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Brasil

Chuva dá trégua, mas Guaíba mantém nível recorde e levará dias para baixar

Desde a semana passada, o Guaíba ultrapassou o recorde da maior cheia registrada até então -o nível de 4,76 metros, em 1941

Redação Jornal de Brasília

06/05/2024 14h25

Foto: Agência Brasil

Luana Takahashi e Stella Borges
São Paulo, SP (UOL/Folhapress)

Apesar da trégua nas chuvas no Rio Grande do Sul, o Guaíba continua com nível elevado; 83 mortes já foram confirmadas após uma semana de chuvas incessantes.

O nível do Guaíba estava em 5,26 metros, às 11h desta segunda-feira (6), atualização mais recente. Desde a semana passada, o Guaíba ultrapassou o recorde da maior cheia registrada até então -o nível de 4,76 metros, em 1941, quando inundou grande parte do centro da capital gaúcha. O limite para inundações é de 3 metros, uma referência que indica possíveis danos aos municípios.

A cheia que inunda Porto Alegre ainda levará dias para retornar a patamares seguros. ”No Guaíba, teremos uma retenção durante toda a semana, vai variar de 5,3 m a 5,5 m, mas com estabilidade”, explicou o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, em entrevista à GloboNews.

Governo federal reconheceu estado de calamidade pública em 336 municípios, entre elas a capital gaúcha. Com a decisão, os municípios podem ter acesso a recursos federais de forma facilitada. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União. Ao todo, o Rio Grande do Sul tem 497 municípios, sendo 364 afetados.

Prefeito da capital aconselha pessoas a irem para cidades litorâneas. Sebastião Melo (MDB) sugeriu que moradores que tenham casa no litoral deixem a capital em direção às praias, que não foram tão afetadas pelas chuvas quanto a região central do estado.
As 83 mortes ocorreram em 38 municípios. Outros quatro óbitos estão sendo investigados sob suspeita de relação com os eventos meteorológicos. 111 pessoas estão desaparecidas, 291 ficaram feridas, 129.279 estão desalojadas e, no total, 873.275 foram afetadas. Vídeos mostram como ficaram cidades gaúchas após as enchentes sem precedentes.

Agentes da Força Nacional chegam ao RS. Foram encaminhados 117 agentes: 41 são policiais militares, 60 bombeiros e 16 policiais civis e peritos, conforme o Ministério da Justiça. O UOL apurou que o novo contingente é formado por militares do Distrito Federal, Rio de Janeiro e Paraná.

Grupo vai atuar em duas cidades. Metade vai para Canoas e outra para São Leopoldo, ambas na região metropolitana de Porto Alegre.

Previsão de onda de frio

Previsão é de uma janela de bom tempo em maior parte do estado até amanhã, o que é considerado uma “boa notícia”. Segundo o Comando Militar do Sul, deve haver chuvas nesta segunda-feira (6), no extremo sul do estado. As forças de segurança aceleraram trabalhos diante deste cenário.

O que preocupa, no entanto, é a previsão de queda de temperatura na quarta-feira (8). Em algumas regiões, os termômetros podem marcar 10ºC, o que agravará situações de hipotermia entre pessoas que necessitam de resgate.

As cidades de Roca Sales e Arroio do Meio estão ilhadas. Os dois municípios do Vale do Taquari estão sem águas e alimentos. Não há acesso por terra às duas cidades. A Força Aérea Brasileira começou a usar um tipo de drone para ajudar a localizar e a identificar as pessoas que estão isoladas em áreas de risco.

Companhias aéreas cancelaram todos os voos para Porto Alegre até sexta (10). A Fraport, concessionária que administra o aeroporto Salgado Filho, suspendeu as operações por tempo indeterminado. No sábado (4), pista e pátios do terminal aéreo ficaram alagados por causa do temporal.

Falta água para 884.802 clientes e luz em 435.252 mil pontos. As operadores Tim, Vivo e Claro informaram que estão sem serviços de telefonia e internet em 32, 40 e 24 municípios, respectivamente.

Associações não veem risco de desabastecimento de produtos. As chuvas levaram a uma corrida para a compra de itens essenciais como papel higiênico e água, assim como a busca por combustíveis para reabastecer veículos. Embora admitam certa dificuldade em repor produtos em todas as regiões, entidades que representam as empresas avaliam que não há desabastecimento.

Governo quer aprovar MP para liberar dinheiro

Expectativa é que a Medida Provisória seja aprovada até quarta-feira (8). “Precisamos aprovar medida legislativa que excepcionalize, para o dinheiro chegar mais rápido. Porque se for cumprir o prazo normal, fica complicado”, afirmou o ministro-chefe da Secom da Presidência, Paulo Pimenta.

Ministro diz que é preciso quase R$ 1 bilhão só para recuperar estradas. “São necessárias informações que precisam ser levantadas por estados e municípios. Eu posso dizer que, só de estradas, o Renan Filho (ministro dos Transportes) já levantou um dado de quase R$ 1 bilhão. Se for ver os dados de cidades, são bem significativos”, disse Waldez Góes, do Desenvolvimento Regional, à Globonews.

Lula fez segunda visita ao estado no domingo (5) e disse que burocracia não impedirá ajuda. A fala do presidente ocorreu depois de o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), reclamar da dívida pública do Estado com a União.

Petista também cobrou plano de prevenção de tragédias. Segundo ele, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, está incumbida de apresentar essa medida. “É preciso que a gente pare de correr atrás da desgraça. É preciso que a gente veja com antecedência o que pode acontecer de desgraça”, discursou ele.

Estado precisa de cobertores; saiba como ajudar

O estado do Rio Grande do Sul organizou a página SOS Rio Grande do Sul para receber doações. Existe uma preferência por envio de Pix. Há o compromisso de destinar o total dos recursos à ajuda humanitária.

Alguns itens específicos são necessários. São eles: colchões, roupa de cama e banho e cobertores higienizados.

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