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Economia

Taxas de juros recuam com apostas menos agressivas para Fed e queda do dólar

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou em 13,72%, de 13,73% na segunda-feira no ajuste

Redação Jornal de Brasília

23/08/2022 18h00

Foto: Reprodução

A melhora do humor nos mercados internacionais nesta terça-feira trouxe alívio de prêmios à curva de juros doméstica, com queda nos principais vértices e mais acentuada na ponta longa, na esteira da valorização do câmbio e do bom comportamento dos Treasuries, apesar do avanço das commodities. Dados fracos da economia americana reduziram as apostas numa ação mais agressiva do Federal Reserve, ampliando a expectativa com relação ao Simpósio de Jackson Hole no final da semana. No Brasil, a agenda de indicadores foi esvaziada, com o investidor no aguardo do IPCA-15 de agosto na quarta-feira. O leilão de NTN-B do Tesouro veio com lote de risco (DV01) bem menor em comparação ao da semana passada, o que foi lido como um elemento a menos de pressão sobre a curva.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou em 13,72%, de 13,73% na segunda-feira no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 fechou em 13,08%, de 13,15%. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,08% para 11,89%. A taxa do DI para janeiro de 2027 recuou de 11,83% para 11,60%.

Num dia fraco de notícias, a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira, viu a trajetória baixista dos DIs atrelada à melhora da percepção sobre a inflação à frente, com ingredientes internos e externos, citando o peso das medidas do governo para desoneração de combustíveis, a desaceleração da atividade global e as commodities rodando agora em níveis mais baixos. “A expectativa é de que vamos entrar num período de inflação mais controlada”, comentou, lembrando também que há espaço para novos ajustes em baixa nos preços pela Petrobras.

Nesta terça, especificamente, matérias-primas como o petróleo, minério e grãos, que têm peso importante na inflação, avançaram mas com impacto no DI compensado pela queda do dólar. A moeda norte-americana é variável importante na definição dos preços internos dos combustíveis, que atualmente são considerados acima da paridade com as cotações no exterior, o que deixa espaço para novas quedas.

As mínimas das taxas futuras foram atingidas no fim da manhã, logo depois do leilão de NTN-B, juntamente com a inversão de sinal de alta dos yields dos Treasuries – que posteriormente retomaram avanço modesto – e enquanto o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participava de evento no Chile.

O discurso não trouxe novidades, mas pegou o mercado animado para vender taxa, com declarações reforçando a ideia de que o ciclo de elevação da Selic terminou. Ele disse que a queda nos preços de energia poderá levar a inflação a cair de 9% para 5% ou 4% ao ano. “Já o trabalho de reduzir inflação de 4% para 2% é diferente. Precisamos estar preparados”, afirmou.

Campos Neto ressaltou que os preços das commodities começam desacelerar e que “está dado” que a economia dos Estados Unidos irá desacelerar. Voltou a afirmar que o Brasil começou a subir juros mais rápido e que a “maior parte do trabalho do BC ainda não impactou preços”.

No leilão de NTN-B, a oferta de 1,150 milhão de títulos foi absorvida quase integralmente (1.085.400). Segundo a Renascença DTVM, o risco medido pelo DV01 foi 67% inferior ao da operação da última terça-feira.

Na quarta-feira, a divulgação do IPCA-15 de agosto pode renovar o fôlego de queda das taxas, a depender não só do índice cheio mas também da leitura dos preços de abertura. Na pesquisa do Projeções Broadcast, a mediana aponta deflação de 0,82%, que, se confirmada pode ser a maior da série histórica. Em julho, o índice subiu 0,13%.

Estadão Conteúdo

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