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Brasil

Para CNBB, aborto de menina de 10 anos estuprada pelo tio é “crime”

Na visão do bispo dom Ricardo Hoepers, permitir que a garota não tenha a criança é uma medida tão “infame e horrenda” quanto o estupro cometido pelo tio dela

Willian Matos

17/08/2020 11h13

O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, criticou a decisão judicial que permitiu que uma menina de 10 anos grávida após ter sido estuprada pelo tio pudesse fazer o aborto da criança.

Para o bispo, o aborto é um “crime”. “Por que não foi permitido esse bebê viver? Que erro ele cometeu? Qual foi seu crime?”, pergunta dom Ricardo, em nota. “Por que uma condenação tão rápida, sem um processo justo e fora da legalidade? Por que o desprezo a tantas outras possibilidades de possíveis soluções em prol da vida?”, prossegue.

No texto, o bispo afirma que “duas crianças poderiam viver”. Médicos afirmam, contudo, que a gestação para uma criança de 10 anos é de alto risco para a garota. Dom Ricardo enxerga o aborto como uma medida tão “infame e horrenda” quanto o estupro do tio.

A garota natural do Espírito Santo, passou pelo procedimento de aborto no domingo (16), o Recife. O juiz Antonio Moreira Fernandes, da Vara da Infância e da Juventude de São Mateus-ES, autorizou o procedimento.

O médico Olímpio Barbosa de Morais Filho falou sobre o procedimento. “Ontem mesmo [domingo] foi procedido o óbito fetal, então não tem mais vida, o feto. E hoje  [segunda-feira] vamos proceder com o esvaziamento, que é para causar contrações para expulsão do feto. E esperamos, a partir de amanhã, em algum momento, que ela tenha condições de alta”, afirmou.

Após a ativista Sara Giromini divulgar dados confidenciais da menina, contrariando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), manifestantes antiaborto se reuniram na porta do hospital, tentaram invadir o local e atacaram médicos de forma verbal, chamando-os de “assassinos”.

Relembre o caso

Uma menina de 10 anos engravidou após ter sido estuprada em São Mateus, município no norte do Espírito Santo. O suspeito pelo crime é o tio de 33 anos da criança, que está foragido desde a notificação do caso. O caso se tornou público depois que ela deu entrada no Hospital Roberto Silvares, em São Mateus, se sentindo mal. Enfermeiros perceberam que a garota estava com a barriga estufada, pediram exames e detectaram que ela estava grávida de cerca de 3 meses.

Em conversa com médicos e com a tia que a acompanhava, a criança relatou que o tio a estuprava desde os 6 anos. Ela disse que não havia contado aos familiares porque tinha medo, pois ele a ameaçava. O tio da menina já teve passagens pelo sistema prisional capixaba. Em nota, a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) informou que ele ficou detido por quase sete anos, entre maio de 2011 e março de 2018, por tráfico de drogas.

Com agências

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