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Brasileira em Cúpula da Democracia critica barreiras para mulheres na política

O encontro terá a participação de líderes de 110 países, que farão discursos na quinta (9) e na sexta (10)

FolhaPress

08/12/2021 16h55

Foto: Reprodução/Redes Sociais

RAFAEL BALAGO
WASHINGTON, EUA

Embora representem 52% do eleitorado, as mulheres foram cerca de 15% do total de vereadores eleitos nas eleições municipais no Brasil em 2020, apontou a ativista Patrícia Zanella no primeiro dia de debates da Cúpula da Democracia, evento organizado pelo governo dos EUA.

O encontro terá a participação de líderes de 110 países, que farão discursos na quinta (9) e na sexta (10). Também participarão de reuniões virtuais fechadas e de debates públicos, junto a especialistas e ativistas. Zanella, 25, é a única participante brasileira no evento, além do presidente Jair Bolsonaro (PL), de acordo com a agenda oficial divulgada até agora. Ela foi escolhida para a edição deste ano do programa Hurford Youth Fellowship, voltado a jovens lideranças políticas e oferecido pela iniciativa World Movement for Democracy, baseada em Washington.

Na manhã desta quinta, ela esteve em um debate virtual sobre como ampliar a presença de mulheres em cargos públicos. “Em meu estado [São Paulo] um candidato ao Legislativo pode gastar R$ 2,5 milhões em cinco dias de campanha. Como uma jovem mulher sem acesso a recursos financeiros pode encarar estes milionários?”, questionou.

Segundo dados do TSE, foram eleitas 651 prefeitas em 2020 (12,1% do total) e 9.196 vereadoras (16%). Moradora do Jardim Rosa, perto do Horto Florestal, na zona norte de São Paulo, Zanella é filiada à Rede Sustentabilidade desde os 19 anos. Disputou eleições em 2018, concorrendo ao cargo de deputada federal, e em 2020, para vereadora. No primeiro pleito, obteve cerca de 10 mil votos, com uso intenso de redes sociais para fazer campanha. Ela defende mais direitos para as mulheres e para a população LGBTQIA+, além de mais ações ambientais.

Crítica de Bolsonaro em suas redes sociais, Zanella não citou o presidente durante o evento. Depois, em entrevista à Folha, questionou a participação dele na Cúpula. “Não faz sentido nenhum ele estar ali, uma pena que ele tenha tanto espaço para envergonhar nosso país”.

Formada em relações internacionais na Universidade Católica de Santos, a brasileira disse que seguirá participando de eleições e que pretende disputar algum cargo nas eleições de 2022, mas ainda depende de definições do partido. Zanella dividiu o painel na Cúpula com Nelly Mutti, presidente da Assembleia Nacional da Zâmbia, e a ativista May Sabe Phyu, de Mianmar. Na mesma sessão, em outra mesa, participaram Magdalena Andersson, primeira-ministra da Suécia, e Katherine Tai, representante de Comércio dos EUA.

Andersson contou que a Suécia tem governos com paridade de gênero -mesmo número de ministros e ministras- desde 1994, e que o país coloca a igualdade de oportunidades para mulheres como prioridade. “Não faz sentido, economicamente ou sob outros aspectos, deixar metade da população sem participação ativa”, disse a governante.

Tai, que integra o governo Biden, anunciou duas novas medidas: um programa para fomentar a participação política de mulheres, incluindo jovens, e outro para combater a violência de gênero, especialmente no ambiente digital. As duas propostas deverão ter alcance internacional.

Nesta quarta (8), o governo americano divulgou mais detalhes da agenda da Cúpula da Democracia. O evento será aberto por um discurso de Biden às 8h (10h em Brasília). Em seguida, haverá duas horas de reunião virtual fechada entre líderes dos países, sendo a primeira hora liderada por Biden e a segunda sob comando de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia).

Enquanto isso, serão exibidos, via internet, vídeos gravados com discursos dos líderes mundiais, nos quais eles devem dizer seus compromissos para reforçar a democracia. Até a publicação desta reportagem, havia sido divulgada apenas a lista de países que teriam seus vídeos exibidos na quinta (9), e o Brasil não está nela. A relação de sexta (10) ainda está sendo elaborada.

Entre 10h30 e 13h45 (hora local) de quinta, haverá painéis de debates, abertos, sobre como reforçar a resiliência democrática, recuperar as instituições após a pandemia e combater a corrupção. As discussões terão participação de alguns presidentes, procuradores-gerais e especialistas. Nenhum brasileiro foi relacionado.

Na sexta, as atividades começam às 6h (8h em Brasília), com discurso de Antonio Guterres, secretário-geral da ONU. Em seguida, haverá debates sobre proteção aos direitos humanos, combate ao autoritarismo e uso da tecnologia. Às 13h30, Biden terá uma fala de encerramento.

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