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Economia

Intervenção de Bolsonaro na Petrobrás derrete ações de estatais e derruba Bolsa

As ações da Petrobrás, claro, foram as mais atingidas e lideraram entre as perdas do Ibovespa, com queda de mais de 21%

Redação Jornal de Brasília

22/02/2021 18h37

A intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Petrobrás, com o anúncio, na sexta-feira, 19, de que iria trocar o presidente da estatal, trouxe forte impacto para o mercado financeiro nesta segunda-feira. As ações da Petrobrás, claro, foram as mais atingidas e lideraram entre as perdas do Ibovespa, com queda de mais de 21%. Mas os efeitos não se restringiram à petroleira. Os papéis de outras estatais também tiveram queda forte: Banco do Brasil caiu 11,06%, e Eletrobrás, cerca de 0,69%, após cair mais de 7% no começo do pregão.

Em resposta, a Bolsa brasileira, B3, fechou em queda de 4,87%, aos 112.667,70 pontos nesta segunda-feira, 22. Na mínima do dia, por conta da queda nos papéis da petroleira, o Ibovespa tocou os 111 mil pontos. Já os papéis ON e PN da Petrobrás tiveram quedas de 19,6% e 21,15% cada. Hoje, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), anunciou que abriu um processo para investigar a troca no comando da estatal.

O câmbio também foi afetado pela pressão interna causada pela interferência na Petrobrás. O dólar fechou hoje em alta de 1,27%, cotado a R$ 5,4539, em resposta ao leilão de US$ 1 bilhão de dólares feito pelo Banco Central, após bater em R$ 5,53 na máxima do dia. A turbulência também faz crescer a aposta na alta dos juros: aumentaram as projeções de aumentos de 0,5 ponto porcentual da Selic, a taxa básica de juros brasileira, em março e maio.

Apenas na primeira hora de pregão hoje o valor de mercado da Petrobrás caiu R$ 85 bilhões. Isso, depois de perder quase R$ 30 bilhões na sexta-feira. Pelo menos seis instituições financeiras rebaixaram a recomendação para os papeis e reduziram o preço-alvo da companhia para os próximos 12 meses.

Pelo menos seis bancos e casas de investimento cortaram a recomendação dos papéis da Petrobrás – XP, Guide, Safra, BTG Pactual, Credit Suisse e Bradesco BBI -, apontando os riscos à política de preços da empresa pode com a mudança na presidência e também a nebulosidade que isso traz para outras iniciativas da empresa, como a venda de ativos não essenciais e a alocação de capital no pré-sal, considerado mais rentável.

Ainda no fim de semana, a XP rebaixou a recomendação das ações da Petrobrás para “venda”, de “neutro” anteriormente. Também revisou o preço-alvo do papel de R$ 32 para R$ 24.

No Safra, o preço-alvo para as ações passou de R$ 40 para R$ 29,50. “O principal motivo é a incerteza trazida pela maior interferência do governo na empresa, em vez de uma opinião negativa sobre o Luna. Esperamos mais volatilidade no preço das ações e limite de valorização no curto prazo”, escreveram os analistas Conrado Vegner e Victor Chen.

Para o BTG Pactual, “o controle de preços dos combustíveis em meio ao aumento do petróleo é a razão óbvia para se preocupar, mas pode nem ser a principal”. “Com o ano eleitoral se aproximando, nossa principal preocupação fica com o que o novo CEO e sua nova diretoria implicam para a alocação de capital e, mais importante, o fluxo de dividendos; e a venda de ativos não essenciais, principalmente a venda de refinarias e seus preços, com compradores agora podendo retirar propostas ou oferecer um tíquete muito menor”, diz o relatório assinado pelos analistas Thiago Duarte, Pedro Soares e Daniel Guardiola.

Já a gestora inglesa Aberdeen Standard Investments, com ativos de US$ 563 bilhões, a maior do Reino Unido, enviou carta ao conselho da Petrobrás alertando para o risco de “retorno ao passado” e falando da necessidade de independência e soberania do conselho, que deve ter autonomia para conduzir processos de acordo com as melhores práticas.

Para membros do conselho de administração da Petrobrás, que têm reunião marcada para terça-feira, 23, a mudança no comando da empresa é vista como inevitável. Alguns conselheiros da estatal estudam votar pela recondução do presidente Roberto Castello Branco, mas o estatuto dá poder à União para fazer a troca.

O mercado também acompanha novas mudanças prometidas por Bolsonaro. No sábado, ele disse que fará trocas no governo envolvendo o primeiro escalão. “Eu não tenho medo de mudar, não. Semana que vem deve ter mais mudança aí para… E mudança comigo não é de bagrinho, não, é tubarão”, disse a apoiadores. “Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também”, completou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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