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Economia

Ibovespa cai 0,12%, aos 116 mil pontos, e acumula perda de 2,31% na semana

Como ontem, e agora perto de ceder o limiar de 116 mil pontos, o nível de fechamento do Ibovespa foi o menor desde 8 de setembro

Redação Jornal de Brasília

22/09/2023 18h27

Foto: Divulgação

Com perda na semana concentrada na sessão de ontem, quando cedeu 2,15%, no que foi sua maior queda desde 2 de maio, o Ibovespa fechou a sexta-feira mais acomodado, embora ainda em baixa, de 0,12%, aos 116.008,64 pontos no encerramento, tendo acompanhado de perto as oscilações de sinal em Nova York ao longo do dia. Assim, finalizou a semana em retração de 2,31% no intervalo, após avanço de 2,99% na anterior. Hoje, oscilou entre mínima de 115.855,48 e máxima de 116.967,50 pontos, saindo de abertura a 116.147,03 pontos.

Após ter subido ontem à casa de R$ 26 bilhões, o giro voltou a se enfraquecer nesta sexta-feira, a R$ 17,7 bilhões. No mês, o Ibovespa ainda mostra leve ganho de 0,23% e, no ano, de 5,72%. Como ontem, e agora perto de ceder o limiar de 116 mil pontos, o nível de fechamento do Ibovespa foi o menor desde 8 de setembro, então aos 115.313,40 pontos.

Mais cedo, o índice da B3 esboçava sinal positivo na sessão, acompanhando também Nova York, com os mercados buscando olhar as novas medidas de estímulo na China, de ontem para hoje. Tais iniciativas, contudo, foram um contraponto modesto a uma semana dominada por sinais firmes das autoridades monetárias globais, em especial nos Estados Unidos, com relação à condução dos juros – o que reforçou a cautela dos investidores em direção ao fim da semana, reduzindo o apetite por ativos de risco, como ações, em Nova York como também em São Paulo.

Em Nova York, após terem oscilado entre leves ganhos e perdas ao longo da tarde, os principais índices se firmaram em baixa em direção ao fechamento: Dow Jones -0,31%, S&P 500 -0,23%, Nasdaq -0,09%. Na semana, os três índices acumularam perdas, respectivamente, de 1,89%, 2,93% e 3,62%, com a perspectiva, reiterada pelo Federal Reserve na quarta-feira, de que os juros americanos seguirão altos por mais tempo.

“Nesta última sessão da semana, o mercado tinha expectativa para mudança na política monetária do Japão, que acabou não vindo. Na Europa, a atenção se concentrou em novas leituras de índices de atividade (PMIs), que se mostraram mistos. Aqui, de manhã, houve fechamento interessante na curva de juros brasileira, especialmente em vencimentos mais longos, como os de 2029 e 2033, em dia também mais acomodado para os rendimentos dos Treasuries. Esse movimento nos juros tende a contribuir para a Bolsa”, diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos.

O Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira mostra um quadro equilibrado nas expectativas para as ações no curtíssimo prazo. Metade dos participantes acredita que a Bolsa terá ganhos na próxima semana, enquanto os outros 50% preveem estabilidade. Pela terceira edição consecutiva, nenhuma das respostas indica queda. No levantamento anterior, 57,41% esperavam alta e 42,86%, variação neutra.

Na B3, o desempenho levemente positivo, nos melhores momentos desta sexta-feira, era puxado pelas ações de Petrobras, que perderam parte da força no fechamento (ON +0,73%, PN +0,80%), em reação a moderado avanço das cotações do petróleo nesta última sessão da semana – ao fim, o desempenho do dia foi misto para a commodity, que acumulou perda inferior a 1% na semana, no Brent como no WTI.

“Entre as commodities, o petróleo continua se destacando, após a notícia de que a Rússia decidiu proibir exportações de combustíveis do tipo diesel e gasolina”, observa em nota a Guide Investimentos.

Vale ON subiu hoje 0,74%, espelhando a alta de 0,87% para o contrato de minério de ferro mais negociado em Dalian, na China. Entre os grandes bancos, o desempenho foi majoritariamente negativo, à exceção de Bradesco ON (+0,08%) e BB ON (+0,17%). Na ponta do Ibovespa, BRF (+3,21%), Carrefour Brasil (+2,81%) e RaiaDrogasil (+2,12%). No lado oposto, Grupo Casas Bahia (ex-Via), em baixa de 8,11%, seguido por Magazine Luiza (-4,68%) e Vamos (-3,96%).

Dólar

Após se aproximar do piso de R$ 4,90 pela manhã, quando registrou mínima a R$ 4,9046, o dólar à vista desacelerou bastante ritmo de baixa ao longo da tarde, com uma piora do apetite ao risco no exterior, e encerrou a sessão desta sexta-feira, 22, cotado a R$ 4,9325 (-0,05%), bem próximo da máxima (R$ 4,9335). O respiro do real se deu em dia marcado por sinal predominante de baixa da moeda americana na comparação com divisas emergentes e por valorização de commodities metálicas, na esteira de anúncio de novas medidas de estímulo à economia na China. Governos municipais de Xangai e de Pequim anunciaram o relaxamento de regras para investimento estrangeiro direto. 

