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Brasil

Estudo da FGV constata que qualidade do ar nas escolas brasileiras pode prejudicar desempenho de alunos no Enem

Trabalho foi realizado entre os anos 2000 e 2020 entre alunos matriculados no ensino médio de 25.390 escolas de todo o país

Redação Jornal de Brasília

09/01/2024 12h21

Quando se fala em ambiente escolar, a principal preocupação é com a qualidade do ensino, os materiais escolares utilizados, a infraestrutura das salas de aula e, principalmente, o conteúdo oferecido pelos professores aos alunos. Mas uma pesquisa inédita da Fundação Getúlio Vargas (FVG) constatou que o ar observado nas escolas também pode ser considerado um fator importante para a queda da aprendizagem dos estudantes. E, em consequência, prejudicial para a aprovação deles no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O trabalho da FGV foi realizado entre os anos 2000 e 2020 e abrangeu alunos matriculados no ensino médio em 25.390 escolas de todo o país. Para calcular as taxas de poluição, os pesquisadores utilizaram dados de satélite da Nasa. A constatação foi de que o ar que alunos e professores respiram dentro das salas de aula é poluído. E como consequência os alunos, na média, podem ter tido baixa de desempenho de até 76 pontos nos resultados de seus exames no Enem.

“Constatamos uma média da poluição do ar por material particulado de 9,5 microgramas por m³ (9,5 ?g/m³) ao redor das escolas, que infiltrou nas salas de aula. Esse valor é quase o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 5?g/m³”, afirmou o professor da FGV Brasília Weeberb Réquia, que liderou a pesquisa.

Segundo técnicos, o trabalho foi apresentado ao Ministério da Educação, governos estaduais e prefeituras para observação e avaliação de futuras políticas públicas a serem formuladas em relação ao tema. Além disso, tramita no Congresso, desde 2021, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), que inclui entre os direitos fundamentais, a qualidade do ar, inclusive em ambientes internos públicos e privados de uso coletivo.

Para diretor do Qualindoor – Departamento Nacional de Qualidade de Ar Interno da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) Henrique Cury (também CEO da Ecoquest), “o Brasil já dispõe de tecnologia acessível e que a qualidade do ar interno é uma questão de saúde pública”. Ou seja, o país tem tudo para superar esta deficiência. A comunidade educacional torce, entretanto, para que a pesquisa seja levada em conta no estudo de novas medidas para melhoria da qualidade do ensino nas escolas.

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