Um idoso de 74 anos foi resgatado após passar 11 anos em cárcere privado no município de Imperatriz, no Maranhão. A vítima estava a três dias sem comer e sem beber quando foi encontrada pelos policiais militares e uma equipe de assistentes sociais neste sábado (5).
A Prefeitura de Imperatriz informou em nota nesta segunda-feira, que o idoso vivia acamado e estava debilitado, com fome e com sede, em um “ambiente totalmente insalubre”. A polícia, junto a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Sedes) de Imperatriz, fizeram o resgate após uma denúncia anônima que informou sobre as condições do idoso.
Para realizar o resgate, a polícia teve de saltar o muro da residência onde a vítima se encontrava. O idoso não respondeu os contatos verbais feitos pelas equipes do lado de fora. Além disso, a porta estava trancada.
De acordo com a Prefeitura, o idoso vivia enclausurado e em situação de abandono, onde sofria maus-tratos. Também foi informado que o homem era vítima de violência financeira por parte de um sobrinho, que vivia na mesma casa, mas não se encontrava no local no momento da abordagem.
O tenente Anderson Arraes, da PM, participou do socorro e foi um dos primeiros a ter contato com a vítima de maus-tratos. Segundo ele, o idoso pediu para lavar o rosto “pois não tomava banho há dias”.
“O que vi quando pus os pés naquele recinto me deixou sem ar, um senhor extremamente magro e assustado, despojado de vestes e carcomido pela fome sobre um colchão pútrido com forte odor de urina e fezes e ratos embaixo da cama”, revelou.
Para não assustar o idoso, o tenente falou que teve de tomar bastante cuidado para não assustá-lo. “Aquele senhor não consegue andar, muito menos defender-se da maldade humana e partiu-me o coração quando ele me disse que estava ali apenas esperando a morte, pois não era mais um ser humano”, lamentou.
O idoso foi atendido pela equipe de policiais e assistentes sociais que alimentaram e hidrataram a vítima com ajuda de vizinhos, ainda na casa. Logo após o pré-atendimento, ele foi encaminhado ao Hospital Municipal de Imperatriz (HMI), onde recebeu atendimento médico e passou por exames. Depois seguiu para um abrigo.
Maria Cleia Pereira, uma das assistentes sociais que prestou o atendimento contou que perguntou a vítima quando tinha sido a última vez que ele havia recebido carinho e ele informou que não se lembrava. “Prontamente o abracei bem forte, ele chorou e eu fiquei muito emocionada e feliz em saber que a partir dali, a vida dele iria mudar”, relata.
Como denunciar
Para denunciar casos de maus-tratos, é preciso entrar em contato com a polícia através do número 190 ou para a abordagem social da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes). É garantido o sigilo na denúncia.