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Economia

Bolsas nos EUA têm pior sequência semanal desde 2001

O mercado também acompanhou nesta sexta o encontro entre o bilionário Elon Musk com o presidente Jair Bolsonaro

FolhaPress

20/05/2022 20h00

Foto: Paul Whitaker / Reuters

Lucas Bombana
São Paulo, SP

Os principais índices acionários das Bolsas nos Estados Unidos marcaram nesta sexta-feira (20) a sétima queda semanal em sequência, em um cenário de preocupação crescente dos investidores com o impacto do aumento dos juros para o ritmo da atividade econômica e para o lucro das empresas.

O S&P 500, que na quarta-feira (18) tombou 4%, a maior queda desde junho de 2020, acumulou perdas de 3% na semana. O Dow Jones recuou 2,9% no intervalo, e o Nasdaq, 3,81%.

Foi a sétima semana seguida de queda para os índices S&P 500 e Nasdaq, a pior sequência desde o estouro da bolha de tecnologia em meados de 2001. Já o Dow Jones marcou a oitava semana seguida de baixas, a pior sequência desde 1932, quando os Estados Unidos atravessaram uma grave crise econômica.
Ações de empresas varejistas nos Estados Unidos, como Walmart e Target, foram duramente castigadas pelos investidores ao longo da semana, com o risco visto como cada vez maior de o aumento do juros conduzido pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) gerar fortes impactos para as receitas das empresas com ações listadas em Bolsa.

“A inflação continua sendo um dos principais desafios para as empresas [nos Estados Unidos], fato que deixa os investidores mais apreensivos com o cenário econômica global”, apontam os analistas da Guide em relatório.

No pregão desta sexta, a alta volatilidade, que marcou os pregões ao longo de toda a semana no mercado americano, voltou a dar as caras.

Após abrirem em alta na esteira dos pares globais, as Bolsas nos Estados Unidos passaram a operar em queda no início da tarde, com o tom de maior cautela voltando a predominar entre os agentes de mercado.

Próximo do final da sessão, contudo, investidores aproveitaram os preços considerados descontados de algumas ações, com os principais índices acionários encerrando próximos da estabilidade, sem uma clara tendência definida.

O S&P 500 fechou o dia praticamente estável, em leve alta de 0,01%, enquanto o Dow Jones avançou 0,03%. Já o Nasdaq, com maior concentração de papéis de tecnologia, mais suscetíveis ao aumento dos juros, recuou 0,3%.

As Bolsas americanas destoaram dos pares na Europa e na Ásia, onde o anúncio de corte de juros pela China trouxe alívio aos investidores, com alta das ações de forma generalizada.

Nas Bolsas asiáticas, o Hang Seng, de Hong Kong, avançou 2,96%, enquanto o CSI 300, da China, subiu 1,95%. O Nikkei, de Tóquio, fechou em alta de 1,27%.

Na mesma toada, na Europa, o FTSE-100, de Londres, valorizou 1,19%, o CAC-40, de Paris, avançou 0,20%. O DAX, de Frankfurt, subiu 0,72%.

As altas vieram após o Banco Popular da China reduzir o juro de cinco anos de 4,60% a 4,45%, o maior corte desde 2019, na esteira de dados de vendas no varejo e produção industrial que indicaram uma forte desaceleração em abril por conta dos impactos gerados pelas restrições de mobilidade para conter a nova onda de Covid-19 no país.

“O mercado antecipava uma redução mais modesta, para 4,55%. Há expectativa de novas medidas monetárias e fiscais para estimular a economia chinesa em 2022”, dizem os analistas da XP.

Sinalizações sobre a política monetária na Europa também contribuíram para o desempenho positivo dos mercados nesta sexta.

O presidente do Banco Central da Itália, Ignazio Visco, afirmou que o BCE (Banco Central Europeu) deve elevar sua taxa básica de juros para além do território negativo de uma maneira “mais gradual” que o sugerido por alguns.

Visco afirmou que o BCE pode elevar os juros sem grandes consequências econômicas, porque as condições de financiamento ainda permaneceriam excepcionalmente frouxas.

COMMODITIES E SETOR FINANCEIRO IMPULSIONAM MERCADO LOCAL

No mercado local, em uma sessão marcada pelo bom humor dos investidores após a China anunciar o corte na taxa de juros para estimular a economia, o dólar fechou em queda de quase 1% nesta sexta, enquanto a Bolsa de Valores brasileira manteve a tendência positiva da sessão passada.

O dólar comercial encerrou a sessão em queda de 0,93% frente ao real, cotado a R$ 4,8710 para venda. Na semana, a divisa americana recuou 3,7%, segunda baixa semanal seguida e a maior queda para o intervalo desde o final de março. No ano, o dólar passa a recuar 12,65%.

Na Bolsa de Valores, o Ibovespa avançou 1,39%, aos 108.487 pontos, impulsionado pelas ações de commodities e dos grandes bancos. Na semana, o índice de ações teve valorização de 1,46%, com alta de 3,5% no ano.

?As grandes produtoras de commodities estiveram entre os destaques de alta da Bolsa local nesta sexta, acompanhando o movimento dos preços do petróleo e do minério de ferro negociados no mercado internacional.

Com isso, os papéis da mineradora Vale registraram ganhos de 1,77%, enquanto as ações ordinárias da Petrobras avançaram 1,40%, e as preferenciais, 1,93%.

Também com peso relevante para determinar a direção do mercado, os papéis dos bancos acompanharam o aumento do apetite por risco em escala global e marcaram ganhos expressivos.

As ações do BB (Banco do Brasil) valorizaram 3,64%, e as do Bradesco subiram 1,34%. Já os papéis do Itaú apreciaram 1,25%, e os do Santander, 0,92%.

Ainda no setor financeiro, os papéis da GetNet dispararam 22,65%, após o Santander anunciar na véspera a intenção de fechar o capital da empresa, com a deslistagem das ações na Bolsa.

O preço a ser ofertado na aquisição dos papéis é de R$ 2,36 por ação ordinária ou preferencial e R$ 4,72 por unit (um ativo formado por ações ordinárias e preferenciais), o que representaria prêmio de 29,3% em relação ao fechamento das units na quinta-feira (19).

O mercado também acompanhou nesta sexta o encontro entre o bilionário Elon Musk com o presidente Jair Bolsonaro (PL), para tratar sobre tecnologia e proteção à Amazônia.

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