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Ativista vencedor do Nobel da Paz foi preso por se opor à ditadura da Belarus

O ativista Ales Bialiatski, 60, está preso na Belarus, comandada a mão de ferro pelo ditador Aleksandr Lukachenko, desde julho de 2021

FolhaPress

07/10/2022 8h49

Foto: Anders Wiklund/Afp

MAYARA PAIXÃO
GUARULHOS, SP

Laureado com o prêmio Nobel da Paz de 2022, o ativista Ales Bialiatski, 60, está preso na Belarus, comandada a mão de ferro pelo ditador Aleksandr Lukachenko, desde julho de 2021. Ele é um dos mais renomados defensores de direitos humanos em seu país.

Bialiatski fundou na década de 1990 o Centro de Direitos Humanos Viasna (primavera, em português), como resposta à repressão patrocinada por Lukachenko. Desde então, foi perseguido judicialmente diversas vezes pelo regime aliado de Moscou.

A organização presta apoio a pessoas que participam de manifestações e a familiares de presos políticos. Com sede na capital Minsk, tem cerca de 200 membros em todo o país, segundo informações oficiais.

Bialiatski já havia sido preso anteriormente, em novembro de 2011, quando foi condenado a quatro anos e meio de prisão em regime fechado por acusações de evasão fiscal -o que organizações de direitos humanos alegam ser apenas uma desculpa forjada para encarcerá-lo. Foi libertado após três anos, em junho de 2014.

Desta vez, é alvo de acusação semelhante. Segundo a Federação Internacional de Direitos Humanos, ele foi detido por supostos movimentos ilegais de dinheiro na fronteira. Outros dois membros da Viasna são alvos de acusações semelhantes de contrabando e também aguardam julgamento -a Justiça, no entanto, é alinhada ao regime.

Lukachenko, um ex-gerente de uma fazenda coletiva soviética, venceu a eleição presidencial livre de 1994, mas desde então deu início a uma empreitada autoritária na ex-república soviética.

Há poucas semanas, a Viasna enviou comunicado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU alertando para a possível deterioração da saúde de Bialiatski. No texto, a organização alega que ele está sendo mantido em uma espécie de corredor especial, no semi-subsolo, com acesso precário à luz e sem acesso a correspondência com familiares.

A ONG diz ainda que autoridades belarussas estão detendo sistematicamente qualquer pessoa que exerça o direito à liberdade de expressão -apenas no último mês, 387 teriam sido presos.

“Ales Bialiatski dedicou sua vida a promover a democracia e o desenvolvimento pacífico em seu país de origem”, disse o comitê norueguês do Nobel durante a justificativa na premiação nesta sexta (7). “Apesar das enormes dificuldades pessoais, ele não cedeu um centímetro na sua luta pelos direitos humanos na Belarus.”

O comitê também pediu publicamente pela liberdade do ativista e criticou a repressão promovida pela ditadura da Belarus. O prêmio foi triplo: o Memorial, grupo de direitos humanos da Rússia, e o Centro para Liberdades Civis da Ucrânia dividiram a láurea com o ativista.

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