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Economia

Dados de emprego nos EUA derrubam Bolsas e fortalecem o dólar

Em comunicado, a BRF disse que Gularte e Luz iniciarão um período de transição que será concluído até 30 de setembro

FolhaPress

30/08/2022 18h49

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Lucas Bombana
São Paulo, SP

As principais Bolsas globais registraram perdas expressivas nesta terça-feira (30), enquanto o dólar voltou a ganhar força frente ao real.

O sentimento de maior aversão ao risco veio após números considerados fortes por analistas sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos renovar os temores sobre o ritmo de alta dos juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano), aumentando as chances de uma recessão da maior economia global nos próximos meses.

Após abrir em queda frente ao real, o dólar inverteu de tendência ainda pela manhã e passou a operar em alta firme acima de 1%. No fechamento, a moeda americana marcava valorização de 1,54%, cotada a R$ 5,111 para venda.

Na Bolsa de Valores, o índice amplo de ações Ibovespa oscilou no terreno negativo durante toda a sessão, e encerrou em baixa de 1,68%, aos 110.430 pontos.

O movimento esteve alinhado com o observado nas principais Bolsas do mercado americano -o S&P 500 cedeu 1,10%, o Nasdaq recuou 1,12%, e o Dow Jones fechou em baixa de 0,96%.

EMPREGO NOS EUA E INFLAÇÃO NA ALEMANHA REFORÇAM AVERSÃO AO RISCO GLOBAL

A nova sessão de redução do apetite pelo risco entre os investidores em escala global vem após o Departamento do Trabalho dos EUA informar nesta manhã que as vagas de emprego em aberto na economia americana aumentaram em julho, sem dar sinais de que a demanda por mão de obra está desacelerando, o que pode manter o Fed em sua trajetória agressiva de aperto da política monetária.

As vagas de emprego em aberto, uma medida da demanda por mão de obra, subiram para 11,239 milhões no último dia de julho. Além disso, os dados de junho foram revisados para cima, passando a indicar 11,040 milhões de vagas de emprego em aberto, em vez de 10,698 milhões, conforme relatado anteriormente.

O Fed está tentando esfriar a demanda por mão de obra e a economia em geral para reduzir a inflação para sua meta de 2%.

O presidente do Fed, Jerome Powell, alertou na semana passada que os norte-americanos estão caminhando para um período doloroso de crescimento econômico lento e possivelmente aumento do desemprego, já que o banco central dos EUA eleva agressivamente a taxa de juros em uma tentativa de equilibrar oferta e demanda.

Já na Europa, dados de inflação na Alemanha reforçaram ainda mais os temores dos investidores sobre um aperto mais agressivo dos juros no Velho Continente.

A inflação na Alemanha atingiu seu nível mais alto em quase 50 anos em agosto, superando uma máxima anterior estabelecida apenas três meses antes, sob o peso dos preços de energia.

Os preços ao consumidor alemão aumentaram 8,8% na base anual, após um aumento inesperado de 8,5% em julho, informou o escritório federal de estatísticas da Alemanha nesta terça.

Em meio à forte alta dos preços na Europa, potencializada pela invasão russa à Ucrânia, o mercado considera a possibilidade de um aumento mais agressivo dos juros na região.

O BCE (Banco Central Europeu) deveria incluir um aumento da taxa de juros de 0,75 ponto percentual entre suas opções para a reunião de política monetária de setembro, dada a inflação excepcionalmente alta, disse nesta terça-feira o membro do conselho do BCE e presidente do banco central da Estônia, Madis Muller.

Com a inflação se aproximando de dois dígitos, é quase certo que o BCE vai aumentar as taxas novamente em 8 de setembro, e alguns formuladores de política monetária estão agora defendendo outro grande movimento após um aumento de 0,50 ponto em julho.

“Acho que 75 pontos-base deveriam estar entre as opções para setembro, já que a perspectiva de inflação não melhorou”, disse ele à Reuters durante uma conferência.

Muller alertou contra timidez excessiva no aperto da política monetária, já que a inflação, que ainda deve subir antes de cair no próximo ano, roda a mais de quatro vezes a meta de 2% do BCE.

“Não devemos ser muito tímidos com os movimentos de política (monetária), já que a inflação está muito alta há muito tempo e ainda estamos muito abaixo da taxa neutra”, acrescentou.

QUEDA DO PETRÓLEO DERRUBA AÇÕES DA PETROBRAS

No mercado local, as ações da Petrobras registram forte queda, na esteira do recuo nos preços do petróleo no mercado internacional.

As ações preferenciais da petroleira estatal cederam 5,95%, enquanto as ordinárias encerraram o pregão em baixa de 5,64%.

Os preços do petróleo tiveram forte queda nesta terça, por temores de que um enfraquecimento das economias globais induzido pela inflação abrandaria a demanda por combustível.

O barril do petróleo do tipo Brent marcava desvalorização de 5,15% por volta das 17h30, cotado a US$ 99,68 (R$ 504,49).

Ainda na Bolsa brasileira, as ações da BRF fecharam em queda de 1,1%, após a companhia informar que seu presidente-executivo, Lorival Luz, renunciou ao cargo, e que ele será substituído por Miguel Gularte, que atuava como CEO da Marfrig Global Foods.

A Marfrig detém 33,27% da BRF, sendo o principal acionista da empresa.

Em comunicado, a BRF disse que Gularte e Luz iniciarão um período de transição que será concluído até 30 de setembro. Informou ainda que a indicação do novo CEO não sinaliza intenção, neste momento, de fusão com a Marfrig.

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