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Ataque a hospital em Gaza: Jordânia cancela reunião com Biden e encontro na ONU é adiado

O ataque ao hospital, que ocorre em meio à piora da situação humanitária na Faixa de Gaza, afetou o esforço diplomático para amenizar

Redação Jornal de Brasília

17/10/2023 20h51

foto aérea mostra edifícios fortemente danificados após os ataques aéreos israelenses na cidade de Gaza em 10 de outubro de 2023. Foto de BELAL AL ??SABBAGH/AFP

Um bombardeio atingiu nesta terça-feira, 17, o hospital Al-Ahli, na cidade de Gaza, que abrigava milhares de civis no fogo cruzado entre Israel e o grupo terrorista Hamas, e deixou centenas de mortos e um número ainda desconhecido de pessoas sob os escombros. O ataque ao hospital, que ocorre em meio à piora da situação humanitária na Faixa de Gaza, afetou o esforço diplomático para amenizar a tensão na região. A visita do presidente Joe Biden à Jordânia foi cancelada e a ONU adiou uma discussão do Conselho de Segurança sobre a crise.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governado pela ala política do grupo terrorista Hamas, responsabilizou o governo de Israel, nesta terça-feira, 17, pelo bombardeio e disse que o ataque deixou ao menos 500 mortos em um hospital da Faixa de Gaza, mas o número exato de vítimas ainda não está claro. “O hospital abrigava centenas de doentes e feridos, bem como pessoas deslocadas à força”, afirmou o Ministério da Saúde em Gaza, em comunicado.

O Exército israelense disse que o hospital não estava entre os seus alvos e responsabilizou a Jihad Islâmica, um outro grupo palestino, pelo bombardeio. “Uma análise do sistema operacional do Exército indica que uma barragem de foguetes foi disparada por terroristas em Gaza e passou perto do hospital, que foi atingido”, disse o Exército israelense em nota.

A Jihad Islâmica negou a acusação de Israel. “Não houve operações nessa área”, disse o porta-voz do grupo Daoud Shebab ao New York Times. No passado, foguetes disparados por radicais palestinos já falharam e atingiram civis em Gaza. Nenhuma das versões pode ser verificada até agora.

Repercussões do bombardeio

No começo desta noite, o presidente americano Joe Biden embarcou para Israel, mas o seu encontro com o rei Abdullah II da Jordânia e os presidentes do Egito Abdel Fatah Al-Sisi e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas para discutir a crise em Gaza foi cancelado. A reunião do democrata como primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu está mantida.

Em paralelo, um encontro do Conselho de Segurança sobre a crise no Oriente Médio foi adiado para amanhã a pedido da Rússia e dos Emirados Árabes Unidos. Com isso, a reunião que estava prevista para esta noite para discutir uma resolução patrocinada pelo Brasil sobre o conflito e vinha sendo negociada desde ontem nos bastidores foi adiada.

No Líbano, o grupo xiita libanês Hezbollah responsabilizou Israel pelo ataque e prometeu “um dia de fúria” na quarta-feira, dia da visita de Biden a Israel, em protesto.

Após o ataque, manifestantes tomaram as ruas de diversas cidades do Oriente Médio e do Norte da África, como Túnis, Amã, Ancara, Líbano e Ramallah, em protesto contra o bombardeio, que atribuíram a Israel. Na maioria dessas cidades, a multidão se reuniu diante das embaixadas de Israel e dos Estados Unidos.

Fogo e vidros quebrados

Fotos e vídeos Hospital al-Ahli divulgados por agências de notícias independentes, como a AFP, a AP e a Reuters mostraram fogo consumindo os corredores do hospital, vidros quebrados e partes de corpos espalhadas pela área.

Vários hospitais na Cidade de Gaza tornaram-se refúgios para centenas de pessoas, na esperança de serem poupadas dos bombardeios depois de Israel ter ordenado que todos os residentes da cidade e se retirassem para o sul da Faixa de Gaza

O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, rival do Hamas, declarou três dias de luto após o bombardeio.

No total, segundo autoridades do Hamas na Faixa de Gaza, pelo menos 2,8 mil pessoas foram mortas e outras 10 mil ficaram feridas nos ataques israelenses. Os atentados terroristas do dia 7 já deixaram mais de 1,4 mil mortos em Israel.

Submetida a um cerco por Israel desde os atentados do Hamas, a população de Gaza tem poucas reservas de água, comida e combustível. Milhares de pessoas tentam fugir do norte do enclave, alvo de uma possível invasão israelense, em direção ao sul, na fronteira com o Egito.

Os prejuízos para a população civil são cada vez maiores. Na manhã desta terça-feira, equipes de resgate lutavam para libertar cerca de 1,2 mil pessoas presas sob os escombros. Em alguns mercados da cidade de Gaza, já era possível testemunhar brigas por causa de pães.

Com o aprofundamento da crise humanitária, aumentou a pressão para fornecer imediatamente segurança e ajuda aos dois milhões de residentes de Gaza. No entanto, os esforços diplomáticos liderados pelos EUA produziram até agora poucos resultados. Dias de esforços para fazer passar a ajuda através da fronteira do Egito com Gaza não deram frutos.

Na manhã de terça-feira, os Estados Unidos expressaram novamente a esperança de estar perto de um acordo de ajuda e do estabelecimento de zonas seguras no sul de Gaza, para onde as Nações Unidas disseram que 600 mil palestinos fugiram depois que Israel os advertiu para deixar o norte. Mas as forças israelenses continuaram a lançar ataques aéreos no sul de Gaza

O Ministério do Interior de Gaza disse que pelo menos 72 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em ataques a edifícios residenciais nas cidades de Khan Younis e Rafah. Os militares israelenses disseram na manhã de terça-feira que haviam atingido alvos do Hamas. 

Estadão Conteúdo

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