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Brasil

Teles instalam o triplo das antenas 5G exigidas para dar início ao serviço em SP

Por essa métrica, o mínimo exigido na capital paulista seria de 462 antenas erguidas pelas três operadoras -Vivo, Claro e Tim.

FolhaPress

03/08/2022 20h07

Foto: Reprodução/Web

Julio Wiziack
Brasília, DF

Os paulistanos terão, a partir desta quinta-feira (4), mais cobertura de 5G do que as demais capitais que já contam com o novo serviço de telefonia.

De acordo com dados preliminares da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o número de antenas cadastradas para emitir o sinal 5G em São Paulo já se aproxima de 1.400, quase o triplo do que o mínimo exigido.

Pelas regras definidas pela agência, as teles são obrigadas a instalarem ao menos uma antena para cada 100 mil habitantes nessa etapa de implantação do novo serviço.

Por essa métrica, o mínimo exigido na capital paulista seria de 462 antenas erguidas pelas três operadoras -Vivo, Claro e Tim.

Em Brasília, onde o serviço estreou no início de julho, foram 324 antenas para cobrir 80% da área do Distrito Federal -praticamente o mínimo exigido.

A concentração de antenas, ainda segundo a Anatel, é maior no Plano Piloto e na região dos lagos (sul e norte), áreas nobres da capital federal.

Em São Paulo, as operadoras de telefonia fizeram uma força-tarefa na semana passada para obter o aval da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

Até a sexta-feira (29), o Gaispi (Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência) mantinha a capital paulista fora da lista de cidades a terem aval para o 5G porque metade das antenas erguidas não tinha ainda filtros instalados para evitar interferências de sinais.

No último sábado, a agência foi acionada para realização de testes e, no domingo, o conselheiro Moisés Moreira, que preside o Gaispi, checou o relatório da área técnica que recomendava a liberação.

Moreira convocou então uma reunião extraordinária para a liberação do 5G em São Paulo, que ocorreu nesta terça-feira (2).

As teles realizaram o pagamento de taxas referentes às licenças e serviço para que o serviço comece a ser prestado nesta quinta.

“É natural que o maior mercado tenha um grau de competição maior e o alto volume de pedidos de licenciamento de antenas”, disse Marcos Ferrari, presidente da Conexis, associação que reúne as empresas do setor. “Isso apenas demonstra nosso apetite para ligar o 5G na maior capital do país.”

No entanto, ainda segundo Ferrari, a aprovação de uma nova lei de antenas em São Paulo foi fundamental para que as empresas construíssem mais torres.

“Estamos dialogando para que os procedimentos operacionais não criem obstáculos para a expansão da conectividade na cidade, principalmente nas áreas mais periféricas”, disse Ferrari.

A construção de mais antenas é primordial para que a telefonia de quinta geração seja prestada com boa qualidade. A tecnologia permite velocidade de navegação na internet por celular até dez vezes mais rápida que no 4G e latência menor que um milissegundo.

Latência é o tempo que o celular leva para acionar um endereço da internet, por exemplo, e baixá-lo na tela.

Esse intervalo é fundamental para que aplicações como cirurgias à distância ou controle de veículos autônomos se tornem realidade.

Para isso, as empresas precisam construir, em média, dez vezes mais antenas do que todo o parque já instalado no país.

Isso porque a frequência utilizada para a emissão do sinal 5G -3,5 GHz (Gigahertz)- tem cobertura restrita, daí a necessidade de mais torres para espalhar o sinal.

Frequência é uma avenida no ar por onde as teles fazem trafegar seus sinais. Fora delas, ocorrem interferências.

O 5G funciona na faixa de frequência de 3,5 GHz, que vinha sendo ocupada pelas empresas de satélite.

Com a desocupação dessa faixa, as teles têm de instalar filtros nas antenas de celular e nas antenas parabólicas, equipamentos que captavam os sinais emitidos nessa frequência e que, a partir de agora, funcionarão em outra faixa. Esse processo vem sendo chamado pelos técnicos da agência de “limpeza”.

“Fizeram um mutirão na semana passada e, na sexta, vieram pedir para liberarem o sinal”, disse Moisés Moreira, da Anatel. “Os técnicos da agência fizeram testes no sábado e me confirmaram a viabilidade técnica para a liberação do sinal.”

