Menu
Brasil

Sem ter onde ficar, passageiros da Itapemirim dormem em aeroporto

Eles tiveram seus voos de volta cancelados após a companhia anunciar a suspensão de suas operações

FolhaPress

22/12/2021 19h57

Thiago Bethônico
Belo Horizonte, MG

Um grupo de sete passageiros da Itapemirim precisou dormir no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), nesta terça-feira (21) por não ter outro lugar para passar a noite. Eles tiveram seus voos de volta cancelados após a companhia anunciar a suspensão de suas operações.

Sem receber auxílio hospedagem da empresa -apenas vouchers para almoço e jantar, afirmam- e com pouco dinheiro para bancar uma reserva em hotel por conta própria, improvisaram um acampamento no guichê da companhia. Procurada, a Itapemirim não respondeu até a publicação desta reportagem.

A assistente comercial Natália Costa, 32, conta que tinha uma passagem de volta para o Recife marcada para esta terça. “Às 7h eu fui para o aeroporto [de Cumbica] e fiquei, dormi lá”, afirma. Ela diz que só não procurou outro lugar para passar a noite porque não tinha como bancar as despesas. “Tem gastos com transporte, hotel, e é tudo caro aqui perto. A gente não tem condições”.

Na manhã desta quarta (22), a assistente comercial decidiu ir ao aeroporto de Congonhas tentar resolver o problema. Embora esteja retornando a seu domicílio -situação que a ITA disse estar priorizando para reacomodação em outras companhias aéreas-, Natália conta que não recebeu nem mesmo a alternativa de voltar de ônibus. “A única opção que chegou para mim foi o reembolso, mas eu paguei R$ 470 na passagem. Não vou conseguir comprar outra por esse valor para voltar para Recife”, afirma.

No início da tarde, ela disse que conseguiu ser reacomodada em outro voo. Recife também é o destino de Fernanda, 53, que pediu para ter seu nome alterado na reportagem. Ela também precisou dormir no aeroporto de Guarulhos.

Sua passagem de volta estava marcada para as 16h30 desta terça, mas, além de não conseguir outro voo, diz que a opção dada pela ITA era voltar de ônibus no próximo dia 25 para chegar em casa apenas no dia 28. “Passamos a noite no guichê da Itapemirim, todo mundo deitou nas esteiras”, afirma. “Dormir mesmo ninguém conseguiu, porque estávamos muito preocupados”, acrescenta.

Assim como Natália, Fernanda foi para Congonhas pela manhã, após saber que lá havia uma estrutura de apoio melhor, inclusive com auxílio de funcionários do Procon. Assim que chegou ao aeroporto, ela conta que recebeu uma ligação oferecendo a reacomodação em outra companhia aérea.

Nesta quarta (22), o Procon de São Paulo anunciou que multará a ITA pela suspensão abrupta dos serviços. De acordo com o órgão, a resposta da empresa a seus questionamentos não atendeu às expectativas e a multa pode chegar a R$ 11 milhões.

Ainda segundo o Procon, a suspensão das operações da companhia afetou um total de 133 mil passageiros que tinham serviços contratados entre os dias 17 de dezembro e 17 de fevereiro. A informação foi antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo.

Em nota sobre a notificação do Procon, a ITA disse que está consultando seu departamento jurídico e ainda não fará pronunciamento a respeito. A companha alega que precisou suspender as atividades diante da paralisação de funcionários de uma empresa terceirizada, e que pretende retomar suas atividades em 17 de fevereiro de 2022. A Itapemirim também disse que mais de 25 mil já tiveram pedidos de reacomodação ou reembolso atendidos e que, nos dois primeiros dias úteis após a suspensão temporária de suas operações, já foram processados R$ 7,8 milhões em pedidos de reembolso junto às operadoras de cartão de crédito.

A empresa orienta os passageiros a não realizarem check-in online ou comparecerem aos aeroportos antes de contatarem a empresa. Além disso, ela disponibilizou um chat em seu site e um número de telefone (0800 723 2121) para atender os clientes afetados, com funcionamento entre 6h e 21h.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado