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Brasil

Ministério Público se opõe a pedido de prisão de aluna da USP

A investigação do caso foi conduzida pelo 16º DP, que concluiu o inquérito policial e a indiciou por apropriação indébita

FolhaPress

31/01/2023 14h32

Foto: Reprodução

O Ministério Público emitiu parecer contrário à prisão preventiva da estudante de medicina da USP Alicia Dudy Muller Veiga, 25, acusada de desviar quase R$ 1 milhão do fundo de formatura da sua turma.

A investigação do caso foi conduzida pelo 16º DP, que concluiu o inquérito policial e a indiciou por apropriação indébita. No entanto, na avaliação da Promotoria, a estudante cometeu o crime de estelionato. “Diferentemente do que ocorre na apropriação indébita, no estelionato a lei exige representação criminal dos ofendidos para oferecimento de denúncia contra a autora dos fatos”, afirmou o Ministério Público, em nota.

Por isso, foi determinado que o inquérito retorne à delegacia para que seja colhida a representação criminal das vítimas em defavor da averiguada. A medida, diz a MP-SP, visa discriminar “de forma individual o prejuízo suportado para cada uma delas”.

O pedido de prisão preventiva de Alicia havia sido contestado pela defesa que alegou em nota que fundamentos apresentados para o pedido são vagos. “Por ser medida excepcional, somente é decretável em casos de extrema necessidade”, escreve o advogado Sergio Stocco Giolo.

Em depoimento, a aluna afirmou que pretendia investir o valor, mas começou a perder o dinheiro por falta de conhecimento em finanças. Com isso, passou a jogar na loteria para tentar recuperar o montante.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, Alicia foi indiciada sob suspeita de apropriação indébita em nove ocasiões –isso porque ela obteve nove transferências do fundo de formatura para contas próprias de novembro de 2021 até dezembro de 2022.

Os repasses foram feitos pela empresa Ás Formaturas para três contas pessoais de Alicia, a pedido da estudante, que era presidente da comissão de formatura.

Cada transferência pode ser considerada um crime cuja pena máxima é de quatro anos de reclusão. Assim, ela poderia pegar uma pena de até 36 anos.

Durante operação de busca e apreensão na casa da formanda, os investigadores encontraram anotações de consultas com videntes e mãe de santo. Também foram apreendidos celulares, um veículo Volkswagen Nivus, um tablet, cartões bancários e diversos documentos. Todo o material é analisado pela autoridade policial para esclarecer os fatos, diz a SSP.

Atual presidente da comissão de formatura do curso de medicina da USP, Gabriela Cristina Sarti afirmou à Polícia Civil que a colega mudou a senha do email da comissão. Por isso, o grupo não sabia das quantias transferidas para a conta pessoal de Alicia.

Após a quebra de sigilo bancário, a polícia verificou que o padrão de vida de Alicia mudou no ano passado. Em 2021, ela tinha cerca de R$ 2.000 em gastos no cartão de crédito, que pularam para R$ 7.000.

Após investigação do Procon, a empresa organizadora da festa disse ao órgão que se comprometia em absorver o prejuízo de R$ 920 mil dos estudantes de medicina da USP e realizar o evento sem custo extra para os formandos.

Além de apropriação indébita, Alicia é investigada por suspeita de estelionato e lavagem de dinheiro pela polícia de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo). Essa investigação teve início após ela tentar apostar, sem pagar, um total de R$ 891 mil em bilhetes da Lotofácil.

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