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Economia

Em sessão instável, dólar termina em baixa de 0,12%, a R$ 5,0516

Segundo o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, os sinais de desaceleração da economia chinesa inibiram

Redação Jornal de Brasília

16/05/2022 18h07

banco

Foto: Yuriko Nakao

Depois de uma manhã e início de tarde de instabilidade, o dólar se firmou em baixa, ainda que moderada, nas últimas horas da sessão desta segunda-feira, 16. Segundo operadores, o aprofundamento das perdas da moeda americana no exterior e a alta firme do Ibovespa abriram espaço para realização de lucros intraday e leve desmonte de posições compradas (que apostam na alta do dólar) no mercado futuro.

A divisa até ensaiou uma alta mais acentuada logo após abertura dos negócios, quando correu à máxima de R$ 5,1042, em meio à preocupação com a atividade global após dados fracos da economia da China. Mas o movimento comprador rapidamente perdeu força e o dólar não apenas trocou de sinal como desceu até a mínima de R$ 5,0318 (-0,51%) no fim da manhã.

A moeda recuperou fôlego no começo da tarde e passou boa parte da etapa vespertina alternando entre leves altas e baixas, até que se firmou em queda nas últimas horas do pregão sob influência externa. No fim do dia, o dólar era cotado a R$ 5,0516, em baixa de 0,12%. Com isso, a valorização acumulada em meio passou a ser de 2,20%.

Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – renovou mínimas no fim da tarde, aos 104,138 pontos. A moeda americana também recuou em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo pares do real como o peso mexicano e o chileno.

A despeito do tombo da atividade na China, as commodities agrícolas e metálicas tiveram um dia positivo, o que acabou dando suporte às divisas de emergentes. Além disso, consolida-se a leitura de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não vai acelerar o passo do ajuste da política monetária americana.

O presidente do Fed de Nova York, John Willians, disse nesta segunda-feira que a inflação é “o problema número 1” da instituição e que é necessário subir os juros rapidamente. Willians afirmou, contudo, esperar uma aumento de 50 pontos-base na taxa dos Fed funds em junho – ou seja, não autorizou apostas em uma elevação de 75 pontos-base, que já foi aventada por boa parte do mercado.

“O comportamento do dólar esteve hoje muito ligado ao cenário externo. A sinalização de que o ajuste da taxa de juros nos EUA seguirá uma trajetória menos agressiva trouxe alívio para a taxa de câmbio”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, que atribui a alta do dólar pela manhã à cautela provocada pelos dados ruins na China e pela tensão geopolítica na Europa, na esteira da possível entrada da Finlândia e da Suécia na Otan. “O patamar do dólar ainda é bastante elevado e a volatilidade deve continuar alta.”

Na China, as vendas no varejo em abril caíram 11,1% na comparação anual, bem acima do esperado (-6,6%), enquanto a produção industrial cedeu 2,9%, ante expectativa de alta de 0,5% Esses dados foram em parte contrabalançados pela informação de que Xangai está próxima de exibir números compatíveis com a política de ‘covid zero’, o que abre espaço para flexibilização das medidas restritivas. Além disso, o Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês), reduziu taxa de hipoteca para compradores de primeiro imóvel e injetou 100 bilhões de yuans (cerca de US$ 14,7 bilhões) de liquidez no mercado.

Em evento organizado pelo banco Goldman Sachs, o diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou nesta segunda-feira que “o dólar novamente acima de R$ 5 parece estar mais ligado à China do que aos juros dos Estados Unidos”. Serra avaliou que, apesar do impacto do lockdowns chineses e da política monetária americana, o cenário para “câmbio hoje é mais saudável”.

Segundo o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, os sinais de desaceleração da economia chinesa inibiram o apetite por risco e deixaram o mercado sem convicção para apostas mais contundentes. “O dólar teve dificuldade em firmar uma tendência. No fim do dia, acabou se alinhando ao movimento do índice DXY”, diz Gusmão, que vê a taxa de câmbio oscilando em uma faixa entre R$ 4,80 e R$ 5,10 nas próximas semanas. “Estamos vendo dificuldade de o dólar superar a resistência de R$ 5,10.”

Estadão Conteúdo

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