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Economia

Empresas de moda, beleza e mobilidade aderem à neutralização de carbono

Mais do que um modismo, empresas têm assumido compromissos para reduzir as emissões até o final da década como contribuição ao Acordo de Paris

FolhaPress

02/11/2021 6h22

Poluição

Andrea Vialli
São Paulo, SP

A tendência de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa começou com a indústria, no início dos anos 2000. Agora, chegou a segmentos diversos, como os de moda, beleza e mobilidade, que passaram a investir em estratégias para compensar o carbono por meio da adoção de metas internas, da compra de créditos ou do investimento em áreas verdes.

Mais do que um modismo, empresas têm assumido compromissos para reduzir as emissões até o final da década como contribuição ao Acordo de Paris, firmado em 2015. Além disso, há a pressão de consumidores e de investidores que estão em sintonia com a agenda ESG —sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança na alocação de recursos.

No Brasil, um dos termômetros desse movimento é a startup Moss, que vem ganhando mercado por meio de uma tecnologia para comercialização de créditos de carbono em blockchain.
Funciona assim: a startup criou um ativo digital, o MCO2, que equivale a uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida na atmosfera, com lastro global e negociado no exterior, listado em plataformas como Mercado Bitcoin, Uniswap e Gemini.

A venda dos créditos de carbono já destinou mais de R$ 100 milhões para projetos de conservação envolvendo a floresta amazônica.

“A demanda corporativa e da sociedade explodiu neste ano”, afirma Luis Felipe Adaime, fundador da Moss. Ao longo de 2021, a startup acumulou crescimento mensal acima de três dígitos e já soma mais de 300 clientes e parceiros, em segmentos como moda (Amaro e Cia Hering), alimentação (iFood) e mobilidade (Gol Linhas Aéreas).

A Amaro, marca de moda e lifestyle, é uma das empresas que desde 2018 adota estratégias para reduzir a pegada de carbono, como o uso de fibras biodegradáveis nas linhas de roupa e o redesenho de embalagens, com substituição de resina virgem por plástico retirado do litoral.

Hoje, a companhia também investe na neutralização de suas emissões, comprando créditos de carbono de duas fontes: a Moss, no Projeto Fortaleza Ituxi, que a tornou responsável pela preservação de uma área de 82 hectares de floresta no município de Lábrea (AM); e a Biofílica, que atua na coleta e no tratamento de biogás de aterros.

Com essas frentes, a Amaro conseguiu, neste ano, compensar as emissões com a compra de créditos equivalentes a 30 mil toneladas de carbono, o dobro da quantidade que emite, estimada em 15 mil toneladas/ano.

De acordo com Dominique Oliver, diretor-executivo da Amaro, a estratégia é uma resposta às demandas dos clientes e colaboradores. Pesquisas internas mostraram que 76% dos consumidores se interessam pelo tema e 64% gostariam de comprar de maneira mais sustentável.

“Vivemos na empresa dois movimentos que nos impulsionaram: nosso time é formado, em sua maioria, por millenials e pela geração Z, ativistas e atentos a causas ambientais, e nossas consumidoras estão igualmente conectadas a essa realidade”, explica.

A Simple Organic, marca de beleza natural e vegana, também apostou na neutralização das emissões de sua loja de 28 metros quadrados recém-inaugurada no shopping JK Iguatemi, em São Paulo.

A estratégia foi um passo além na redução dos impactos ambientais da cadeia de produção da marca, que conta com fornecedores orgânicos e de comunidades extrativistas e oferece 10% de desconto para os clientes que levarem embalagens de volta às lojas.

“A questão do carbono é um dos pontos, mas de nada adianta a neutralização das emissões sem uma política de retorno de embalagens ou sem ações para educar o consumidor”, afirma Patricia Lima, fundadora da marca.

A compensação será feita por meio de uma plataforma internacionalmente certificada por um hub de empresas, entre elas CCB Standards e Verra Standard. Nos planos da marca, está a compensação do carbono da segunda loja na capital e das 27 franquias espalhadas pelo país.

Em 2020, a Simple Organics foi comprada pela Hypera Pharma, gigante farmacêutica, o que tem dado fôlego às iniciativas de sustentabilidade. Segundo Lima, a empresa recebeu 16 propostas de investimento nos últimos dois anos, antes de fechar com o grupo. “O mercado percebeu que sustentabilidade é um ativo importante.”

Segundo Adaime, da Moss, a tendência se reflete no percentual crescente de consumidores que buscam meios de compensar suas emissões em viagens, por exemplo.

Por isso empresas de mobilidade como a Gol e a Buser passaram a oferecer a compensação de carbono aos clientes. Na Gol, é possível compensar o trecho Rio-São Paulo por R$ 2,38, por exemplo.

Já a Uber lançou neste mês a opção Uber Planet, que permite aos usuários compensar as emissões de seus trajetos. O valor de uma viagem na modalidade deverá ser, em média, 5% maior. Segundo a Uber, a neutralização será feita por meio de uma parceria com a empresa Carbonext.

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