Inicialmente, a cobertura em São Paulo estará concentrada na área compreendida entre as marginais Tietê e Pinheiros, o chamado centro expandido. Nas zonas Leste e Norte e na periferia da zona Sul, as antenas estão espalhadas.

Além da cobertura, os paulistanos precisam estar atentos aos aparelhos. Nem todos os celulares já estão aptos a funcionarem na rede 5G pura.

Técnicos da Anatel consultaram fabricantes de chips e de aparelhos de quinta geração para saber o que está ocorrendo e descobriram que poucos modelos funcionam hoje com a tecnologia chamada de “standalone”, a do “5G puro”.

Na rede standalone, o tempo de resposta para o celular receber os dados é inferior a 1 milissegundo -tempo conhecido como latência. O “não-standalone” oferece latência maior.

Além das redes standalone e não-standalone, há as chamadas redes DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, na sigla em inglês), que simulam a velocidade do 5G -mas por antenas de 4G. A latência também é maior que a do 5G.

Muitos aparelhos precisam ter seus chips trocados para usar o 5G puro, como o iPhone. A Apple já avisou a Anatel que seus aparelhos precisam de chips 5G para funcionarem em standalone.

No entanto, há falta de chips de quinta geração no mercado. Por isso, segundo os fabricantes, as teles ainda não lançaram planos que operam realmente com o 5G -a única operadora que separou as redes com planos próprios para o 5G standalone foi a TIM.

Os aparelhos hoje exibem o sinal do 5G na tela, mas em grande parte eles funcionam na rede DSS -que simula a velocidade do 5G- ou na 5G não-standalone.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse que vai para a Califórnia, nos EUA, pedir para que a Apple atualize seus iPhones.
“Hoje, o iPhone só está apto a ter 5G não-standalone”, disse Faria. “Para ter standalone que funciona [com] internet das coisas precisa baixar atualização [da Apple]. As operadoras já estão conversando [com a Apple].”

O ministro afirmou que a ideia é ter essas atualizações disponíveis pela Apple e demais fabricantes -Motorola e Samsung- até o final de setembro, prazo máximo para que as antenas 5G estejam funcionando em todas as capitais do país.

No caso da Apple, somente os modelos iPhone 13 (os mais recentes lançados pela empresa americana) permitirão o 5G puro. Eles devem ser homologados em novembro. Mesmo assim, a Apple terá de disponibilizar um software específico. Não há prazo previsto para o lançamento.

Já os modelos da Samsung e Motorola operam nas redes standalone sem necessidade de troca de chips. São eles: S21, S21Plus, S21Ultra, A52s, S21FE, S22, S22PLus, S22Ultra, A535G, A335G, A735G, M535G -todos da série Galaxy, da Samsung; Edge20, MotoG200, Edge300Pro, Edge30, Edge 30Pro, MotoG82, Moto G62, da Motorola.

Os demais modelos da Apple, Samsung e Motorola vendidos como 5G só funcionam nas redes não-standalone.

Até a atualização dos aparelhos e a chegada dos chips 5G, a Anatel não tem como exigir o cumprimento da qualidade do serviço porque, ainda segundo relatos dos técnicos da agência, as operadoras não começaram a venda de planos exclusivos 5G (com chip novo).

Todas elas anunciam pacotes 5G, mas simplesmente migraram os clientes de um serviço para outro por meio das redes de quarta geração, que simulam a velocidade do 5G, ou nas redes novas não-standalone.

A Superintendência de Cumprimento de Obrigações da Anatel já está monitorando essa situação e, a partir de setembro, quando todas as capitais deverão ter as redes 5G instaladas, passará a exigir qualidade na prestação do serviço.

Segundo o presidente do Gaispi (Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência), o conselheiro da Anatel Moisés Moreira, outras capitais estão avançadas com a instalação da rede 5G.

As próximas capitais a terem sinal verde são Goiânia (GO), Salvador (BA), Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ) na próxima semana. Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e João Pessoa (PB) já têm o serviço desde o último dia 29 de julho.

Pelo plano original da Anatel, todas as 27 capitais deveriam ter o serviço em funcionamento em julho.

No entanto, o cronograma foi adiado por dois meses devido à falta de equipamentos vindos da China, que foi obrigada a decretar lockdown com uma nova onda da pandemia.

Os equipamentos vindos da China são filtros que evitam interferências. Por isso, a agência concedeu prazo até o final de setembro para que todas as capitais tenham antenas de 5G.

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