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‘Abaixo a coroa!’, gritam manifestantes antimonarquia em Londres

“Defendo a democracia e acreditando que as pessoas deveriam poder escolher se querem ou não um monarca como chefe de Estado”, afirmou Edwards

Redação Jornal de Brasília

06/05/2023 11h14

Na passagem da carruagem em que o rei Carlos III, acompanhado da rainha Camilla, se dirigiu à sua coroação em Londres, Anna Edwards exibiu um cartaz com a frase “Not my king!” (Não é meu rei), ao invés de agitar a bandeira britânica.

Assim como ela, centenas de manifestantes republicanos se concentraram na Trafalgar Square, na primeira hora deste sábado (6), e penduraram enormes bandeiras amarelas com as palavras “abolir a monarquia” ao longo do trajeto que o casal real fez neste dia histórico.

“Defendo a democracia e acreditando que as pessoas deveriam poder escolher se querem ou não um monarca como chefe de Estado”, afirmou Edwards, uma londrina de 33 anos.

“Não sou particularmente antimonarquista, mas sou a favor da eleição”, disse ela à AFP, enquanto centenárias e manifestantes chegavam em um clima festivo.

No entanto, uma pergunta estava na boca de todos: haveria intervenção da polícia, que tinha anunciado um nível muito baixo de “tolerância” aos protestos?

Rapidamente, acompanhei-se a notícia de que todo o mundo temia: Graham Smith, líder do grupo ‘Republic’, que convocou a manifestação, tinha sido detido.

A polícia deteve “seis dos nossos organizadores e confiscou centenas de cartazes com a lema “Não é meu rei”, confirmou à AFP um porta-voz do grupo minutos depois.

“Libertem Graham Smith!”, repetiam os manifestantes, em coro, enquanto vigiavam a multidão, de uma plataforma elevada, usando câmeras e binóculos.

“É por isto exatamente que estamos aqui hoje, porque a monarquia representa tudo o que está errado no Reino Unido: os privilégios, a desigualdade e a falta de democracia”, disse à AFP Martin Weegman, que usava um boné com a palavra ‘Republic’ .

Detenções

“Não posso acreditar, é revoltante”, afirmou Eva, de 19 anos, enquanto via as imagens das detenções em seu telefone celular.

Este estudante de Matemática explicou que, a princípio, não pensava participar da manifestação, mas mudou de opinião quando foi anunciada a promulgação acelerada, na quarta-feira, de uma nova lei, criticada pela ONU, que dá maiores poderes à polícia para limitar as manifestações.

“Tudo está errado nesta lei, portanto hoje não tenho realmente vontade de comemorar nada”, acrescentou.

Os republicanos continuaram sendo minoria no Reino Unido, mas se tornaram mais visíveis desde a morte da popular rainha Elizabeth II, em setembro.

Vários protestam quase habitualmente quando Carlos III se desloca em alguma visita oficial.

Usando um chapéu estampado com a bandeira britânica, Alice Ridge, de 65 anos, foi saudar o rei, mas encontrou o protesto no meio do caminho. “Não estraguem a festa”, disse, visivelmente incomodada, antes de ir embora.

A convivência foi cordial entre os manifestantes e o restante da multidão até que, na aproximação do cortejo real, os apoiadores da monarquia vãoaram aqueles que gritaram “Não é meu rei!” e “Abaixo a coroa!”. Em seguida, seguia a cantar o hino nacional, “God Save The King”, enquanto agitavam as bandeiras britânicas.

Jane, que está na faixa dos 30 anos, se divertiu com o confronto. Ela ficou contente de que tantos manifestantes saíram, apesar da chuva, para criticar uma monarquia que chamou de “antiquada”. “É muito agradável ver gente sensata e reflexiva protestando contra essa farsa”, contorno.

“Agora, existe uma voz verdadeira para o republicanismo” no Reino Unido, acrescentou Anna, uma mulher de 54 anos, que não revelou o sobrenome.

Ela lembrou que pesquisas recentes mostram um aumento do sentimento republicano, sobretudo entre os mais jovens. “Chegou o momento”, afirmou.

© Agence France-Presse

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