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Economia

Crédito amplo continua condizente com atuais fundamentos, destaca BC

O BC destacou, na ata do 50º Comef, que o risco de crédito para microempresas começou a aumentar, enquanto para famílias seguiu se elevando

Redação Jornal de Brasília

08/09/2022 12h17

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

O Banco Central (BC) destacou, na ata do 50º Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) divulgada nesta quinta-feira, 8, que o risco de crédito para microempresas começou a aumentar, enquanto para famílias seguiu se elevando. Na reunião da semana passada, o Comef manteve o Adicional Contracíclico de Capital Principal relativo ao Brasil (ACCPBrasil) em zero.

O ACCPBrasil é uma parcela do capital a ser acumulada na expansão do ciclo de crédito e consumida na sua contração, que trata o risco sistêmico cíclico do crédito e dos preços dos ativos.

Na avaliação do BC, as provisões do Sistema Financeiro Nacional (SFN) mantiveram-se adequadas, acima das estimativas de perdas esperadas. O aumento da proporção de ativos problemáticos em operações ligadas a microempresas mesmo com a forte expansão da carteira de crédito foi uma exceção dentro do grupo de pessoas jurídicas.

“No caso das famílias, o aumento de ativos problemáticos tem superado o crescimento da carteira de crédito. Essa tendência deverá permanecer com o crescimento do crédito em modalidades mais arriscadas”, afirmou o Comef.

Segundo o BC, o crescimento do crédito amplo continua condizente com os fundamentos econômicos. “O crédito para pessoas físicas permanece avançando de forma mais acelerada em operações de maior risco e retorno e em operações ligadas a transações de pagamento.”

Para micro, pequenas e médias empresas, o comitê afirmou que o ritmo de crescimento do crédito foi mantido, enquanto as grandes empresas incrementaram as operações com os bancos recentemente, embora continuem acessando principalmente o mercado de capitais

O comitê também afirmou que os níveis de capitalização e de liquidez do SFN mantiveram-se superiores aos requerimentos prudenciais. “Os bancos seguem otimizando sua gestão de liquidez com o objetivo de eliminar excessos e de se adequar às atuais condições de mercado e à concorrência por funding. O sistema tem mantido ativos líquidos suficientes para absorver potenciais perdas em cenários estressados e cumprir a regulamentação vigente”, avaliou.

Além disso, o BC afirmou que o nível de capital manteve-se estável e superior ao requerido. Da mesma forma, a rentabilidade está estável, na média dos últimos anos. Já a margem de crédito líquida das provisões está em seu mínimo histórico, mas é compensada, conforme o BC, por ganhos de tesouraria.

“Os resultados dos testes de estresse demonstram que o sistema está resiliente. Nos cenários de estresse macroeconômico avaliados, o sistema não apresentaria problema relevante”, destacou o BC.

Deterioração do cenário global e inadimplência do setor bancário

O Banco Central destacou que o cenário global voltou a se deteriorar desde a última reunião do Comef, em junho, com aumento do risco de relevante desaceleração econômica global, conforme ata do 50º encontro. O BC ainda ressaltou que a piora do ambiente macroeconômico mundial ainda não elevou de forma significativa a inadimplência bancárias, mas que instituições financeiras globais com importância sistêmica têm aumentado as provisões de maneira preventiva.

Na ata, o BC detalhou que a inflação permanece elevada no mundo, provocando novos apertos monetários em grande parte dos bancos centrais. “Em consequência, as condições financeiras globais têm se deteriorado, levando à reprecificação dos ativos e ao aumento dos custos de financiamento”, considerou. “A materialização de cenários extremos de reprecificação de ativos financeiros no mercado global pode levar a impacto significante sobre as economias emergentes”, completou o BC, ponderando que a normalização monetária e macroprudencial tem mitigado esse risco

Em relação à China, o comitê avaliou que a manutenção da política de covid zero e a contração do mercado imobiliário se mantêm como obstáculos à recuperação do ritmo de crescimento da economia. Já, na Europa, o BC destacou que a guerra entre Rússia e Ucrânia e o consequente conflito geopolítico continuam provocando interrupções no fornecimento de gás e outras commodities de energia, o que causa alta de preços e agrava o risco de recessão na região. “Diante de todos esses fatores, as perspectivas para o crescimento global pioraram”, completou.

O BC afirmou que, diante do cenário macroeconômico mais desafiador, vários países mantiveram ou aumentaram seus buffers (amortecedores) contracíclicos de capital para fortalecer a resiliência dos bancos, considerando também os riscos nos mercados imobiliários.

O Comef ainda avaliou que o sistema financeiro das principais economias segue resiliente e preparado para suportar choques adicionais.

O comitê voltará a se reunir ordinariamente em 17 de novembro de 2022.

Estadão Conteúdo

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