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Metroviários aceitam oferta da madrugada do Metrô e greve termina em SP

Durante a madrugada, o Metrô apresentou ao sindicato uma proposta para o pagamento em abril de abono salarial no valor de R$ 2.000 e a instituição de PPR (Programa de Participação nos Resultados) de 2023, a ser pago em 2024

FolhaPress

24/03/2023 14h56

Foto: Agência Brasil

FRANCISCO LIMA NETO

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo realizou uma assembleia na manhã desta sexta-feira (24), e a categoria aceitou a proposta apresentada pelo Metrô durante a madrugada. Com isso, a greve que começou na quinta (23) foi encerrada.

Os metroviários devem voltar ao trabalho imediatamente, e a expectativa é que as estações reabram e a circulação volte ao normal ao longo do dia. A greve durou 34 horas e foi marcada por brigas entre o sindicato e o Metrô.

Foram 1.480 votos pelo fim da greve, segundo a direção do sindicato, contra 1.459 pela manutenção do movimento.

Durante a madrugada, o Metrô apresentou ao sindicato uma proposta para o pagamento em abril de abono salarial no valor de R$ 2.000 e a instituição de PPR (Programa de Participação nos Resultados) de 2023, a ser pago em 2024.

Segundo a presidente do sindicato, , foram mais de 3.000 votantes e a votação foi apertada.

“A votação foi extremamente apertada. A diferença foi de 21 votos. É necessário esse registro pois há uma indignação enorme da categoria e essa indignação é justa. Por causa das difíceis condições de trabalho, por causa de todo desrespeito que a categoria vem sofrendo nos últimos anos e por causa da mentira e da gasolina na fogueira que o governador Tarcísio jogou ontem sobre a liberação das catracas”, disse a presidente do sindicato, Camila Ribeiro Duarte Lisboa.

Narciso Fernandes Soares, vice-presidente, disse que a retomada da operação ainda vai demorar.

“Agora todo mundo vai voltar. A categoria começa a retornar agora, mas vai demorar um tempo para o metrô voltar a operar porque a turma precisa chegar aos postos de trabalho, significa ter condições de voltar a operar. Demora um tempo para voltar a funcionar, mas está encerrada a greve”, disse Soares.

O governo do estado informou que o Metrô vai retomar a operação em sua totalidade, com retorno de 100% do efetivo às atividades, após o Sindicato dos Metroviários aceitar a proposta da companhia para encerrar a greve. A companhia aguarda o retorno dos colaboradores às suas funções para normalizar completamente suas operações.

O Sindicato dos Metroviários afirma que a empresa pública deixa de pagar há três anos o abono salarial devido à categoria. Os funcionários pedem reposição do equivalente à participação nos lucros de 2020 a 2022. Antes de fazer a proposta aos funcionários nesta madrugada, o Metrô afirmou não ter dinheiro para pagar o abono salarial neste momento, alegando que a empresa teve quedas significativas de arrecadação devido à pandemia e ainda não teve o retorno total da demanda de passageiros.

A presidente do sindicato disse que não via uma possível melhora da proposta apresentada pelo Metrô.

“A gente acha a proposta muito ruim, um desrespeito com a categoria que trabalhou durante a pandemia, que está sofrendo nas estações com pouquíssimos funcionários. A gente merece muito mais do que isso”, discursou durante a assembleia.

Contudo, Lisboa defendeu que a proposta da companhia fosse aceita pelos trabalhadores.

“Estou defendendo a gente aceitar essa proposta, com todas as críticas que ela merece, mas para a gente sair por cima. Porque nós temos uma campanha salarial daqui a duas semanas. Vai começar um novo enfrentamento. A gente quer sim um reajuste na campanha salarial, a gente quer sim melhorar o nosso acordo coletivo e a gente já viu que vai enfrentar um governo duríssimo”, afirmou a presidente.

O vice-presidente do sindicato Narciso Fernandes Soares afirmou que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) mentiu durante a negociação.

“E não mentiu só na catraca. Mentiu quando falou que não tinha dinheiro para dar para os metroviários. Porque está dando essa merreca desses R$ 2.000, que os metroviários mereciam muito mais, mas mostrou que tinha dinheiro e a gente vai brigar para dar mais”, afirmou Soares.
Ele defendeu que o movimento sai fortalecido da greve e defendeu a aceitação da proposta patronal.

“A gente sai mais forte hoje do enfrentamento com Tarcísio. A categoria sai mais moralizada. Foi muito correto esse movimento. Acho que nesse momento é melhor recuar para sair de cabeça erguida e ter força para lutar na campanha salarial, ter força para lutar contra a privatização. Acho que é o melhor momento mesmo sendo essa proposta ruim. Por isso defendemos essa proposta”, defendeu.

As linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha do metrô e a linha 15-prata do monotrilho amanheceram paralisadas pelo segundo dia consecutivo nesta sexta-feira (24) em São Paulo e a partir das 6h45 começaram a funcionar parcialmente, de acordo com plano de contingência. Os trens das linhas 4-amarela e 5-lilás circulam normalmente.

ENTENDA A GREVE NO METRÔ DE SP

O que os metroviários pedem

  • Pagamento de abono salarial para repor o não pagamento das PRs (participação nos lucros) de 2020 a 2022
  • Revogação de demissões por aposentadoria especial
  • Revogação de desligamentos realizados em 2019
  • Fim das terceirizações e privatizações
  • Abertura imediata de concurso público para repor o quadro defasado de funcionários
    O que diz o Metrô
    Afirma não ter dinheiro para pagar o abono salarial neste momento, alegando que a empresa teve quedas significativas de arrecadação devido à pandemia e ainda não teve o retorno total da demanda de passageiros, se comparada a 2019
  • VAIVÉM SOBRE ABERTURA DAS CATRACAS
  • Na véspera da greve
  • Justiça rejeita liminar do Metrô e permite catraca livre em caso de greve
  • Sem acordo com empresa, metroviários anunciam greve
  • Metrô não divulga se vai liberar passageiros de graça
    No dia da greve
  • Metroviários entram em greve, com estações fechadas
  • Funcionários afirmam que voltariam ao trabalho com catracas livres
  • Metrô anuncia que aceita liberar catracas
  • Metroviários dizem que estão a postos para trabalhar, mas estado não libera passageiros
  • Gestão Tarcísio acusa funcionários de não terem voltado ao trabalho
  • Justiça revê decisão e manda metroviários garantirem 80% do serviço durante a greve
  • Funcionários dizem que não vão voltar ao trabalho sem catraca livre
    7.200
    metroviários compõem o quadro. Desse total, 3.800 são funcionários diretamente ligados à operação dos trens, sendo que cerca de 700 trabalham ao mesmo tempo nas quatro linhas
    3 milhões
    é o número atual de passageiros do sistema por dia, segundo o Metrô. Antes da pandemia, a média ficava entre 3,8 milhões e 4 milhões de passageiros

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