticano em janeiro de 2021, quando foi remetida ao padre jesuíta Jacques Servais.

O cardeal está entre os mais próximos do papa e recebeu o apoio de Francisco na quinta-feira, depois que uma investigação interna incluiu que não havia provas para as acusações.

A denúncia contra Ouellet se soma aos depoimentos de 101 pessoas que afirmam terem sido “agredidas sexualmente” por mais de 80 membros do clero e funcionários laicos da diocese de Quebec desde junho de 1940, segundo os documentos judiciais.

Na quinta-feira, em nota oficial, o papa Francisco descartou a abertura de uma investigação sobre o cardeal, considerando que “não há elementos suficientes”.

Para o jesuíta que esteve encarregado do caso, “nem no relatório escrito enviado ao Santo Padre pela mulher, nem no depoimento via Zoom que posteriormente tomei na presença de um membro do Comitê Diocesano ‘ad hoc’ , essa pessoa fez alguma acusação que deu origem a uma investigação”, disse o porta-voz papal em um comunicado na quinta.

O escândalo se soma à avalanche de denúncias de abusos sexuais cometidos há décadas por religiosos, principalmente contra menores em todo o mundo, um crime “abominável” dentro da Igreja, que o papa Francisco prometeu punir severamente.

Em fevereiro, durante um importante simpósio no Vaticano na presença do papa Francisco, o cardeal Ouellet aludiu ao “drama dos abusos sexuais cometidos por clérigos” e criticou “o comportamento criminoso que foi encoberto por muito tempo para proteger a instituição”.

“Estamos todos divididos e humilhados por essas questões cruciais que nos desafiam todos os dias como membros da Igreja”, reconheceu na ocasião.

© Agence France-Presse

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