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Economia

Surpresas teriam de ser ‘muito substanciais’ para BC intensificar corte de juros, diz diretora

Na ata da última reunião, o colegiado do BC disse julgar como “pouco provável” uma intensificação adicional de flexibilização da taxa básica (Selic)

Redação Jornal de Brasília

15/08/2023 19h37

Foto: Raphael Ribeiro/BCB

NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado reafirmou nesta terça-feira (15) o compromisso do Copom (Comitê de Política Monetária) com cortes de juros de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões e disse que as surpresas teriam de ser “muito substanciais” para revisão dessa estratégia.

Na ata da última reunião, o colegiado do BC disse julgar como “pouco provável” uma intensificação adicional de flexibilização da taxa básica (Selic). Para reconsiderar essa posição, a autoridade monetária citou a necessidade de uma “alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação” e colocou algumas condições.

Entre elas, mencionou uma melhora “bem mais sólida” das expectativas de inflação, uma abertura “contundente” do hiato do produto ou uma dinâmica “substancialmente mais benigna” do que a esperada da inflação de serviços. O hiato do produto é uma variável que mede o grau de ociosidade da economia pela diferença entre o crescimento potencial e o efetivo da atividade.

“Esses adjetivos não entraram levianamente, estão lá porque trazem uma mensagem sobre o tamanho de surpresa que a gente precisaria observar nesses vetores para justificar uma mudança em relação à estratégia que a gente está antevendo no momento”, afirmou Guardado em evento organizado pela XP.

“Se ocorresse um cenário adicional de reancoragem [convergência em direção às metas] adicional das expectativas nesse ambiente de uma surpresa na trajetória do hiato, uma surpresa na trajetória dos serviços, a gente poderia considerar. Os adjetivos são importantes, teriam de ser surpresas muito substanciais para haver essa reavaliação”, acrescentou.

Segundo a diretora do BC, as variáveis estão interconectadas e não devem acontecer de forma independente. “Provavelmente essas coisas estariam juntas”, disse. Segundo ela, tais condições para o Copom intensificar o corte de juros são “bastante difíceis de serem atingidas” e os membros do comitê tentaram deixar claro na comunicação o “quão alta foi a barra” estabelecida por eles.

No início de agosto, o Copom anunciou o primeiro corte de juros no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a redução da Selic em 0,5 ponto percentual -de 13,75% para 13,25% ao ano.

O tamanho do afrouxamento gerou divergências e o placar final ficou apertado (5 a 4). Guardado foi uma das diretoras que votou por uma redução de 0,25 ponto percentual no primeiro movimento. Os membros do comitê, contudo, foram unânimes em antever novas quedas de 0,5 ponto nas próximas reuniões.

Guardado disse também que o BC está bastante confiante na estratégia de política monetária traçada. “A gente acredita que, por enquanto, os índices de inflação têm vindo em linha com o que a gente espera”, disse.

Ela ainda destacou que a autoridade monetária vai agir de maneira “firme” para garantir que não haverá leniência no combate à inflação. “Somos muito comprometidos com a convergência de inflação para a meta de 3% [de 2024 em diante].”

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