Segundo operadores, após a alta de 1,13% ontem, era de se esperar um recuo parcial do dólar hoje no mercado doméstico, com realização de lucros e desmonte posições defensivas. Na semana, a divisa acumulou ganhos de 1,21%, em sintonia com o movimento externo de fortalecimento do dólar e de avanço das taxas dos Treasuries longas. Principais pares do real, as divisas latino-americanas de países com juros altos, que exibem os maiores ganhos em 2023 frente ao dólar, também amargaram perdas na semana, com destaque para a baixa de mais de 1,5% do peso colombiano.

Principal evento da semana, a decisão de política monetária do Federal Reserve na última quarta-feira, 20, com revisão de integrantes do Banco Central americano para inflação, juros e PIB, deixou uma mensagem clara: as taxas de juros devem permanecer em níveis elevados por período prolongado, com possibilidade de uma alta adicional que levaria os Fed Funds para além da faixa entre 5,25% e 5,50%. Dirigentes do Fed repetiram hoje que pode haver mais aperto da política monetária. À tarde, a presidente do Federal Reserve de São Francisco, Mary Daly, disse que o BC americano “está próximo” de seu objetivo de ter taxas de juros em níveis restritivos para controlar a inflação, mas não descartou a possibilidade de elevação adicional, que está condicionada aos indicadores econômicos.

“Apesar de o dólar recuar pela amanhã, refletindo otimismo com a China e movimento de ajuste após o salto de ontem, encerra a semana em alta, na esteira de um posicionamento duro por parte do Federal Reserve, que revisou para cima projeções para o patamar de juros ao longo de 2024”, afirma o CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo, acrescentando que “a perspectiva de juros mais altos nos EUA costuma impulsionar o dólar globalmente, uma vez que implica retornos mais atraentes dos títulos do governo americanos”. 

O economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, chama a atenção para o impacto para os portfólios do movimento recente de alta taxas dos Treasuries de 10 e 30 anos, que servem de referência para o custo de oportunidade de investimentos em ativos ao redor do mundo. “As curvas das taxas americanas estão empinadas, com as taxas de 10 e 30 anos rondando os 4,50%. Isso suga dinheiro que poderia ir para ativos emergentes e fortalece ainda mais o dólar”, afirma Carvalho.

Apesar da depreciação na semana, o dólar ainda acumula baixa de 0,38% em setembro e não ultrapassou o nível psicológico de R$ 5,00 no fechamento. Analistas observam que o real é sustentado por fluxo comercial expressivo e pelas taxas de juros locais elevadas, que tornam muito custoso o carregamento de posições em dólar e atraem capital estrangeiro para operações de carry trade Após reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12,75%, na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou claro que não pretende acelerar o ritmo de cortes nos próximos meses, o que contribui para manter a atratividade da renda fixa brasileira mesmo com redução do diferencial de juros interno e externo.

Juros

Os juros futuros fecharam a sessão com taxas praticamente estáveis, após operarem em queda moderada pela manhã. Diante da forte alta das taxas ontem, havia expectativa de correção nesta sexta-feira, que não se concretizou. As taxas até ensaiaram um ajuste em baixa na primeira etapa, estimulado pelo fechamento da curva dos Treasuries e pela queda do dólar, mas à tarde esses dois movimentos arrefeceram e deixaram de ser um estímulo para a curva local.

O efeito positivo das medidas de impulso à economia da China sobre ativos de risco acabou perdendo força e, esvaziados, a agenda e o noticiário domésticos também não serviram de referência. Na semana, houve ganho de inclinação da estrutura a termo, com as taxas longas avançando mais do que as curtas, refletindo principalmente as mensagens “hawkish” dos comunicados do Copom e do Federal Reserve.

No fechamento da sessão, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,530%, de 10,549% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passava de 10,26% para 10,24%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa em 10,50%, de 10,51%. Nos longos, a taxa do DI para janeiro de 2029 estava em 11,06%, de 11,05%, e a o DI para janeiro de 2031 oscilava de 11,35% no ajuste de ontem para 11,37%.

Nas mesas de renda fixa, profissionais consideram que diante da volatilidade intensa os últimos dias, o mercado optou hoje pela cautela, ainda que o alívio nos rendimentos dos Treasuries possa ter ajudado a devolver algum prêmio pela manhã. “Mesmo com as curvas fechando lá fora, hoje prevaleceu a preocupação com os níveis de juros globais”, explicou o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima.

A sexta-feira foi marcada por discursos duros de dirigentes do Fed, alertando para a necessidade de manutenção dos níveis contracionistas nos juros, mas ainda assim os retornos dos títulos do Tesouro norte-americano cederam, em correção à escalada dos últimos dias que levou as taxas de 2 e 10 anos ao pico desde 2006 e 2007, respectivamente. Ainda assim, seguem em níveis muito elevados, nos 5,10% e 4,43% no fim da tarde.

O noticiário nacional não trouxe nada forte o suficiente para direcionar as taxas, mas a cautela com o cenário fiscal segue limitando melhoras expressivas na curva. “A revisão bimestral de receitas e despesas não teve novidades. A questão é mais o ambiente político para a aprovação das medidas fiscais”, comenta Lima, lembrando que ontem os dados da Receita confirmaram que os níveis de arrecadação estão baixos e, com isso, “fica difícil fechar as contas e zerar o déficit no ano que vem”.

A postura um pouco mais defensiva nesta sexta se deu ainda em meio à expectativa pela agenda da próxima semana, que tem como destaques a ata do Copom e o Relatório de Inflação (RI), na terça (26) e na quinta (28). Também na terça sai o IPCA-15 de setembro, para o qual a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast é de 0,37%, acima da taxa de 0,28% em agosto

Estadão Conteúdo

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