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Economia

Ibovespa sobe quase 2%, perto dos 110 mil pontos, com balanço do Itaú

No embalo do forte desempenho das ações de bancos após o balanço do Itaú (PN +8,27%) – amanhã será a vez dos números trimestrais do Bradesco

Redação Jornal de Brasília

08/02/2023 19h06

Foto: Reprodução/ Flickr

No embalo do forte desempenho das ações de bancos após o balanço do Itaú (PN +8,27%) – amanhã será a vez dos números trimestrais do Bradesco (ON +3,61%, PN +4,89%) -, o Ibovespa se desgarrou da cautela em Nova York, onde as perdas foram a 1,68% (Nasdaq), para fechar nesta quarta-feira em alta de 1,97%, aos 109.951,49 pontos. Enquanto a incerteza em torno da política monetária americana segurou o apetite por risco lá fora, aqui os investidores foram às compras em busca de descontos, com o Ibovespa ainda acumulando perda de 3,07% no mês, mas voltando hoje ao positivo no ano (+0,20%), tendo permanecido em baixa em 7 das últimas 10 sessões – neste início de fevereiro, em 6 sessões, houve duas altas com a de hoje.

Além da dinâmica positiva mostrada pelos grandes bancos, Petrobras (ON +2,02%, PN +1,68%) e mesmo Vale (ON +0,34%) remaram na mesma direção do Ibovespa, dando fôlego para que o índice da B3 renovasse máximas da sessão ao longo da tarde, chegando no melhor momento aos 110.175,02 pontos, em alta de 2,17%. O avanço de 1,97% no fechamento foi o maior desde o ganho de 2,04% em 17 de janeiro.

Na ponta do Ibovespa, destaque para Itaú e Itaúsa (+8,46%), após o balanço da instituição financeira – um contraponto positivo ao recente início de temporada pelos números do Santander Brasil (hoje, Unit +4,86%). No lado oposto do Ibovespa na sessão, destaque para Gol (-5,38%), Pão de Açúcar (-5,17%) e Hapvida (-3,66%).

Após ter se mostrado muito enfraquecido nas duas primeiras sessões da semana, o giro financeiro na B3 subiu para R$ 28,9 bilhões nesta quarta-feira, em que o Ibovespa oscilou entre mínima de 107.830,39 – quase igual à abertura, aos 107.832,11 pontos – e a máxima pouco acima dos 110 mil pontos, que não se via desde a última sexta-feira.

Sem novos comentários do presidente Lula sobre atribuições legalmente exercidas pelo BC com autonomia – busca do cumprimento das metas de inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e calibragem da Selic em conformidade ao objetivo perseguido pela autoridade monetária -, os investidores voltaram a abrir o olho para fundamentos, como os resultados de empresas, deixando o ruído político em segundo plano na sessão.

Também contribuiu a indicação, que teria sido colhida por interlocutores do presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL), de que a ideia articulada por parlamentares de PSOL e PT para colocar fim à independência do BC não tem chance de prosperar na casa, observa Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos. “O governo atira em várias frentes, mas sabe que não vai ganhar algumas batalhas, no afã de confrontar o mercado. A questão da independência (do BC) traz reação institucional, de defesa também no Congresso”, diz Cima.

No exterior, após ganho acima de 3% no fechamento anterior, o Brent manteve viés de alta nesta quarta-feira, agora em torno de US$ 85 por barril nos contratos para abril, o que contribuiu para a recuperação de Petrobras na sessão. Ontem, as ações da petrolífera haviam se descolado da commodity, refletindo então a preocupação sobre a política de preços da estatal, após anúncio de redução do diesel nas refinarias em 8,8% – mesmo com o petróleo e o câmbio pressionados.

Em Nova York, as “falas ambíguas” do dia anterior, do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, contribuíram para a falta de fôlego dos índices de ações por lá nesta quarta-feira, com preocupação sobre o grau de atividade econômica e o nível dos juros americanos, sem muito consenso, aponta Rafael Germano, especialista em renda variável da Blue3. Esta falta de clareza persistiu hoje, em outros pronunciamentos de autoridades do Fed, que enfatizaram o ponto de que a inflação ainda não é uma questão superada.

Na B3, por outro lado, o dia foi de “alívio”, com um “respiro” em relação a risco político e fiscal, na medida em que o “presidente Lula parece ter seguido os conselhos de sua equipe, evitando críticas ao BC”, diz Germano – ao menos nesta quarta-feira.

Falas do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também foram recebidas de forma positiva pelo mercado, em sessão favorecida por ingresso de fluxo e pelo avanço das ações do setor financeiro, com grande peso no Ibovespa, observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

Padilha negou que haja uma “fritura” ou “fervura” deliberada do governo em relação ao Banco Central, e sinalizou que o presidente Lula indicará “nomes qualificados” para a diretoria do BC, que auxiliem o cumprimento das metas da instituição. No fim do mês, expiram os mandatos dos diretores Bruno Serra (Política Monetária) e Paulo Souza (Fiscalização) – e a possibilidade de escolha de nomes alinhados às teses de Lula, para essas vagas com direito a voto no Copom, vinham assombrando o mercado.

O ministro disse também que o governo continua disposto a alterar a Lei das Estatais, que permanece travada no Senado. Mas, segundo ele, “não existe da nossa parte qualquer vontade de mudar aquilo que está no centro, as questões principais da Lei das Estatais, como compromissos de governança, de acompanhamento, de segurança em relação às estatais”.

Estadão Conteúdo

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